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Até o Barcelona defende o fim da 'espanholização' na divisão de cotas de TV

Flamengo e Corinthians concentram as maiores verbas de cota de televisão no Brasil - Gilvan de Souza/Flamengo
Flamengo e Corinthians concentram as maiores verbas de cota de televisão no Brasil Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/09/2015 06h00

Principal fonte de receita dos clubes em todo o mundo, as cotas de direitos de transmissão são assuntos recorrentes no debate sobre os rumos de futebol. E curiosamente, até quem se beneficia na divisão da verba de TV já começa a defender que tal distribuição seja repensada.

Principal beneficiado no futebol espanhol – ao lado do Real Madrid – e citado de maneira recorrente como exemplo da polarização criticada até por clubes brasileiros que reivindicam uma nova distribuição, o Barcelona entende que o modelo atual precisa ser modificado.

“Está claro para nós que as coisas não estão ocorrendo da melhor maneira. Os clubes menores estão quase acabando, não têm qualquer poder de compra, não conseguem se reforçar e crescer. Isso prejudica o campeonato. Lá na frente, pode nos atrapalhar. Um campeonato fraco passa a valer menos. Precisamos estudar. Barcelona e [Real] Madrid, pelas marcas que têm, devem receber mais. Mas essa diferença precisa diminuir”, comentou o diretor comercial e de marketing do clube catalão, Laurent Colette.

E a diferença citada pelo dirigente realmente assusta. Enquanto Barcelona e Real embolsam mais de 140 milhões de euros por temporada das TVs, o terceiro clube que mais lucra recebe aproximadamente 90 milhões de euros a menos – cerca de 50 milhões de euros por ano.

“Acho que essa ideia de repensar a distribuição vale para o mundo todo. E para o Brasil também. Precisa ser algo dentro da proporcionalidade das marcas, mas justo. Não adianta ter dois ou três clubes dominando”, completou Laurent Colette.

No Brasil, a diferença é menor, com Corinthians e Flamengo dominando pouco menos de 20% da verba total distribuída pela TV Globo. Ainda assim, a “espanholização” é questionada por rivais, que endossam o discurso do dirigente catalão e pedem uma nova divisão.

A ideia do cartola especializado em receitas é que as distribuições repitam algo como o que ocorre na Inglaterra. Enquanto Liverpool, Manchester City, United, Arsenal, Chelsea e Tottenham ficam com cerca de 115 milhões de euros cada, os últimos do “ranking” não ficam com menos de 75 milhões de euros.

No Brasil, atualmente, Corinthians e Flamengo ficam com cerca de R$ 110 milhões por ano cada, enquanto São Paulo, Palmeiras e Vasco recebem entre 70 e 80 milhões. A partir de 2016, o contrato que valerá até 2018 aumentará a criticada “espanholização”, pagando R$ 170 milhões aos dois primeiros e cerca de R$ 100 milhões aos outros citados.