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Ex-membro da comissão de arbitragem da FPF nega assédio e critica demissão

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

03/12/2015 17h39

A Federação Paulista de Futebol (FPF) confirmou desligamento nesta quinta-feira (03) de Arthur Alves, que foi membro da comissão de arbitragem da entidade, após denúncias de assédio moral e sexual contra a árbitra Fifa Regildênia de Holanda Moura se tornarem público. Alves criticou a postura da FPF em demiti-lo e chegou a chamar a entidade de arbitrária.

“Eu nem fui ouvido. O presidente da FPF me comunicou através de um ofício entregando ao Coronel Marinho para me entregar. Não conversou comigo e nem ligou, nada. Eu tinha 10 anos de FPF, de comissão de arbitragem. A Federação, de uma forma arbitrária, julgou, não me ouviu e claro, que também vai responder por isso. Eu vou ver o que cabe, porque ninguém conversou comigo e me desligou da entidade sem apuração dos fatos”, disse Arthur Alves em conversa com o UOL Esporte. 

Alves ressaltou que não deixará seu cargo de presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo. 

Regildênia de Holanda Moura teria comunicado sobre ter sido vítima de assédio de Arthur Alves a Sílvia Regina, membro da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol (Ceaf). Sílvia Regina teria repassado, então, a denúncia ao presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista, Coronel Marinho.

“Foi muito estranho o que aconteceu, juridicamente prescreveu, são seis meses pra você fazer uma denúncia, nós agora estamos tomando as medidas cabíveis, eu estou entrando na justiça, todo mundo me conhece eu estou recebendo apoio de árbitros por e-mail, escrito, eu não fui ouvido pela FPF entendeu, eu não fui ouvido, não teve nem defesa. Todo mundo tem o maior respeito por mim. Quem escala os árbitros é o Coronel Marinho. Eu não fiz nada, estou com a consciência tranquila, não fiz nada de assédio”, completou Arthur Alves.

Coronel Marinho explicou a situação. “O presidente da FPF (Reinaldo Carneiro) achou melhor libera-lo, foi uma modificação que ele quis fazer aqui, é difícil provar estas coisas é uma denúncia de uma pessoa que vem e fala isso, uma coisa que aconteceu em 2009”, comentou Coronel Marinho em conversa com o UOL.

Coronel Marinho ainda contou o teor da acusação da árbitra. “Ela alega que ele (Arthur) queria que ela fosse amante dele, que ia fazer a casa dela, são essas coisas. Aí você pega de 2009 para cá e o que aconteceu na vida da Regildênia de 2009 até aqui? Ela conseguiu o escudo Fifa. Se o Arthur tivesse essa força toda, ela nunca seria uma árbitra Fifa, então tem certos fatos que vão de encontro que ela está fazendo”, comentou Coronel Marinho em conversa também com o UOL.

“Ela (Regildênia) veio aqui falar comigo, só que não falou isso pra mim (sobre assédio), falou que estava sendo perseguida. Ela disse que falou para mim (sobre a proposta de Arthur Alves em 2009), mas não falou, porque se falasse a gente ia tomar providências como nós estamos tomando agora”, completou.

O UOL Esporte falou, ainda, com Regildênia de Holanda Moura, que preferiu não entrar em detalhes sobre a situação. “Eu não quero falar sobre este assunto, o que eu tinha que falar já disse na corregedoria da FPF”.

A reportagem também tentou contato com o presidente da Federação Paulista de Futebol Reinaldo Carneiro, mas a entidade preferiu enviar apenas um comunicado.

“Como parte da reforma da entidade e diante de denúncia apresentada, a Federação Paulista de Futebol decidiu desligar Arthur Alves Júnior do quadro da Comissão de Arbitragem. Paralelamente, a FPF encaminhou a denúncia aos órgãos competentes para devida apuração”, diz a mensagem.