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Del Nero diz à CPI que é inocente: 'eu não sou corrupto'

Marco Polo Del Nero negou qualquer participação em esquemas de corrupção - Marcelo Sayão-22.out.2015/EFE
Marco Polo Del Nero negou qualquer participação em esquemas de corrupção Imagem: Marcelo Sayão-22.out.2015/EFE

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/12/2015 15h12Atualizada em 16/12/2015 18h30

O presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, afirmou nesta quarta-feira (16) que as investigações em curso na Fifa e no Departamento de Justiça dos Estados Unidos provarão sua inocência. Ele esteve em Brasília para prestar depoimento à CPI do Futebol. No Senado, falou quase três horas. Disse que as acusações contra ele “são injustas", mas deixou algumas perguntas sem resposta.

“As investigações mostrarão a correção de minha conduta”, iniciou Del Nero, em pronunciamento, “Sou acusado de forma injusta, mas não me surpreende. Entendo que todos que estamos em altos cargos no futebol podemos ser questionados. Eu me defenderei. Não tenho o que esconder."

"Tudo que tenho é fruto da vida inteira de um trabalho árduo", complementou o dirigente. "Só tomei a decisão de me afastar do comando da CBF para me defender das acusações e facilitar o andamento das investigações."

Após o discurso, Del Nero passou a responder perguntas de senadores. Romário perguntou se a CBF é uma instituição corrupta já que Del Nero e outros ex-presidentes da confederação (José Maria Marin e Ricardo Teixeira) estão indiciados no exterior por suspeita de corrupção. Del Nero negou: "Eu não sou corrupto. A CBF tem sua presidência e 200 funcionários. Respeito todos", disse ele. "Na CBF, não tem caixa 2, não tem corrupção."

Romário, aliás, ao encerrar seus questionamentos, pediu a Del Nero que ele se afaste definitivamente da CBF. O senador, em tom ríspido, disse que a gestão de Del Nero e seus aliados impede o desenvolvimento do futebol nacional. "Queremos uma CBF honesta", afirmou Romário.

Negativas e falta de memória

Na CPI, Del Nero foi questionado por Romário e outros senadores sobre operações financeiras e sobre sua relação com outros dirigentes do futebol. Por vezes, negou informações levantadas por investigações feitas pela CPI.

A comissão, por exemplo, verificou que um avião da CBF esteve em Barbados, país considerado um paraíso fiscal, no ano passado. Nele, estariam a bordo o próprio Del Nero, além de Marin e Teixeira. "Eu não estive em Barbados em 2014. Não conheço Barbados", afirmou veementemente.

Em outros momentos, Del Nero disse não lembrar-se de operações citadas por congressistas. Ratificou não ter cometido irregularidades. 

O dirigente, então, foi questionado sobre o motivo de não mais fazer viagens internacionais. "Foi uma recomendação de meus advogados", respondeu.

2ª visita ao Congresso

Esta foi a segunda vez que Del Nero vai ao Congresso prestar esclarecimentos desde que chegou à presidência da CBF. A primeira foi em junho, quando ele foi sabatinado na Câmara dos Deputados.

Na época, o escândalo internacional de corrupção de futebol que resultou na prisão de José Maria Marin, antecessor de Del Nero na presidência da confederação, já havia estourado. Del Nero falou por horas a deputados e negou qualquer participação em esquemas de corrupção.

Neste mês, entretanto, o Departamento de Justiça do Estados Unidos por suspeitas de também se beneficiar de propinas durante negociações de contratos de direitos de transmissão de torneios de futebol. Ele, então, licenciou-se da CBF para defender-se das acusações contra ele.

Quem assumiu o comando da entidade foi Marcus Vicente. Vicente é deputado federal do PP (Partido Progressista) pelo Espírito Santo. Era vice-presidente da CBF e foi indicado pelo próprio Del Nero para assumir a presidência durante seu afastamento. Segundo Del Nero, ele foi escolhido pois outros vices não lhe pareceram boas opções. "Acabou ficando com o Vicente", disse.

Eleição na CBF

No mesmo dia em que Del Nero e Vicente depõem na CPI do Futebol, a CBF realizou uma eleição para ocupar uma das cinco vagas em sua vice-presidência. A eleição foi convocada depois que Marin, que está preso, renunciou ao cargo. Ele era vice-presidente do Sudeste.

A eleição teve candidato único. Antonio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, é candidato único ao cargo. Ele tem 79 anos. Como na CBF o vice-presidente mais velho assume a presidência em caso de renúncia, Nunes é agora o primeiro na linha de sucessão da CBF.

Antes da eleição, Delfim Peixoto ocupava este posto. Ele chegou a pedir na Justiça a suspensão da eleição na CBF por acreditar que ela era um golpe para manter Del Nero e seus aliados no poder. O dirigente defendeu a legitimidade do pleito.