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Pelé diz que Neymar é incompleto e vê Messi igual a Zico e Maradona

Ricardo Nogueira/Folhapress
Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

30/10/2015 14h07

No mês em que completou 75 anos, Pelé deu entrevista à “Revista Placar” e disse não acreditar que Neymar seja o segundo melhor jogador que já passou pelo Santos, atrás dele mesmo. Para o Rei do Futebol, o fato de o agora jogador do Barcelona não ser um exímio cabeceador faz com que fique atrás de Válter Vasconcelos, contemporâneo de Pelé no clube da Vila Belmiro.

“O Neymar é um bom jogador, mas quantos gols de cabeça ele fez na vida? É um ótimo jogador? É, sim, mas o Vasconcelos foi 10 vezes melhor que o Neymar, sem dúvida nenhuma. O Neymar é um atacante, ele joga pra frente. É específico. Ele não joga atrás, não arma, não sai jogando. É difícil você hoje comparar tanto déficit. Pra nós é óbvio que o Neymar é nossa cria. Mas se for ver bem...”, afirmou.

Vasconcelos jogava meia-esquerda do Santos e foi precursor da Era Pelé. Isso porque o Rei do Futebol estreou após Vasconcelos quebrar a perna em um lance envolvendo o zagueiro Mauro Ramos, durante um clássico contra o São Paulo, no dia 9 de dezembro de 1956, válido pelo segundo turno do Campeonato Paulista. O ex-meia, que atuou entre 1953 e 1959, marcou 111 gols pelo clube.

Em relação às constantes comparações de jogadores atuais com o próprio Pelé, o Rei do Futebol diz não se importar, mas não citou ninguém que pudesse ser melhor que ele.

“Não (me importo), quanto mais compararem, melhor. O que não pode é esquecer”, afirmou Pelé. “Pô, às vezes falam do George Best, e tal. ‘Pô, ele era melhor que o Pelé?’ Ou às vezes pegam um italiano lá e querem comparar. Pô, eles estão comparando todo mundo com o Pelé! Então tá bom”.

Especificamente sobre as comparações com Messi, quatro vezes vencedor da Bola de Ouro, Pelé apontou o mesmo problema que havia dito de Neymar: não ser um exímio cabeceador. “O Messi, eu sempre falei nesses últimos 10 anos ele é um dos que eu achava que eram superiores. Mas, por exemplo, de cabeça ele não tem...”.

“Hoje, ele é o melhor. Um tempo atrás tinha o Cristiano Ronaldo, que é igual ao Ronaldinho (Fenômeno). O Ronaldinho talvez fosse mais rápido ainda que ele, mas é o mesmo estilo de jogo. Do tipo do Messi tinha o Maradona, tinha o Zico... O Zico, coitado. Coitado, não: é maneira de falar. O Zico pegou um monte de jogador bom. No Brasil tinha um monte, na geração em que o Zico veio. O Maradona, na Argentina, acho que foi o último até hoje. E agora vem o Messi, que tem o mesmo estilo do Maradona, o mesmo tipo de jogo. Então, ele tem sorte, porque não tem com quem comparar. No nosso tempo tinha o Beckenbauer, tinha o Sócrates, que era muito inteligente, mas era mais lento, tinha o Dirceu Lopes, que jogava pra caramba, também”, completou.

O título que faltou na carreira

Campeão de todos os campeonatos possíveis como profissional, Pelé sente falta justamente de um título que só era possível como amador: a medalha de ouro em uma edição dos Jogos Olímpicos. Na época em que ele atuava, jogadores profissionais não podiam disputar a competição.

“Era meu sonho ser campeão olímpico. Naquela época, como eu me tornei profissional muito novo, e não podiam jogar profissionais, então não me convocavam. Mesmo eu tendo 17, 18, 19 anos, eles não me chamavam porque eu já era profissional”, explica Pelé, que com 17 anos já era campeão da Copa do Mundo. “É. Mas o Brasil não foi campeão olímpico nenhuma vez”.