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Por que no AM "gravata" e soco em campo não dão em nada e ninguém é punido?

Torcedor é atingido por garrafa em Manaus - Reprodução - TV Amazonas - Reprodução - TV Amazonas
Torcedor pediu para não ter o nome identificado e disse que iria processar o agressor
Imagem: Reprodução - TV Amazonas

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

04/11/2015 00h31Atualizada em 04/11/2015 16h05

Brigas, socos e até gravatas. Tudo isso é permitido atualmente no futebol do Amazonas, e fica por isso mesmo. Afinal, não há um órgão especializado funcionando para julgar os casos de indisciplina, e alguns são bem inusitados.

No último dia 27 de outubro, as equipes do Fast e do Manaus se enfrentaram no estádio Carlos Zamith, na capital do Estado, em partida válida pela Copa Amazonas. Antes mesmo do apito inicial, o 4º árbitro do jogo, Wenden Cardoso, e o supervisor de futebol do Fast, Thiago Durante, se desentenderam no vestiário e continuaram discutindo no túnel de entrada do gramado. O primeiro acabou por dar um soco na cara do segundo, que respondeu com uma enxurrada de palavrões.

No mesmo dia, no mesmo estádio, em outra partida da rodada dupla da Copa Amazonas, esta entre o Holanda e o Nacional Borbense, o bandeirinha Jander Rodrigues deu uma ''gravata'' e derrubou o presidente do Holanda, Leão Braúna, que invadira o gramado para tirar satisfação contra o árbitro da partida, que, segundo o entendimento do cartola, estava prejudicando sua equipe.

Já em abril do ano passado, em partida do Campeonato Amazonense, disputada entre o Nacional e o Princesa do Solimões, no estádio da Colina, em Manaus, o atacante Nando, do Princesa, participou de briga generalizada com outros atletas ao término da partida. Quando estava deixando o gramado, foi xingado por torcedores da equipe adversária, que também atiraram objetos como garrafas e sapatos em direção ao jogador. Nando, alegando "não ter sangue de barata", atirou também uma garrafa cheia de água em direção à arquibancada. O objeto atingiu  o olho direito de um senhor de 68 anos, que ficou assim:

Além da violência desmedida, o que há em comum em todos esses episódios? O fato de quem nenhum deles gerou qualquer punição aos envolvidos, que não deixaram de atuar ou estar presente em uma partida sequer graças a seus feitos. O motivo: não há quem os julgue e os puna, uma vez que o TJD-AM (Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas) simplesmente não está funcionado há dois anos.

A insólita realidade do futebol amazonense é que o atual presidente do tribunal, André de Oliveira, está afastado por problemas de saúde, mas se afastou somente neste ano. Antes disso, o TJD-AM já não se reunia para analisar as súmulas das partidas oficiais desde 2013. Somente havia sessões do órgão para tomadas de decisões em questões suscitadas por clubes ou pela federação, nunca para punir jogadores, dirigentes ou árbitros denunciados em súmulas ou por testemunhas.

Antes do afastamento de Oliveira, o motivo alegado para que o TJD não se reunisse era o fato de que sua sala, na sede da FAF (Federação Amazonense de Futebol), estava em reforma.

Já em entrevista ao UOL Esporte concedida na última terça-feira (3), Ivan Guimarães, diretor de competições da entidade, deu outra versão."É que o atual presidente, o doutor André de Oliveira, é também procurador do município de Coari (365 quilômetros de Manaus), então não está podendo trabalhar no TJD, entendeu?"

Mas, segundo o cartola, "este problema já está sendo resolvido. Nós enviamos carta para os clubes, para a associação de árbitros e para o sindicato dos atletas para que eles indiquem membros para um novo conselho do TJD, que então poderá eleger um novo presidente. Até o fim deste mês, se Deus quiser, o tribunal vai estar funcionando de novo".