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Rafinha brigará na Fifa para ser alemão. Em caso recente, brasileiro perdeu

MOWA PRESS
Imagem: MOWA PRESS

Danilo Lavieri e Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

23/09/2015 12h57

Não vai ser fácil para Rafinha jogar pela Alemanha. E o problema vai além da vontade de o técnico Joachim Löw convocá-lo. O lateral direito já deixou bem claro sua intenção, tem estudado bastante para fazer a prova de naturalização no país em que está há 11 anos, mas há barreiras jurídicas impostas pela Fifa para que o processo saia do papel.

O detalhe é que ele disputou o mundial sub-20 em 2005, pela seleção brasileira. Para que o jogador pudesse defender a atual campeã do mundo, ele precisaria já ter sua dupla nacionalidade quando representou o Brasil nas categorias de base. É o que diz a alínea de número 1, do artigo 8 do Anexo III dos Estatutos da Fifa.

Neste caso, apesar de o sub-20 não ser uma competição oficial, de nível A, como são Copa do Mundo e Eliminatórias, ele pode ser considerado a primeira aparição parcial ou completa em uma partida internacional. Ele também atuou em amistosos. 

“Se ele tivesse atuado por competições oficiais, não haveria discussão. Ele não poderia. Neste caso, poderia ter a discussão caso ele já tivesse a naturalização quando defendeu a seleção sub-20. E, como não é o caso, entendo que não há chance. Ele precisaria já ter a nacionalidade alemã na época em que jogou o mundial”, disse o especialista em direito esportivo, Eduardo Carlezzo.

Federação Alemã precisará agir

Marcos Motta, outro especialista em direito desportivo, tem interpretação parecida do caso e diz que a Federação Alemã de Futebol precisará intervir caso queira ter Rafinha. Curiosamente, o advogado já trabalhou ao lado de Rafinha quando o atleta brigou com o Schalcke 04 para jogar as Olimpíadas de 2008 pelo Brasil. 

Não é obrigação da equipe liberar seus jogadores para competições organizadas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Na época, Rafinha deixou seu clube enfurecido. Kaká e Robinho, por exemplo, não compraram briga. O técnico era Dunga.

“O sub-20 não é considerado uma competição de nível A pela Fifa. Tampouco a Olimpíada e amistosos. A questão é da nacionalidade. Se ele já tivesse dupla nacionalidade quando atuou pelo Brasil, ele poderia se naturalizar. Em todo caso, quem faz o requerimento precisaria ser a federação interessada na troca, neste caso, a Federação Alemã”, explicou.

Recentemente, Joachim Löw, técnico da Alemanha, disse que não pensava na convocação de Rafinha, muito embora a imprensa local e até os jogadores tenha manifestado apoio à situação. A CBF, por sua vez, acha difícil que o jogador tenha sucesso. 

Caso recente joga contra Rafinha

Recentemente, o volante Fernando, que na época jogava pelo Porto, tentou a naturalização para defender a seleção portuguesa. Justamente por ter disputado o sub-20 em 2007, pela seleção brasileira, ele foi vetado de fazer a troca. Na época da competição, ele não tinha a dupla nacionalidade.

“O passado recente nos mostra que dificilmente Rafinha vai ter sucesso. É só ver o caso de Fernando, que tentou virar português e não conseguiu”, analisou Carlezzo.

Qatar força Fifa a mudar legislação

A Fifa mudou recentemente o procedimento de naturalização de jogadores para evitar que seleções consigam atuar apenas com atletas “importados”. Recentemente, o Qatar iniciou um processo que foi vetado pela Fifa.

“A Fifa faz isso para evitar que jogadores consigam ser “comprados” por seleções. Há um tempo, muitos brasileiros e africanos começaram a solicitar naturalização no Oriente, especialmente no Qatar. Por isso eles mudaram, para transformar restringir essa prática”, explicou Marcos Motta.