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Nilmar revela que dívida o tirou do Inter e diz: "Dei lucro mesmo velhinho"

Inter devia quase 10 meses de luvas e imagem a Nilmar, agora no Al-Nasr - Divulgação/Divulgação
Inter devia quase 10 meses de luvas e imagem a Nilmar, agora no Al-Nasr Imagem: Divulgação/Divulgação

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

25/11/2015 08h38

Nilmar está em Dubai e vai ficar por lá. Contratado pelo Al-Nasr há quase quatro meses, o atacante revelou ao UOL Esporte o motivo para sua saída do Internacional: uma dívida que envolvia luvas e direitos de imagem de quase 10 meses. Aos 31 anos, ele não descarta voltar ao Brasil no futuro. Agora, o retorno é impossível.

“O clube tinha uma dívida comigo, não só comigo, mas com outros vários jogadores. Essa situação não estava sendo cumprida e a proposta era boa para ambos os lados. Minha esposa até brinca que foi a negociação mais rápida e fácil da minha carreira. Foi o melhor contrato também, financeiramente falando”, conta Nilmar. "Eu tive que abrir mão de uns valores, mas no fim dei lucro para o clube mesmo depois de velhinho", completa.

A oferta foi de R$ 11 milhões e fez o Inter topar o negócio na hora. Parte do valor serviu para quitar as dívidas com Nilmar - tanto que o clube cita os negócios de Caio e Aránguiz como suas maiores fontes de receita na última janela. A saída do camisa 7 é deixada de lado.

Em 15 jogos pelo Al-Nasr, Nilmar já marcou três gols. Titular no campeonato nacional e nas duas copas (Copa dos Emirados e Super Copa), ele é um dos três estrangeiros que foram contratados para guiar o time local na temporada. Instalado em definitivo após passar semanas em um hotel de Dubai, o atacante negou que esteja perto de voltar ao Brasil. Pelo menos por agora.

“Se tem um cara feliz aqui, esse cara sou eu. O primeiro mês foi difícil, mas agora está ótimo”, diz. “Vontade de voltar para o Inter eu sempre vou ter. No Brasil, o Inter é minha prioridade sempre. Mas não sei se os caras vão me querer pela quarta vez (risos). É difícil”, acrescenta.

Confira a entrevista completa

UOL Esporte: Como você está aí nos Emirados Árabes?
Nilmar: Estou melhor agora, no começo foi mais difícil. Especialmente o primeiro mês, em que estava morando em um hotel e me adaptando junto com a família.

E no time, você vem jogando? Está sentindo a diferença no ritmo de competição?
Estou jogando desde que cheguei, mas no começo a bola não estava entrando. E mesmo que não exista pressão de torcida como no Brasil, há cobrança. Eu fui contratado por um bom valor, tem aquela história de atacante que não está fazendo gols... Só que nos últimos jogos a bola começou a entrar, então melhorou.

Tem muito brasileiros aí nos Emirados. Vocês conseguem se reunir, falar do Brasil e o do Brasileirão?
Os brasileiros se encontram aqui, sim, mas eu no começo estava mais distante pela mudança e tudo mais. Agora tenho falado mais com Everton Ribeiro e Jô. A gente acompanha do jeito que dá, o horário não ajuda, mas a gente acompanha. Comenta os resultados...

O que achou do 6 a 1 do Corinthians em cima do São Paulo?
Eu vi o segundo tempo do Gre-Nal, tinha jogo neste dia, então cheguei já com a bola rolando. Só via a bolinha piscando na tela. Quase não acreditei, achei que tinha dado algum problema. Mas o Corinthians está muito forte, tem um elenco muito bom e um treinador fantástico. O Tite é o melhor ou um dos melhores com quem já trabalhei. Ele é muito humano, este lado faz muita diferença. Ele também estuda muito, a gente até brincava que a mulher dele é que devia sofrer... Toda hora lendo um livro, olhando vídeo e analisando. Ele ia no quarto do jogador meia-noite falar do jogo do dia seguinte, ligava para falar de uma jogada e dava livros. Eu mesmo ganhei um livro dele de presente, mas não pergunta se eu li, tá? (risos)

Há algumas semanas, o jornal Zero Hora noticiou que você podia rescindir contrato e voltar ao Brasil. Como está essa situação, você realmente pode deixar o Al Nasr?
Todo mundo aqui em casa ficou surpreso. No início achei que tinha sido alguém aqui de Dubai, mas depois vi que não. No clube pediram para eu dar entrevista e esclarecer, achavam que havia tido uma declaração minha falando em um retorno ao Brasil. Eu falei com os dirigentes, com o treinador e esclareci. Se tem um cara feliz aqui, esse cara sou eu. O primeiro mês foi difícil, mas agora está ótimo.

Mas alguém procurou você para voltar ao Brasil agora?
Diretamente não teve nada. Uns empresários ligaram, logo depois dessa especulação aí, e perguntaram como estava a coisa. Provavelmente vão ligar nas próximas semanas também, né? Mas não tenho interesse, está muito cedo. Acabei de chegar aqui e minha família está bem, estamos todos adaptados.

Quando o Inter anunciou sua contratação, no ano passado, todos tinham a impressão que era para ser até o final da sua carreira. O que aconteceu para você sair outra vez?
Eu também pensei (risos). Quando eu voltei, cheguei a pedir um contrato de quatro anos e me deram um de três. Pela idade, a ideia era ficar (até encerrar a carreira). Estava voltando para a minha cidade, onde eu cresci, para onde a família da minha esposa está. Minha filha poderia crescer no Brasil, algo que ainda não tinha ocorrido. Também pela idade na relação com o mercado.

Mas aí houve uma proposta. Ela foi feita ao Inter ou a você? Você quis sair?
Depois da Libertadores, logo depois do jogo no México (contra o Tigres), não tinha nada. Mas aí passaram uns dias e apareceu uma proposta, foi o Magrão (ex-volante de Palmeiras, Corinthians e Inter) quem me trouxe. Surgiu a situação, houve proposta e eu balancei. Fui falar com o Vitorio (Piffero, presidente do Inter) e a conversa foi bem franca. O clube tinha uma dívida comigo, não só comigo, mas com outros vários jogadores. Essa situação não estava sendo cumprida e a proposta era boa para ambos os lados. Tinha luvas atrasadas e só estava recebendo a parte da carteira (de trabalho) do salário. Minha esposa até brinca que foi a negociação mais rápida e fácil da minha carreira. Foi o melhor contrato, financeiramente falando, também.

Aí que está, logo depois da sua saída surgiu a teoria de que a negociação aconteceu porque você foi contratado por outra diretoria. Com uma nova gestão, seu salário e condição podiam não se encaixar. Você sentiu que isto pesou no caso?
Olha, diretamente, assim, não... Mas caro que é diferente você lidar com quem te contratou e com outros. É natural, é normal. Aqui no clube mesmo, eu cheguei com aval do técnico e na próxima temporada pode mudar e também mudar a ideia deles a meu respeito. No Inter acabou saindo algo bom para as duas partes. Não houve nada para tentar me segurar, ninguém tentou impedir o negócio, mas eu entendo. Pode ser que isto tenha contado, a parte política é muito forte aí, mas não foi fundamental no negócio.

A dívida que havia, os valores em aberto, foram quitados?
Sim, sim. Era uma das condições do negócio. Eu abri mão de algumas coisas, o Inter aceitou outras. No final das contas, dei lucro mesmo depois de velhinho (risos).

A pergunta que vem agora você deve imaginar...
Se eu quero voltar, né? Todo mundo pergunta isso. Sempre.

Isso. Você pretende voltar?
A porta está aberta, como eu disse. Saí com um negócio que foi bom para os dois lados, mas é difícil. Eu não gostaria de voltar só por voltar, sem poder contribuir tecnicamente para o time ou algo assim. Vontade de voltar para o Inter eu sempre vou ter. No Brasil, o Inter é minha prioridade sempre. Mas não sei se os caras vão me querer pela quarta vez (risos).