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Sem saber se Osório fica, São Paulo ainda nem pensou em possível sucessor

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

02/10/2015 06h00

Se confirmada, a saída de Juan Carlos Osorio deverá desencadear um novo longo processo de sucessão no São Paulo. Depois de ter demorado quase dois meses e esbarrado em negociações com quatro outros candidatos para definir o substituto de Muricy Ramalho, a diretoria são-paulina hoje não tem nomes que considera possíveis para assumirem o lugar de Osorio. E isso preocupa os dirigentes.

A saída de Juan Carlos Osorio, no primeiro momento, faria com que o São Paulo recorresse mais uma vez ao coordenador técnico Milton Cruz como interino. A avaliação do período em que atuou entre a saída de Muricy e a chegada de Osorio é positiva. Se Milton aceitar, é possível que fique até o fim de 2015, se o cenário sem Osorio se concretizar.

As opções no mercado são poucas. A primeira lembrada por parte da cúpula do São Paulo é Cuca, atualmente no Shandong Luneng, da China. Sua multa rescisória e seu salário de R$ 1 milhão mensais, no entanto, são incompatíveis com a delicada realidade financeira do São Paulo neste momento. Outra parte da diretoria tricolor lembra do português José Peseiro, que disputou com Osorio o cargo de técnico dias antes do presidente Carlos Miguel Aidar decidir pelo colombiano.

Segundo membros da diretoria, na ocasião, Aidar baseou a decisão também pela pedida financeira: Osorio fechou por R$ 250 mil mensais enquanto Peseiro pediu R$ 500 mil. O português teve duas reuniões na capital paulista com a diretoria do clube e impressionou pelo conhecimento acadêmico. Peseiro permanece sem clube e está livre no mercado.

Antes de Osorio ou Peseiro, a diretoria do São Paulo negociou com quatro nomes: Alejandro Sabella, Jorge Sampaoli, Vanderlei Luxemburgo e Abel Braga. Sabella demorou a responder o convite e foi descartado por Aidar; Sampaoli recebeu o Aidar e o vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro em Santiago, no Chile, e depois se irritou com o vazamento de notícias que ele pediu que ficassem retidas; Luxemburgo, então no Flamengo, recusou; Abel Braga chegou a aceitar convite de Gil Guerreiro, mas depois foi descartado por Aidar. O presidente são-paulino ainda pensou, na época, em Doriva, mas não foi aberta negociação.

Osorio tem uma proposta da seleção do México e admite publicamente a chance de deixar o São Paulo. A pessoas próximas, afirmou que gostaria de ficar no clube pelo menos até o fim do ano, pois se entusiasma com a possibilidade de conquistar a Copa do Brasil, mas também indicou que não pode perder a chance que tem agora de assumir uma seleção de qualidade para a Copa do Mundo de 2018.

A preocupação do São Paulo acontece porque Osorio deve definir o futuro até o próximo domingo. O clube tomou conhecimento da indecisão de Osorio e sabe que o jogo contra o Atlético-PR, neste sábado, pode ser o último do treinador.

Nos últimos dias Ataíde Gil Guerreiro afirmou que havia uma incompatibilidade entre os discursos de Osorio dentro do clube, privados, e os discursos públicos, para a imprensa. O dirigente afirmou que ouvia do treinador, em conversas internas, que não havia chance de sair enquanto, na imprensa, Osorio afirmava que tinha proposta do México e sonhava com Copa do Mundo. Segundo pessoas próximas a Osorio, Ataíde na verdade não ouviu garantia de permanência de Osorio e usou as palavras ditas na imprensa como cartada final para fazê-lo permanecer no Morumbi.