Topo

Cobiçado na Europa, lateral da seleção olímpica curte anonimato no Brasil

Lateral Fabinho na macação de Zardes, em lance do confronto entre Brasil e EUA - Stephan Savoia/AP Photo
Lateral Fabinho na macação de Zardes, em lance do confronto entre Brasil e EUA Imagem: Stephan Savoia/AP Photo

Bruno Thadeu e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

22/11/2015 06h00

Fabinho é o titular da lateral direita da seleção olímpica e já figurou em convocações no time principal de Dunga. As constantes presenças na seleção refletem o bom momento do atleta de 22 anos. Fabinho despertou interesse recente de Manchester United e Inter de Milão. Cobiçado na Europa, o jogador do Monaco afirma ser um desconhecido nas ruas do Brasil.

Em entrevista ao UOL Esporte, Fabinho relata que sua transferência prematura para o futebol europeu (18 anos) contribuiu para o desconhecimento em relação à sua pessoa.

“Aqui na França eu sou bem mais conhecido que no Brasil. Mesmo com uma sequência na seleção eu sou anônimo para o torcedor porque nem todos acompanham futebol europeu. Mas isso para mim não é problema. É bom porque posso passear tranquilamente com minha família”, comenta.

Natural de Campinas, Fabinho começou na base do Paulínia/SP e teve passagem pelo amador do Fluminense. O lateral chegou a ser relacionado para dois jogos do Fluminense, mas não entrou em campo.

“Joguei a Copa São Paulo pelo Paulínia e fui para os juniores do Fluminense. Fiquei um ano e meio lá. Aí disputei um campeonato na África do Sul pela seleção Sub-20, onde nós fomos campeões, e lá tinham vários clubes observando. Me viram jogar e fizeram a proposta ao Fluminense. Era uma oportunidade que eu quis aproveitar e deu certo”.

Além de comentar o anonimato no Brasil, Fabinho fala na entrevista sobre sua passagem pelo Real Madrid, sobre o fato de ter despertado a atenção do técnico Dunga e projeta um lugar entre os convocados para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem.

Confira outros trechos da entrevista com o lateral do Mônaco:

UOL EsporteO Brasil está disputando as Eliminatórias e no ano que vem tem as Olimpíadas. Qual o seu foco principal neste momento?
Fabinho:
O meu objetivo é as Olimpíadas, eu estou fazendo de tudo e vou continuar fazendo de tudo para estar nas Olimpíadas, mas também sei que eu estando na seleção principal vou ganhando pontos também pra carimbar a minha vaga nas Olimpíadas. Eu não vou ter tanto convívio com os meninos da seleção olímpica com a comissão nova, mas eu vou ter o convívio com o treinador que vai ser o das Olimpíadas que é o Dunga, então eu sendo convocado para a seleção principal eu ganho pontos para estar na Olímpica.

UOL EsporteQual a grande diferença que você mais sente entre olímpico e time principal?
Fabinho:
 Talvez a pressão. Quando você coloca a camisa da seleção brasileira você tem que vencer de qualquer jeito, mas sempre o maior foco estará na seleção principal. Então a pressão em cima da seleção principal é maior.

UOL EsporteQuando se fala em lateral direito da seleção quase todos lembram do Cafu. Daniel Alves e o Maicon tiveram suas importâncias, mas acredito mais nos clubes do que na seleção brasileira. Na lateral direita falta um nome para fixar na memória do torcedor brasileiro?
Fabinho: Depois de tudo o que o Cafu fez pela seleção brasileira é até meio difícil alguém que chegue perto dele. Mas tem os dois grandes laterais que são o Daniel Alves e o Maicon. O tempo que eles ficaram na seleção, eles fizeram muito bem. O Daniel até hoje está fazendo muito bem. Não ganharam tudo o que o Cafu ganhou, mas fizeram um excelente trabalho.

UOL EsporteQual o seu maior ídolo na posição?
Fabinho: Na posição o que eu mais admiro é o Cafu, por tudo o que ele conquistou na seleção. Chegar em 3 finais consecutivas de Copa do Mundo não é pra qualquer um. Ele é o recordista de jogadores que mais fez jogos pela seleção, então quem quer ter uma grande carreira na seleção brasileira, ele é um espelho perfeito, eu me espelho nele.

UOL Esporte: O Cafu parou e conquistou tudo com a seleção brasileira, mas como você se espelha nele? Viu muitos jogos do Cafu? No que hoje o Fabinho se acha melhor que o ídolo?
Fabinho: (Risos) Na última convocação que eu fui, o Cafu estava lá com a gente e o Cafu estava muito bem. Ele está inteiro. Até fez treinos com a gente e ele estava muito bem. Então eu vou falar da bola aérea para não me complicar. Talvez na bola aérea eu seja melhor que ele, porque eu tenho 1,88m de altura...Se eu tiver uma oportunidade de conversar mais com o Cafu será muito bom, sempre é bom aprender com alguém que já foi o melhor.

UOL Esporte: Você foi bem aproveitado no Real Madrid B?
Fabinho:
No Real Madrid B eu fiz 24 partidas, foi um ano muito bom, como é a segunda equipe, eles, até tem mais paciência porque o primeiro ano na Europa não foi muito fácil, mas como a maioria dos jogadores era da minha idade eu peguei amizade fácil e o treinador também. Como ele já sabia trabalhar com menino novo ele teve bastante paciência comigo, fiquei um ano no Real Madrid B.

UOL Esporte: Você chegou a treinar contra o Real Madrid principal? Marcou no treino o Cristiano Ronaldo?
Fabinho:
Quando eu cheguei lá era o começo da pré-temporada, não estavam todos os jogadores e eles precisaram de alguns jogadores para compor a equipe, então eu fiz quase a metade da pré-temporada com eles e depois quando começou a temporada eu ia fazer alguns treinos com eles, sempre o Mourinho me chamava para treinar com eles e, pô, pra mim que tinha acabado de sair do Brasil com 18 anos era genial treinar com eles. Só não era muito bom quando tinha que marcar ele (Cristiano Ronaldo) (risos). Foi coisa linda treinar com ele, nos primeiros treinos eu tive que marcá-lo, um cara muito ágil, muito rápido, mas foi uma experiência muito boa, nesse treino ele chegou a marcar um gol, ele puxou a bola pro meio e aí já não era tanto a minha responsabilidade era um volante que tinha que marcar ele, mas para marcar ele pode ser lateral, volante, zagueiro, não é fácil pra ninguém e aí ele fez o gol.

UOL Esporte: Você ficou um ano na Espanha, então qual a principal diferença entre a escola espanhola e francesa?
Fabinho: É bem diferente, o espanhol prioriza sempre jogar, tentar jogar, a técnica, mesmo as equipes pequenas, elas tentam jogar, elas não têm medo de jogar e aqui na França já é um pouco diferente, aqui já é mais jogo direto. Aqui, como tem muitos jogadores africanos tem jogadores fortes e rápidos, eles buscam bastante o jogo direto, buscam a força a bola aérea, então é um jogo bem diferente que o da Espanha.