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Restaurante centenário vira "casa da paz" do STJD em dias de julgamentos

Escoltado, Eurico deixa restaurante vizinho ao STJD antes de julgamento - Bruno Braz / UOL Esporte
Escoltado, Eurico deixa restaurante vizinho ao STJD antes de julgamento Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/11/2015 06h00

O estabelecimento original foi criado ainda no século passado, mais precisamente em 1909, porém, desde 1982, se fixou num local que hoje é vizinho de um dos órgãos mais importante do futebol brasileiro: o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). E é lá, na "Leiteria Mineira", situada na rua da Ajuda, nº 35, no centro do Rio, que promotores, auditores, relatores, jogadores, dirigentes e advogados se encontram num raro clima de paz e harmonia, antes e após julgamentos que definem o futuro de atletas e clubes na temporada.

Considerado um "bem imaterial" do Rio de Janeiro pela prefeitura em janeiro de 2015, o restaurante, que tem como especialidades mingau, coalhada, arroz doce e sorvete, serve como uma espécie de sala de reunião para definir as estratégias jurídicas dos envolvidos. Foi lá, por exemplo, que o presidente do Vasco, Eurico Miranda, se concentrou com seus pares antes de advogar em causa própria e transformar uma ameaça de suspensão de até três anos em uma simples advertência.

Em meio ao almoço, onde degustou um filé mignon e apreciou um pudim na sobremesa, o dirigente cruzou, por exemplo, com os auditores que iriam votar no seu caso. Um cumprimento cordial aconteceu e as mesas não chegaram a ficar tão distantes.

Um dos sócios proprietários, João Alberto garante que nunca teve "barracos" no estabelecimento mesmo após os julgamentos mais acalorados.

“Não. Aqui sempre funcionou tudo num clima tranquilo. Hoje, por exemplo, Eurico e Alan Belaciano estavam aqui sem problema algum”, se diverte, lembrando de um dos desafetos do cartola vascaíno, que foi advogado de Julio Brant, candidato rival de Miranda na eleição do clube, e que move algumas ações de ex-jogadores e funcionários contra o Cruzmaltino.

Tensos por serem julgados, alguns jogadores passam por lá após as sessões para buscar relaxamento, mas ficam somente no "cafezinho da tarde".

"Como aqui é uma leiteria, não vendemos bebidas alcoólicas. Então nunca aconteceu de jogador ficar bêbado aqui, não (risos)", garante o bem-humorado sócio proprietário.

Embora seu restaurante esteja sempre cheio, João Alberto lamenta que, atualmente, os boleiros estejam mais "pão duros". "Tem vindo muito só o jogador e o advogado. E cada um paga a sua conta. Não tem mais essa de jogador pagar tudo, não".

A rotina com as celebridades da bola faz o convívio se tornar algo já normal. "Eles sempre estão aqui. Sempre há muitos famosos e, como já estamos acostumados, os tratamos como pessoas normais", diz João.

A Leiteria Mineira funciona de segunda à sexta, das 8h às 18h30, e fica exatamente ao lado do prédio do STJD.