Por que o Grêmio não teme perder zagueiro pretendido pelo Corinthians?

A contratação de Geromel não aconteceu definitivamente no início do ano passado. Mas o processo de persuasão do zagueiro que jamais tinha defendido um clube profissional no futebol brasileiro começou no ano anterior. Foi quando Rui Costa, diretor executivo de futebol do Grêmio, após observar qualidades nele mesmo escondido na segunda divisão da Espanha, conversou com Geromel para tentar o acerto. Na ocasião não foi possível, mas o dirigente gremista deixou claro ao atleta que suas qualidades seriam bem aproveitadas no Tricolor. E a investida agradou.

Tão logo abriu-se a janela seguinte, Geromel, decidido a jogar no Grêmio, conversou com a direção do Colônia e do Mallorca, onde estava emprestado. O Tricolor voltou carga e o acordo foi firmado. Empréstimo por todo período que ainda havia de contrato na Europa, e posterior desligamento.

Entretanto, o vínculo não poderia ser registrado na CBF pelo período acertado. O regulamento do futebol brasileiro não permite empréstimo superior a dois anos. Seriam dois e meio. Assim, assinou-se dois contratos entre as partes. O primeiro vence em dezembro deste ano, e o segundo, de seis meses, passa a valer oficialmente a partir de janeiro. Sem chance de erro.

Mas e se o Corinthians resolver formalizar uma proposta ao Colônia? E se o time alemão aceitar? Perguntas como esta são repetidamente feitas por torcedores do Grêmio. Aí entra um dos pilares do clube gaúcho para não temer perder o jogador: a confiança.

Mesmo com pai corintiano e família ligada ao clube paulista, Pedro Geromel repetiu inúmeras vezes à direção gremista que não pretende deixar o clube. Já foi procurado por equipes de Portugal e da Alemanha e a resposta sempre foi a mesma: quer ficar no Grêmio. E nos bastidores, o Grêmio não vê razão alguma para desconfiar do jogador, cujo comportamento sempre foi exemplar.

Para afastar interessados, a direção gremista confirmou publicamente algo que se tratava de um 'acordo de gaveta' no início do ano passado: a compra dos direitos de Geromel. Com o fim do vínculo ao Colônia, os gaúchos irão pagar apenas ao atleta, que fica livre, e já negociaram o valor com ele. Com novo contrato aceito, Pedro terá mais três anos no Grêmio.

Contudo, tal negociação não deveria ter vazado, já que atualmente não passa de um acordo. Hoje em dia, o assunto é tratado externamente como 'encaminhado' mas nunca definido. Já nos bastidores o Grêmio tem total confiança que contará com ele e sequer se preocupa com qualquer investida paulista.

As boas atuações no Brasileirão deixam Geromel feliz com o reconhecimento no país. "Eu nunca tinha jogado no Brasil, qualquer jogador que chegasse assim teria alguma desconfiança. Mas mostrei nos treinamentos e ganhei meu espaço. Hoje estou muito feliz aqui", disse na última semana.

Com 30 anos, os próximos passos da carreira de Geromel podem ser ainda fora do Brasil. Sue irmão, Ricardo Geromel, é sócio de Ronaldo Nazário no Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos, e antes de pendurar as chuteiras, o defensor poderá fazer algumas temporadas por lá.