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Ex-meia Zinho diz estar pobre e acusa mulher de inventar doença da filha

Bruno Thadeu e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

11/11/2015 06h00

Com passagens pela Portuguesa, Sport e São Caetano, nos anos 90, o ex-meia-direita Zinho (não confundir com o tetracampeão mundial Zinho, ex-Flamengo e Palmeiras), 50 anos, tenta reaver na Justiça os valores referentes a três imóveis vendidos para custear o tratamento de uma doença inexistente em sua filha. Zinho acusa sua ex-mulher, Fátima Cristine Ventura, de enganá-lo com a falsa notícia de que era preciso se desfazer de bens para salvar a filha do casal de uma leucemia. E diz estar pobre por ter gastado esse dinheiro.

Zinho já moveu um processo de Vara da Família contra a ex-mulher (já houve sentença). Na Justiça, ele apresentou depósitos que seriam das vendas dos apartamentos feitos na conta de Fátima Cristine Ventura. Mas esse primeiro processo, por se tratar da Vara da Família, considera apenas imóveis que ainda estão no nome da empresa de posse do jogador e de sua ex-mulher, e não o que já foi desfeito por eles. Agora, Zinho processará sua ex-mulher também na esfera cível na tentativa de reaver o dinheiro que diz ter perdido. No primeiro que moveu, foi decidido pela partilha do único imóvel que ambos têm em conjunto, no nome de uma empresa dos dois (mais detalhes abaixo).

“Ela [Fátima] me ligava até de madrugada ameaçando e dizendo que nossa filha iria morrer. Fiquei desesperado. Vendi três imóveis e dei tudo que tinha para bancar um tratamento que nunca existiu. Eu perdi tudo”.

Segundo o ex-atleta, a filha, atualmente com 17 anos, também dizia estar com leucemia. Ao UOL Esporte, Zinho conta que desconfiou da história quando não recebeu o laudo médico. “Eu pedia o laudo, mas não me mandavam. Tive a certeza de que era mentira quando eu vi na internet que ela [Fátima] tinha viajado para a Argentina. Ela visitou o estádio do Boca Juniors, comeu em restaurantes bons de lá. Não era cara de uma pessoa que se dizia pobre e desesperada com uma filha doente”.

No processo registrado na Justiça paulista, Zinho anexou imagens em que a ex-mulher teria postado no Facebook. Em uma delas, Fátima teria compartilhado a seguinte mensagem: “Confie em seu marido, adore seu marido e passe o máximo que puder para o seu próprio nome”.

Procurada pela reportagem, a advogada de Fátima, Ana Miliane Gomes, não quis se pronunciar e informou que sua cliente estaria impossibilitada de conceder entrevista em virtude de um problema familiar. A reportagem mandou mensagem para Fátima na terça-feira, por e-mail, mas não obteve retorno.

No processo registrado na Justiça de São Paulo, a defesa de Fátima Cristine Ventura diz que Zinho criou a história da leucemia e afirma que ex-mulher nunca citou que a filha tinha essa doença. “A filha do requerente [Zinho] jamais esteve doente, muito menos com leucemia, tratando-se de mais uma mentira do requerente, no intuito, de ludibriar a Vossa Excelência com alegações fúteis e sem o menor vislumbre de juricidade”, rebateu.

Ex-atleta diz que tinha 1% de sua empresa

Zinho acionou a Justiça de Vara da Família para contestar a partilha dos bens. Ele e a então esposa abriram em 2000 a empresa Ventura & Silva. A divisão era de 99% para mulher e 1% para o então jogador.

A empresa foi constituída para que o então atleta recebesse parte do salário no clube. Zinho alega que aceitou abrir empresa nessa condição (99% para a mulher e só 1%) por ser uma pessoa com baixa formação acadêmica.

“Por ser psicóloga, [Fátima] detinha um poder de manipulação, controle e total domínio sobre o seu Companheiro [Zinho], seus bens e vencimentos, pois o requerente se sentia inferior por ter baixo nível de escolaridade. O Zinho confiava muito nela”, apresentou a defesa de Zinho.

O ex-jogador também sustenta que os imóveis vendidos para bancar o suposto tratamento médico da filha foram adquiridos antes da união estável com a ex-mulher.

No processo, a defesa de Fátima informa que a empresa Ventura & Silva foi criada em comum acordo.

O processo de partilha dos bens de Zinho e sua ex-mulher teve sentença definitiva (não cabe mais recurso). Ficou decidido que a empresa tem de ser partilhada em 50% para cada um e também determinou que o único imóvel em nome de ambos (onde Fátima reside) seja partilhado em iguais partes. A defesa de Fátima entrou com recurso para desarquivamento do processo. Após a sentença, o processo entrará em execução.

Zinho tem pedido de prisão por não pagar pensão

À Justiça, a ex-mulher informou que, durante o casamento, Zinho teve um filho de um caso extraconjugal. No trâmite, ela afirma que ex-jogador parou de ajudar financeiramente a família (Fátima e a filha) e não paga pensão há mais de um ano, fixada em dois salários mínimos. Ao Tribunal, a filha registrou atestado de pobreza. Zinho alega que também vive na miséria.

“Eu perdi tudo. Tudo o que eu tinha está nas mãos dela [ex-mulher]. Não tenho como pagar pensão”, diz o ex-jogador. Zinho e Fátima se conheceram em 1995. Na época, Zinho era casado e tinha dois filhos. A relação extraconjugal foi mantida. Ele e Fátima tiveram união estável de 1999 a 2009. Atualmente, Zinho presta serviço não remunerado na prefeitura de Tangará/RN e pretende retomar a carreira de técnico. Ele vive com outra mulher, com quem tem um filho.