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Ao lado de diretor do Fla, Muricy dispara contra cartolas do futebol

Muricy Ramalho participa de evento ao lado de Rodrigo Caetano - Danilo Lavieri/UOL Esporte
Muricy Ramalho participa de evento ao lado de Rodrigo Caetano Imagem: Danilo Lavieri/UOL Esporte

Danilo Lavieri

Do UOL, em Itu (SP)

30/11/2015 12h04

“O futebol devia ter parado depois do 7 a 1. E até hoje não mudou nada”. A frase é de Muricy Ramalho, treinador de futebol que, hoje, está sem clube e deve ser anunciado pelo Flamengo em breve. Ele fez todo o seu discurso contra a gestão brasileira do esporte ao lado de Rodrigo Caetano, diretor-executivo do clube carioca. 

Sem citar nomes, o ídolo são-paulino detonou as práticas adotadas por quem está no comando do futebol e disse estar cansado de ouvir sempre as mesmas promessas para que o futebol brasileiro passasse por uma transformação após a vexatória derrota para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014.

“O futebol tinha que ter parado. Tudo o que fizeram depois do 7 a 1 foi culpar o Felipão e não fizeram nada”, destacou na a 1ª edição do UNEFUT Brasil (União Nacional das Entidades de Futebol do Brasil), que acontece em Itu, interior de São Paulo, nesta segunda-feira (30).

“Já estou cansado de ouvir coisas depois do 7 a 1. Qualquer um lá fora é bom e brasileiro nenhum serve para nada. É uma opinião muito equivocada isso daí. Nossa gestão está muito ruim. Eles (executivos e dirigentes) precisam fazer um churrasco aí para resolver. Eles não estão fazendo nada. E na parte técnica, os técnicos estão estudando para caramba. Temos problemas de calendário e muitas outras coisas para melhorar. Eles deviam estar mais aqui do que a gente. Estamos discutindo mudanças de calendário e deveria ter alguém da CBF aqui”, completou.

Muricy ainda aproveitou para citar parte de suas experiências recentemente no Barcelona e disse que o clube precisa adotar uma filosofia e implantar para que o projeto seja levado a sério.

“Eu cheguei no clube na terça, nem conhecia os jogadores e fala que eu tenho que ganhar na quarta. Fizeram agora no São Paulo. Me chamaram e falaram que estavam mal, em 18º, mas já avisaram que eu tinha que ganhar na quarta. Essa é a filosofia”, criticou. “Lá no Barcelona, está escrito de um jeito e é assim, não adianta eu, como técnico, querer mudar alguma coisa lá. Tem a filosofia e depois vem o técnico”, finalizou.

Com Andrés Sanchez e Edu Gaspar na plateia, Muricy exaltou o trabalho desenvolvido pelo Corinthians. “No Corinthians, que está ganhando há tanto tempo, tem pessoas que entendem de futebol, não de política. Eles fazem o meio-campo entre dirigentes e comissão técnica. Precisamos de professores no futebol”.

ENCONTRO CURIOSO

Muricy Ramalho está apalavrado com o Flamengo. No evento desta segunda-feira, ele sentou ao lado de Rodrigo Caetano, diretor executivo de futebol de seu provável próximo time.

Caetano acompanhou atentamente as críticas de Muricy aos dirigentes de futebol de forma geral e explicou que, muitas vezes, acaba perdendo a guerra dentro de um clube na hora de defender os treinadores.

“Ainda estamos muito fragilizados para mudar esse tipo de concepção. Temos de definir o que queremos. Cobra-se o resultado, faz uma pressão absurda em cima dos dirigentes e pedem a cabeça do treinador. No dia seguinte que trocou o técnico, diz que não tem continuidade. Estamos correndo atrás do rabo. A discussão é filosófica”, apontou. 

"É algo inusitado ouvir o Muricy falar que o clube defina a prioridade, a filosofia e depois fala com o treinador. A gente sabe que antigamente os treinadores recebiam a chave do clube e isso não funciona a longo prazo".

Depois de ouvir o discurso de Rodrigo Caetano, Muricy foi questionado se prestou atenção no que o flamenguista falou e limitou-se a responder com humor. "Bastante!".