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Após reportagem do UOL, governo de SP lança 4ª versão sobre atraso no metrô

Governo paulista tenta explicar atraso de mais de quatro anos em obra do Metrô de São Paulo - Edson Lopes Jr/Divulgação
Governo paulista tenta explicar atraso de mais de quatro anos em obra do Metrô de São Paulo Imagem: Edson Lopes Jr/Divulgação

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

17/11/2015 20h26

O Governo do Estado de São Paulo enviou nota à redação do UOL Esporte nesta terça-feira para tentar explicar o atraso de mais de quatro anos na entrega da Linha 17-Ouro do Metrô, que é um monotrilho que cortará parte da zona Sul da cidade, ligando o aeroporto de Congonhas à rede metroviária do município.

Conforme informa reportagem publicada nesta terça, o governo paulista prometera entregar esta obra até dezembro de 2013, a tempo para a Copa do Mundo de 2014. Atualmente, promete que vai entregar até o fim de 2017.

Para justificar o atraso de mais de quatro anos no projeto, o governo paulista afirmou que "a Linha 17-Ouro foi retirada da Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo-2014 porque os jogos deste torneio de futebol na capital paulista aconteceriam no estádio que foi construído no bairro de Itaquera, zona Leste da cidade, e não no Morumbi, como cogitado inicialmente".

Esta é a quarta versão do governo paulista para o mesmo atraso, que não para de aumentar. A reportagem guarda todas as versões, enviadas ao portal de 2011 até hoje. A versão da vez contraria todas as anteriores.

No dia 17 de novembro de 2011, o  UOL Esporte revelou que o Governo do Estado de São Paulo alterava pela primeira vez a data de entrega da obra. A Linha 17-Ouro é prevista para ter 18 quilômetros. A partir de novembro de 2011, a tempo para a Copa do Mundo, apenas pouco mais de um terço da linha, ou 7,7 quilômetros, estariam prontos.

Quando o Estado assinou o compromisso constante da Matriz, a previsão era entregar a obra toda a tempo antes da Copa do Mundo. Para tanto, o governo paulista obteve um financiamento de R$ 1,1 bilhão da Caixa Econômica Federal. O valor já estava disponível, enquanto a contrapartida do Estado de São Paulo, de acordo com alteração publicada no Diário Oficial da União do dia 9 de novembro de 2011, caíra de R$ 2,02 bilhões para R$ 799,5 milhões.

De acordo com nota da Secretaria de Estado de Planejamento enviada ao UOL Esporte no dia 10 de novembro, a redução do compromisso paulista para a Copa acontecia porque, quando a Matriz de Responsabilidades fora assinada, esperava-se que o estádio a ser utilizado para a Copa do Mundo seria o Morumbi, destino final da Linha 17-Ouro. Depois que um estádio no bairro de Itaquera (zona Leste) fora escolhido para a Copa, o plano teria mudado.

Então, dizia a nota da secretaria estadual: "Com a mudança do estádio da zona sul para a zona leste, o trecho estratégico da Linha-17 para a Copa do Mundo passou a ser a ligação do Aeroporto de Congonhas com a rede metroferroviária, passando por uma importante zona hoteleira.  Este trecho estará pronto até a Copa". A pasta ressaltava ainda que não reduzira o valor que irá investir no monotrilho, apenas retirara o montante da Matriz porque seria utilizado em trechos da obra que não ficariam prontos até a Copa.

Já no dia 5 de abril de 2012, o UOL Esporte revelou que, embora o governo estadual continuasse prometendo entregar pelo menos parte do monotrilho a tempo da Copa, o próprio contrato assinado entre o Estado e o consórcio construtor previa sua entrega para depois do Mundial. Na ocasião, antes de publicar a reportagem, o portal perguntou à Secretaria de Estado de Transportes Metropolitanos qual era a data de entrega da Linha 17-Ouro. Em nota, a pasta informou que "o primeiro trecho está previsto para 2014". A reportagem, então, entrou novamente em contato com a secretaria, desta vez solicitando que fosse informada precisamente a data de entrega da obra que está prevista em contrato. Desta vez, a secretaria não respondeu.

As coisas mudaram após a publicação da reportagem, contrariando a informação passada pela pasta estadual. Daí, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, por meio de seu coordenador de comunicação, Luiz Guilherme Fabrini, ligou para o UOL Esporte e disse que, em que pese o contrato não prever a entrega do modal a tempo para a Copa, o governo trabalhava para entregar a primeira fase da Linha 17 no dia 31 de maio de 2014. Como se sabe, isso não ocorreu.

Já no dia 22 de novembro de 2012, o UOL Esporte publicou nova reportagem sobre a obra, informando que, pela primeira vez, o governo estadual admitia que não entregaria parte nenhuma do monotrilho a tempo do Mundial. O próprio governador Geraldo Alckmin (PSDB) passou a dizer que a primeira parte da obra só seria entregue no segundo semestre de 2014, depois da Copa, o que não era um problema, já que, como explicou à época o governador, era "uma obra para a cidade, e não para a Copa".

Como se sabe, nenhuma parte da obra foi entregue até hoje. Veja, abaixo, a íntegra da nota do governo estadual enviada ao UOL Esporte, com a quarta versão de prazos e justificativas para o atraso enviada pelo governo paulista somente à redação do portal:

"O Metrô lamenta não ter sido procurado para prestar esclarecimentos sobre a matéria publicada hoje, dia 17, no portal de notícias (http://esporte.uol.com.br/futebol/listas/so-uma-das-12-cidades-sede-da-copa-entregou-principal-obra-ate-agora.htm), que cita, de forma equivocada, o monotrilho da Linha 17-Ouro, como obra “dentro do planejamento brasileiro em mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014”.

A Companhia esclarece que a Linha 17-Ouro foi retirada da Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo-2014 porque os jogos deste torneio de futebol na capital paulista aconteceriam no estádio que foi construído no bairro de Itaquera, zona Leste da cidade, e não no Morumbi, como cogitado inicialmente.  Em 26 de dezembro de 2012, foi publicada no DOU a Resolução nº 22, de 21/12/12, do Ministério do Esporte, autorizando a atualização da Matriz de Responsabilidade da Copa 2014 com a devida exclusão da Linha 17 – Ouro. Importante frisar que esta linha foi projetada independentemente da realização do evento, para atender à população da região metropolitana de São Paulo, beneficiando a mais de 400 mil pessoas por dia."