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"Canhão de chutes" ajudou Gomes em defesas milagrosas; veja

Daniel Lisboa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

13/10/2015 06h00Atualizada em 14/10/2015 12h55

Se você ainda não assistiu, assista. O goleiro Gomes, atualmente defendendo o Watford na Inglaterra, tem feito defesas dignas do panteão dos lances inacreditáveis do futebol. 

Em partida contra o Bolton, em fevereiro, o brasileiro defendeu três chutes na sequência: o primeiro, desferido de fora da área; o segundo, à queima-roupa; e o terceiro se recuperando espetacularmente para evitar um gol que aquela altura já era certo para quem assistia a tudo. Já em partida recente contra o Bournemouth, o goleiro defendeu uma bicicleta de fora de área e ainda pegou um pênalti no mesmo jogo. 

Em entrevista ao UOL Esporte, o arqueiro falou sobre os lances históricos, sobre sua preparação e sobre como está prestes a bater um recorde da Premier League.

Conte como foi a defesa contra o Bournemouth.

Foi uma bola muito complicada, porque o cara deu um chute forte de fora da área, ia ser o gol da história aqui no campeonato, iam falar deste gol por muitos anos, e felizmente, ou infelizmente para aqueles que gostam de ver a bola na rede, eu tive que me desdobrar pra eu fazer a defesa. Foi complicado porque o lance foi muito rápido e eu tive que ser muito rápido também, e ágil, para fazer a defesa.

Foi a defesa mais difícil da sua carreira?

Foi a mais rápida, mas não a mais difícil. Se eu tivesse demorado uma fração de milésimo de segundo, teria sido gol. Foi uma conta certinha, no tempo e na velocidade da bola. Eu tive menos tempo para me ajustar do que em uma outra defesa difícil que, vamos supor, eu tenha feito durante a minha carreira. 

Como foi a repercussão na Inglaterra?

Eu tomei conta dos jornais e dos programas de televisão aqui no último final de semana, até porque no mesmo jogo eu fiz uma defesa de pênalti. Isso fez com que eu seja o segundo goleiro que mais defendeu pênaltis aqui na Inglaterra. Tem o David Seaman, que jogou no Arsenal e é o primeiro com sete pênaltis defendidos em 22 cobranças, e eu, que tenho seis pênaltis defendidos em 21 cobranças.

Então você está torcendo para que aconteça um outro pênalti para você tentar defender?

Não, de maneira alguma, eu não sou muito de me apegar nestes números. As estatísticas são por acaso, as coisas vão acontecendo a partir do momento que a gente trabalha, e o trabalho é sério. Mas, quem sabe, é um recorde aí pra bater, eu costumo bater recordes em clubes em que joguei. É claro que eu prefiro que não tenha o pênalti, mas, se acontecer, estou preparado, sempre estudando os adversários para que eu possa fazer melhor as defesas. Dos goleiros que ainda estão atuando, eu sou o primeiro (em defesa de pênaltis).

O que os adversários ou companheiros de time falaram para você depois da defesa?

O treinador adversário disse que praticamente estava gritando gol, a torcida atrás do meu gol se levantou para gritar o gol. Ele disse que foi inacreditável aquela defesa, para muitos era mais gol do que a possiblidade de defesa. A galera do meu time gostou muito, claro. Eu apenas disse que não fiz mais do que o meu trabalho. O goleiro tem que estar preparado para momentos como este. A minha temporada tem sido muito boa, a temporada passada foi boa na segunda divisão, e é bom quando isso acontece e passa a cada dia mais confiança para os meus jogadores e toda a minha equipe. Eu vim para disputar a segunda divisão, subimos e agora eu fiz três anos de contrato até 2018.

Você atribui muito das defesas aos treinamentos?

A gente treina muito este tipo de jogada. O treinador de goleiros é italiano, a gente tem aqui aquela máquina tipo um canhão, a bola sai numa velocidade enorme e a gente sempre treina este tipo de jogada. Soco a bola para fora da área, a bola cai e eu já tenho que voltar para a minha posição, para o próximo chute de um jogador, usando o que eu tenho de melhor, que é a minha agilidade, muita envergadura. E o posicionamento é essencial numa segunda jogada, como foi naquela lá. No lance, dá para ver que eu volto um pouco para a minha posição, eu estava um pouco na frente e, se eu estivesse um pouco mais adiantado, a bola ia por cima.