Topo

Jardel falava em "picanha" para encomendar drogas, diz Ministério Público

Marinho Saldanha e Vinícius Segalla

Do UOL, em Porto Alegre e em São Paulo

01/12/2015 08h01

O deputado estadual suspenso Jardel (PSD), do Rio Grande do Sul, foi flagrado encomendando drogas por telefone, utilizando palavras em código como "picanha", "cerveja" ou "cigarro" para se referir ao que os promotores gaúchos acreditam ser cocaína.

De acordo com o Ministério Público do Rio Grande do Sul, que deflagrou na última segunda-feira (30) a operação "Gol Contra" para apurar supostos desvios de recursos públicos do gabinete de Jardel, o ex-jogador do Grêmio encomendava drogas ao marido de uma funcionária fantasma de seu gabinete. Os promotores acreditam que o salário que a "funcionária" recebia tinha a função de pagar as drogas que o deputado comprava. Ele teve seu mandato suspenso por 180 dias.

Em gravações fruto de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, Jardel pede ao marido da funcionária que entregue "aquela picanha" que ele havia encomendado. Em outra oportunidade, pede que sejam entregues as "cervejas e os cigarros" solicitados.

O que faz os promotores acreditarem se tratar de drogas são os locais de entrega, bem como as orientações dadas ao suposto traficante sobre a discrição necessária no momento de realizar a transação. Em uma das ocasiões, o deputado suspenso determina que a entrega dos produtos seja feita "em um cantinho escuro da garagem", e sem avisar o porteiro de sua chegada no local.

As investigações da operação "Gol Contra" concluíram que existe uma estrutura criminosa instalada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, com Jardel como principal beneficiário. Nesta terça-feira (01), os deputados deverão votar se Jardel seguirá ou não recebendo salário no período em que estiver suspenso. Já o Ministério Público deverá denunciar Jardel à Justiça nas próximas semanas pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Jardel, de 42 anos, brilhou por Grêmio, Porto, Galatasaray, entre outros clubes. Abandonou a carreira de jogador em 2011 e admitiu publicamente envolvimento com drogas. Foi eleito deputado em 2014 com mais de 40 mil votos.