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Principal grupo de aliados rompe e isola Aidar, perto da renúncia

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Imagem: ESPN

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

10/10/2015 22h50Atualizada em 11/10/2015 09h22

O grupo Participação, do vice-presidente do São Paulo Julio Casares, principal partido da base aliada de Carlos Miguel Aidar, anunciou ruptura com o presidente na noite deste sábado e tornou praticamente impossível a sustentação da gestão e reconstrução da nova diretoria. Segundo apurou o UOL Esporte, o grupo, composto por 22 conselheiros, sendo oito membros da última diretoria - entre vice-presidentes e diretores -, tomou a decisão em reunião marcada às pressas e comunicou a ruptura a Aidar. O presidente deverá anunciar a renúncia até a manhã de terça-feira

Além de Julio Casares, são membros do Participação o vice-presidente financeiro Osvaldo Vieira de Abreu, o diretor administrativo José Alberto Rodrigues dos Santos, o diretor de comunicações Ricardo Granja, o diretor da ouvidoria Antônio Luiz Belardo, o diretor de futebol amador Luiz Antonio da Cunha, o diretor de planejamento Marcos Francisco de Almeida e o diretor de infraestrutura Mario Jorge Ramon Quezada. Todos eles faziam parte da diretoria até terça-feira, quando alguns dirigentes começaram a entregar cargos, movimento que resultou no pedido de Aidar para que todos os dirigentes pedissem demissão coletiva. 

O racha com o Participação dificulta até a recomposição da nova diretoria. Restam na base de apoio de Aidar o Movimento São Paulo (MSP), partido liderado pelos vice-presidente social Antonio Donizeti Gonçaves, o Dedé, e o vice-presidente de marketing, Douglas Schwartzmann, além de conselheiros dissidentes do Clube da Fé, partido do ex-superintendente Marco Aurélio Cunha, que fez oposição a Aidar na eleição de abril de 2014. 

Carlos Miguel Aidar deve entregar até a manhã de terça-feira (13) a carta de renúncia à presidência do São Paulo. Aconselhado pela família e pressionado pelos sócios de seu escritório de advocacia, Aidar está propenso a desistir da presidência para não enfrentar um processo de impeachment e sinalizou ao conselho deliberativo na noite de sexta-feira (9), por meio de um intermediário, que deve oficializar a decisão na manhã de terça (13)

A renúncia só será oficial quando Aidar entregar a carta a Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do conselho deliberativo. Leco avalia que não há mais chance de continuidade para Aidar: "A governabilidade dele está altamente comprometida e quase impossibilitada", disse, à Rádio Globo. Caberá a Leco, então, convocar nova eleição presidencial dentro de 30 dias, e ele próprio já é o favorito para suceder Aidar até o fim do mandato, que se encerra em abril de 2017.

Leco aceita concorrer à presidência, já tem o apoio de figuras políticas importantes do São Paulo e deverá ser candidato único. O ex-vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro, o ex-superintendente de futebol e opositor de Aidar Marco Aurélio Cunha e o grupo de Juvenal Juvêncio são alguns que já manifestaram apoio.

Gil Guerreiro foi exonerado após briga com Aidar na última segunda-feira e pivô da ameaça de impeachment após enviar ao presidente um e-mail, revelado pelo UOL Esporte, no qual indica que houve desvio de dinheiro e lesão aos cofres do clube e diz ter uma gravação em que Aidar descreve como desviaria comissão na contratação de um jogador da Portuguesa, além de comentários sobre a tentativa de comissionar a TML, empresa de sua namorada, Cinira Maturana da Silva, no contrato com a Under Armour.

A crise de gestão do São Paulo explodiu na última segunda-feira, com a briga, e ganhou novo capítulo no dia seguinte, quando parte da diretoria colocou cargos à disposição após a exoneração de Gil Guerreiro, movimento que levou Aidar a forçar demissão coletiva de todos os vice-presidentes e diretores. Na quinta-feira, houve a revelação do e-mail enviado pelo ex-vice ao presidente. Na sexta-feira, Leco falou que irá convocar reunião extraordinária do conselho para o próximo dia 22 na qual serão analisados gravação e documentos que Gil Guerreiro afirma ter obtido - que não deverá acontecer em caso de renúncia. A reunião seria a porta de entrada para o pedido de impeachment contra Aidar.

Confira o e-mail enviado pelo grupo Participação: 

"São Paulo, 10 de Outubro de 2015

Ilmo.Sr.Dr.
Carlos Miguel Castex Aidar
DD.Presidente do São Paulo Futebol Clube.

Nós conselheiros do São Paulo Futebol Clube e também membros da Diretoria, pertencentes do Grupo de Participação, abaixo relacionados, reunidos na noite de hoje, decidimos após a sua solicitação de apoio a governabilidade da nossa instituição, que diante das evidencias objetivas da sua atitude em prejuízo do São Paulo Futebol Clube, que somente estaremos oferecendo apoio a governabilidade se V.Sa. pedir demissão do cargo de Presidente do São Paulo.
Não há como oferecer apoio a governabilidade da instituição enquanto V.Sa. estiver ocupando o cargo de Presidente diante dos fatos e das evidencias apresentadas ultimamente, onde V.Sa. aparece como sendo titular da pasta de Presidente, prejudicando a instituição.
Não nos prestamos a dar colaboração e nem tampouco legitimidade as atitudes que V.Sa. vem tomando em prejuízo ao São Paulo Futebol Clube.
Vale destacar que há longo tempo vimos ouvindo boatos e comentários sobre o seu comportamento inadequado à frente do São Paulo Futebol Clube, mas somente nesta semana é que a evidencias sobre tais comportamentos foram objeto de comprovações.
A participação por meio dos seus membros sempre se pautou por atitudes coerentes, com evidencias e responsabilidades para preservar a Instituição. Nunca se deixou levar por boatos ou leviandades que pudessem comprometer o São Paulo Futebol Clube.
Não estamos e nunca estivemos comprometidos com pessoas que não tivessem o compromisso de levar a bom termo a administração da nossa instituição. Nunca tomamos medidas intempestivas sobre atos de gestão que não tivessem pautadas em boas práticas de condução do processo de organização e gestão do São Paulo Futebol Clube.
Todavia, faz-se necessário deixar registrado que o São Paulo Futebol Clube, desde o inicio de sua gestão nunca teve tranquilidade de conduzir as suas atividades sem que tivesse repercussão negativa seja dentro do campo de jogo ou fora dele.
Assim, resolvemos por unanimidade, respondendo ao seu pedido de governabilidade, que não manteremos nosso apoio enquanto V.Sa. estiver na Presidência  de nossa instituição .
Não há como referendar as suas atitudes.
Atenciosamente

Antonio de Oliveira Rego    
Antonio Ferreira de Andrade   
Antonio José Baptista Ferreira 
Antonio Luiz Belardo
Carlos Vanderli Machado
Deusdete Rodrigues Filho
Douglas Valverde
João Ademar Lopes
José Alberto Rodrigues dos Santos
José Alfredo Madeira Simões
José Jacobson Neto
Julio Cesar Casares
Juvenal Juvencio
Kenkichi Ricardo Atoji
Luiz Antonio Cunha
Marcos Francisco de Almeida
Mario Jorge Ramon Quezada Paredes
Orlando Rossini Jr.
Oswaldo Vieira de Abreu
Ricardo Granja
Silvio Francesco e Fazio
Themistocles de Almeida Jr.
Valter Maria Pereira"