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Corintianos de ferro? Entenda como campeões se lesionaram tão pouco

Fisioterapeuta Bruno Mazziotti (direita) celebra conquista do Brasileirão - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Fisioterapeuta Bruno Mazziotti (direita) celebra conquista do Brasileirão Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

28/11/2015 06h00

Entre as muitas explicações para a campanha vitoriosa do Corinthians está o baixo número de lesionados. Muito abaixo, inclusive, da média do Campeonato Brasileiro. A linha de raciocínio mais comum é sempre apontar o número pequeno de lesões como fruto da sorte do time, desvalorizando o mérito do trabalho. O campeão Corinthians acredita que não. 

Mas se não é por sorte, seriam os corintianos os homens de ferro da temporada 2015? "Há uma média de 65 intercorrências (lesões) por equipe na Série A. Esse ano nós tivemos 23", explica o fisioterapeuta corintiano Bruno Mazziotti ao UOL Esporte.

"Esse número é reforçado com dados da Uefa. Segundo eles, a média na Europa é de que cada atleta sofre duas intercorrências por temporada e, na média, cada elenco tem 30 jogadores. A gente supera a Europa em número de jogos, é importante entender isso. É um dado real, qualificado, um número que trabalhamos", acrescenta Mazziotti. 

Com um minucioso estudo de prevenção de lesões feito pela comissão técnica, o dado citado acima por Mazziotti permitiu a Tite escalar quase sempre seus melhores jogadores. Jadson, Gil, Edu Dracena, Elias, Ralf, Malcom e Vagner Love estão entre os atletas que não perderam nenhuma partida por problema físico. Renato Augusto praticamente engrossa essa estatística: perdeu só dois jogos, mas na 2ª e na 3ª  rodada do torneio. 

Lançado em 2011, o laboratório para prevenir lesões é uma das explicações do Corinthians para números tão baixos. Mas, para o fisioterapeuta, está associado ao estafe de qualidade. 
 
"Faço sempre essa relação. Toda tecnologia é favorável, mas com pessoas capacitadas a fazer o trabalho. Não adianta eu ter uma Ferrari se não sei dirigir. Todo investimento é calcado e baseado em expertise e know how. Temos profissionais capacitados. Temos um treinador que sabe delegar, sabe dar responsabilidade aos profissionais e faz muitas reuniões para definir situações pontuais do grupo. Isso aumenta o nível de responsabilidade de todos", opina.
 
Tão importantes quanto os dados, de certa forma, é o fato de que eles se mantêm. Mazziotti se lembra que com Mano Menezes, na temporada 2014, os números do Corinthians foram semelhantes. Em vez de 24 lesões, foram 23. Agora, a meta é reduzir mais para o próximo ano. A ideia é definir, em breve, quais poderão ser os períodos mais desgastantes de 2016 para quantificar as cargas de treinamento ao longo dos meses e prevenir.  
 
"Setembro foi o mês que tivemos mais lesões, porque tivemos 13 jogos em setembro, com um intervalo menor entre as partidas e já com o acúmulo de carga de toda a temporada. Vamos sentar nos números, avaliar o que pode ser feito", explica o fisioterapeuta, com a mostra de que o número baixo ou alto de lesionados pode ir muito além de sorte e azar.