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No Brasil, Digão era um zagueiro do Fluminense. Na Arábia, ele é popstar!

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/10/2015 06h00

Rodrigo Junior Paula Silva deixou o Fluminense em 2013 rumo à Arábia Saudita. Sem chamar tanta atenção no Brasil, ele não esperava o que teria pela frente. Contratado pelo Al Hilal, time da família real, o zagueiro teve bom desempenho e se transformou em ídolo local. O Rei Salman é fã do jogador e lhe deu um Rolex de presente. Tal idolatria não se restringe apenas à Casa Real. O defensor foi até perseguido por um soldado que queria apenas tirar uma foto. Não resta dúvida: Digão virou ‘sheik’ no famoso Mundo Árabe.

“Dizem que sou ídolo [risos]. É legal isso tudo. O carinho deles é bem bacana. São fanáticos demais. Levam a sério mesmo. E meu time, por ser o time de maior torcida e da família real, a cobrança é grande”, disse o jogador em entrevista ao UOL Esporte. “Eles estão sempre no clube. Quando time está mal eles cobram, mas quando está bem eles te dão de tudo. Ganhei um Rolex que uso sempre”, completou Digão.

E a idolatria dos árabes por Digão gerou até mesmo uma situação diferente, por assim dizer. Daquelas cenas em que se vê nos filmes de ação nos cinemas. Menos mal para o zagueiro que não era nada do que ele pensou incialmente. 

“Tem cada história que passei aqui [risos]. Nada se compara ao dia que um soldado me seguiu de carro até a porta da minha casa. Fiquei meio assim e acelerei o carro. Chegando perto de casa ele encostou do lado e disse que só queria uma foto. Aí eu parei e desci do carro [risos]”, se diverte. “Teve também um cara árabe com a camisa do Corinthians e com número 26. Escrito Digão. Perguntei e ele disse que gostava de mim e do Corinthians. Ai dei uma camisa minha pra ele”, comenta orgulhoso.

Porém, para chegar a esse ponto, Digão teve que se adaptar à cultura de um país completamente diferente do Brasil. Ele não teve a mesma dificuldade de outros brasileiros, mas teve que encarar algumas situações inusitadas. Como, por exemplo, quando foi barrado na entrada de um shopping.

“Teve isso mesmo. Minha esposa ainda não tinha chegado e resolvi dar uma volta para conhecer a cidade. Na hora de entrar no shopping fui barrado pelo segurança. Só porque estava de short. Solteiro só pode entrar de calça e eu não sabia [risos]”, explica aos risos.

“Mas é um país completamente diferente do nosso. Cultura, clima, alimentação, costumes, língua e etc.. A experiência está sendo maravilhosa, aprendendo muito a cada dia. E isso vou levar pro resto da minha vida”, completou.

E muito dessa rápida adaptação se deve a Thiago Neves. O ex-companheiro de Fluminense atuava pelo mesmo time de Digão até o mês passado, quando o apoiador se transferiu para o  Al-Jazira, equipe do técnico Abel Braga.

“Ele me ajudou bastante no início e óbvio que faz falta pela qualidade que tem e fora de campo também pela liderança que tinha no clube. Mas os brasileiros [Carlos Eduardo e Ailton Almeida] que chegaram estão correspondendo à altura. Eu já conhecia o Thiago da época do Flu e a resenha era forte [risos]. Mas a galera que chegou entrosou rápido e a resenha está fluindo também”, afirmou.

Em Riyadh, na Arábia Saudita, Digão vive uma vida tranquila ao lado da mulher e filha. “A vida aqui é muita tranquila por se tratar de um país muito fechado por conta da religião. Então quando tenho uma folga de dois ou três dias vou sempre pra Dubai ou Bahrein que são países vizinhos. Aqui na Arábia é mais shopping, restaurantes... Enfim, vida mais tranquila”, explicou.

A vida “mais tranquila” e de ídolo faz com que Digão não tenha dúvida. “Não quero voltar. Muito pelo contrário! Não penso em voltar tão cedo. Nada é fácil mas se tiver um objetivo as coisas dão certo”, finalizou.