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Milton Cruz se candidata a interino do SP e descarta México com Osorio

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

06/10/2015 06h00

O coordenador técnico do São Paulo, Milton Cruz, que afirmou à TV mexicana Univisión na última segunda-feira que o técnico Juan Carlos Osorio de fato trocará o clube pela seleção do México, expôs internamente que pretende permanecer no Morumbi e se dispôs a ser treinador interino até o final do ano. Segundo apurou o UOL Esporte, Milton Cruz disse a Osorio que não tem interesse de segui-lo na seleção mexicana e comunicou a permanência à diretoria.

Milton Cruz aceitaria eventual convite da diretoria do São Paulo para ser técnico interino até o fim de 2015, e a hipótese não está descartada. A diretoria tricolor tem avaliação positiva do trabalho do coordenador durante dois meses à frente da equipe entre a saída de Muricy Ramalho e a chegada de Osorio, mesmo com as eliminações na Copa Libertadores e no Paulistão.

Não houve convite formal da Federação Mexicana de Futebol a Milton Cruz, mas Juan Carlos Osorio consultou o amigo que fez em quatro meses no Brasil sobre a possibilidade de integrar a comissão técnica da seleção nacional. O coordenador técnico é a pessoa mais próxima do técnico colombiano desde sua chegada ao São Paulo, elogiado desde sempre e braço-direito no comando do time. Na segunda-feira, porém, Milton informou Osorio que não teria interesse. 

Além do desejo não tão claro de Milton Cruz de um dia se tornar treinador, o coordenador técnico avaliou que não deveria abrir mão do vínculo com o São Paulo, contratual e emocional. Ele está prestes a completar 22 anos de clube e teria de abrir mão de valor financeiro significativo se pedisse um acordo na demissão. Além disso, não está convencido de que o melhor seria deixar o clube para ser assistente técnico uma vez que já recebeu diversas ofertas para ser treinador de times de dentro e de fora do Brasil, em mercados internacionais de menor expressão.

A entrevista em que Milton Cruz confirmou a saída de Osorio para o México gerou incômodo no São Paulo. A diretoria diz não ter recebido ainda qualquer comunicado do treinador. O presidente Carlos Miguel Aidar disse à reportagem na noite de segunda-feira que Osorio "disse nada" até então. O departamento de comunicação do clube afirmou que não tem conhecimento das informações expostas pelo coordenador técnico.

Osorio falou no último sábado, em pronunciamento no Morumbi depois de vencer o Atlético-PR, que passava por "tortura" psicológica em meio ao dilema entre ficar no São Paulo ou sair para o México. Tentou negociar com a seleção a possibilidade de se transferir somente no fim do ano, depois de terminar a Copa do Brasil pelo clube, perspectiva que, segundo Milton Cruz, foi recusada. Dessa forma, o treinador colombiano deverá entregar até quarta-feira seu pedido de demissão - o contrato de Osorio, válido até o fim de 2016, não tem multa rescisória e por isso não necessita de indenização financeira para ser quebrado.

O São Paulo diz já estar preparado para a sucessão de Osorio, mas, segundo informado pela cúpula à reportagem, ainda não há nome definido. O nome que ganha mais força é o do uruguaio Diego Aguirre, ex-Internacional. Além dele, Milton Mendez, ex-Atlético-PR, Doriva, atualmente na Ponte Preta, e o português José Peseiro, que disputou o cargo com Osorio em maio e que tem interesse em assumir o São Paulo agora, são outros comentados internamente. Segundo dirigentes, a sucessão de Osorio vem causando atritos entre Carlos Miguel Aidar e o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro.