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No time de Kaká, Larin queria apenas jogar. Acabou eleito o Novato do Ano

Cyle Larin, 20 anos, disputou primeira temporada na MLS e marcou 17 gols - Stephen M. Dowell/Orlando Sentinel via AP
Cyle Larin, 20 anos, disputou primeira temporada na MLS e marcou 17 gols Imagem: Stephen M. Dowell/Orlando Sentinel via AP

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

22/11/2015 06h00

A estreia do Orlando City na MLS em 2015 teve Kaká como grande atração. O meia não decepcionou, com nove gols e sete assistências na temporada 2015. Mesmo assim, o primeiro ano da equipe da Flórida na principal competição de futebol dos Estados Unidos também apresentou aos torcedores um nome com quem o ex-são-paulino tem se acostumado a dividir os holofotes: Cyle Larin.

Os números de Larin até aqui justificam a badalação. Em seu primeiro ano como jogador profissional, o canadense de 20 anos marcou 17 gols – mais do que Kaká (nove) e Bryan Róchez (três), os vice-artilheiros da equipe, somados. Nunca antes um rookie havia marcado tantos gols em sua temporada de estreia na MLS.

Mesmo com a ausência do Orlando City nos playoffs da temporada 2015, Larin acabou eleito Novato do Ano, prêmio já recebido antes por jogadores como Carlos Bocanegra (2000), Clint Dempsey (2004), Maurice Edu (2007) e Omar González (2009). E tudo isso, é claro, tem a influência de Kaká.

“Ele é um jogador muito inteligente e me ensina como fazer muitas coisas em jogo, a como me tornar mais esperto em diferentes situações do jogo”, contou Larin, em entrevista ao UOL Esporte. “Tudo que eu faço agora é instinto. O que ele me ensinou, eu faço e repito”, completou.

Nascido em 1995, Cyle Larin começou a jogar futebol aos oito anos, embora fosse “bom” também no hóquei no gelo. Em 2007, antes mesmo de completar 12 anos, entrou para o Sigma FC, um clube da liga amadora de futebol de Ontario. No mesmo ano, pelo Milan, Kaká se destaca na Europa e terminava o ano eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa.

Àquela altura, o rookie da MLS em 2015 era apenas um fã. “Eu amo futebol, e todo jogador de futebol sabe quem é Kaká. Ele estava no Milan na época. Eu assistia à maioria dos jogos dele com o Brasil”, contou Larin.

A chegada à MLS

O canadense permaneceu na equipe de Ontario até 2014, passando por períodos de avaliação em clubes da Alemanha e da Bélgica. De quebra, entre 2013 e 2014, destacou-se nas competições universitárias pelo time de Connecticut, a ponto de ser convocado pela seleção principal do Canadá para jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo. Daí para a presença no draft 2015 da MLS, foi um passo.

No draft, o Orlando City – estreante da liga – tinha a primeira escolha. E Cyle Larin foi o escolhido para estrear como profissional. Pressão? Não para ele, que nem esperava se destacar logo de cara.

“Minha meta inicial era apenas ser escalado e ter minha oportunidade para marcar alguns gols. Comecei por aí. Com mais tempo, queria mais oportunidades. Sabia o que eu precisava fazer”, contou.

Primeira temporada: casa cheia e jogo contra ídolo

A estreia aconteceu em 21 de março, deixando o banco de reservas na derrota por 1 a 0 para o Houston Dynamo. Menos de um mês depois, em 12 de abril, fez seu primeiro gol profissional, o primeiro da vitória por 2 a 0 sobre o Portland Timbers. A partir daí, transformou-se na referência ofensiva do time de Orlando e em um dos principais destaques da MLS.

O time, porém, ficou devendo em seu primeiro ano. Em 34 jogos, foram 12 vitórias, 14 empates e oito derrotas, tirando do time as possibilidades de avançar aos playoffs ou às competições continentais de 2016. Mesmo assim, para Larin, o primeiro ano como profissional foi – e tem sido – bastante proveitoso.

“Tem sido uma temporada empolgante no Orlando City. Poderíamos ter chegado aos playoffs, mas tem sido empolgante, uma temporada de sucesso”, analisou, feliz com a presença de público nos jogos – o Orlando City teve a segunda melhor média da temporada regular (32.847 por jogo), atrás apenas do Seattle Sounders (44.247 por jogo). “Todo jogo em casa é um momento empolgante, ao lado de nossa torcida. Todo momento em casa é ótimo”, completou.

Mas entre vários momentos de destaque da temporada de Larin, um ganhou destaque especial: a vitória em casa sobre o Montreal Impact por 2 a 1 em 3 de outubro. Não apenas por ter marcado um dos gols, mas também pela presença no time adversário de uma de suas inspirações na adolescência: Didier Drogba.

“Didier Drogba era meu ídolo”, contou o canadense, que também é fã de Lionel Messi. O gol diante do Montreal Impact, ele descreveu como “um grande momento”.

E enquanto a MLS entra na reta final da temporada, com quatro times na briga pelo título (Columbus Crew e New York Red Bulls disputam o título da Conferência Leste, enquanto Portland Timbers e FC Dalas fazem as finais da Conferência Oeste), Larin se concentra no Orlando City. As ofertas da Europa ainda não chegaram, mas a possibilidade a curto prazo não incomoda o camisa 21.

“Todo jogador quer jogar nas grandes ligas da Europa. Espero que isso possa acontecer comigo um dia. Mas, agora, penso na próxima temporada. Talvez um dia eu possa estar lá”, despistou o canadense.