Topo

Oposição tenta barrar nova diretoria para provocar renúncia de Aidar

Aidar perdeu apoio de um dos principais grupos da base aliada - Ricardo Nogueira/Folhapress
Aidar perdeu apoio de um dos principais grupos da base aliada Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Guilherme Palenzuela e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

06/10/2015 18h55

Diferentes alas de oposição do São Paulo, entre elas a do ex-presidente Juvenal Juvêncio e a do ex-superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha, adversárias na última eleição presidencial, uniram objetivos nesta terça-feira para articular a renúncia de Carlos Miguel Aidar da presidência do clube. Os oposicionistas não confirmam, mas tentam barrar a reconstrução da diretoria depois de três vice-presidentes entregarem os cargos e diversos diretores renunciarem.

Membros de diferentes partidos políticos ouvidos pelo UOL Esporte afirmaram que esperam que Aidar faça uso da reconstrução da diretoria para oferecer cargos e ganhar tempo. A articulação política da oposição, agora, é no sentido de fazer com que os convidados não aceitem o convite, isolar o presidente e tentar forçar a renúncia.

"Acho que a única solução para o São Paulo é uma renúncia do Aidar. Não tem condições de continuar. Se voltar a dar condições para ele, ele vai fazer as mesmas besteiras que ele vem fazendo. Carlos Miguel já está fazendo uma outra manobra. Percebeu que os diretores estavam saindo, entregando renúncia, e ele reverteu e pediu que todos entreguem os cargos", falou o ex-vice-presidente Roberto Natel, braço direito de Juvenal Juvêncio, ao UOL Esporte.

Derrotado na última eleição presidencial ao apoiar Kalil Rocha Abdalla, Marco Aurélio Cunha, hoje coordenador de futebol feminino da CBF já trata a renúncia de Aidar como realidade: "Essa gestão acabou hoje. Agora é uma questão de como vai ser a saída", disse.

Quase todos os grupos políticos do São Paulo se reuniram durante a tarde desta terça-feira. Integrantes de diferentes partidos que formam a base aliada de Aidar pediram que os grupos retirem o apoio ao presidente - tal movimento havia sido iniciado depois da última reunião do conselho deliberativo, que teve suspeitas levantadas pelo empresário Abilio Diniz sobre a contratação de Rodrigo Caio, o destinamento da receita obtida na venda de Gabriel Boschilia e sobre a impressão negativa do clube no mercado empresarial. Diniz ainda afirmou que o caso Iago Maidana é o "batom na cueca" do São Paulo.

No início da tarde desta quarta-feira, os mais importantes dirigentes do São Paulo começaram a articular entrega de cargos com a possibilidade de demissão em massa, motivados pelo episódio da briga que causou a exoneração do vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro. Posteriormente, Aidar emitiu nota oficial na qual pediu a demissão de toda a diretoria para a reconstrução de uma nova cúpula - a assessoria do presidente nega que o movimento foi posterior.

Na última reunião do conselho deliberativo, a oposição são-paulina sugeriu uma moção de desconfiança contra a gestão Aidar e colheu a assinatura de 62 conselheiros - de um total de 240 - no documento, que para ser votado precisa ser colocado em pauta de reunião extraordinária, na qual será necessário ter quórum de 75% da casa e aprovação por maioria simples. Neste momento, a oposição afirma ter 67 assinaturas contra Aidar, mas já vê a articulação política para despovoar a nova diretoria como caminho mais curto para a renúncia.

Grupo de Ataíde Gil Guerreiro retira apoio a Aidar

O grupo Legião, do qual o ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro faz parte, retirou na tarde desta terça-feira o apoio ao presidente Carlos Miguel Aidar. A carta, assinada por 19 conselheiros, foi protocolada na presidência do clube, no Morumbi. Com isso, Aidar perde o apoio de um dos principais grupos que faziam parte da composição da base aliada. 

O documento só não teve assinatura de três conselheiros, após reunião: do próprio Ataíde Gil Guerreiro, que está fora de São Paulo após o episódio que causou sua exoneração, e de Reinaldo de Barros e Anselmo Cagnin, por problemas de saúde.  

Confira a nota oficial emitida por Aidar:

"Informo que, no dia de hoje, solicitei a todos os diretores que apresentassem um pedido coletivo de demissão. Essa atitude permitirá uma recomposição da Diretoria, baseada em conversas com todos os grupos políticos do SPFC e com o objetivo maior de PACIFICAÇÃO. Chega de disputas políticas internas que nada acrescentam na vida do nosso clube. É hora de todos nós, são-paulinos, nos unirmos para o bem da instituição São Paulo F. C.

Nesta data, recebi também, aqui em minha sala, a visita do Sr. Juan Carlos Osorio, que confirmou estar deixando a direção técnica do nosso time para dirigir a Seleção do México durante as eliminatórias para a próxima Copa do Mundo, um desejo que ele alimentava há muito tempo. Lamento profundamente essa decisão de Osorio, já que vinha desenvolvendo um bom trabalho. Desejo-lhe boa sorte.

Nos próximos dias anunciarei os nomes dos novos diretores, bem como do novo técnico. Até lá, não voltarei a me pronunciar publicamente sobre os assuntos aqui tratados.

Carlos Miguel C. Aidar"