Vale R$ 13 mi? Reforço do Palmeiras alternou gols e problemas extracampo

De olho na Libertadores, o Palmeiras investe pesado no elenco para 2016: cobiçado por vários times brasileiros, o atacante Erik, do Goiás, custará ao alviverde cerca de R$ 13 milhões. O reforço traz na bagagem, por um lado, gols e o título de revelação do Brasileirão 2014; do outro, problemas extracampo - chegou a ser afastado e duramente criticado por Hélio dos Anjos, um de seus ex-técnicos.

Quem já trabalhou com Erik não contesta seu talento: ele é definido como um atacante rápido, muito frio na frente do gol, características corroboradas pelos números. Fora de campo, não é exatamente definido como problemático; tímido e reservado, entretanto, é considerado um jovem que requer cuidados especiais e precisa ser acompanhado de perto.

Talento e gols

Erik se firmou nos profissionais do Goiás em 2014 - foram 15 gols na temporada e o prêmio de revelação do Brasileirão. Em 2015, repetiu a dose, balançando as redes outras 15 vezes e defendendo a seleção Su-23 no Pan Americano de Toronto.

"O Palmeiras acertou, pela qualidade do atleta. O futebol de hoje está muito rápido e dinâmico, e o Erik tem estas características de velocidade, de mobilidade. Além de tudo isso é artilheiro, está sempre fazendo gols", explica Augusto César, treinador das categorias de base do Goiás.

O sucesso precoce faz com que o artilheiro não escape das comparações com Neymar - o treinador Ricardo Drubscky, que o lançou nos profissionais em 2014, explica que suas características são diferentes.

"É um grande ponto de desequilíbrio ofensivo devido a sua grande velocidade e o seu faro de gol. Ele não tem a habilidade por exemplo do Neymar, mas é rápido, objetivo. Ele é quase imbatível nos últimos 30 metros, 20 metros. O Palmeiras vai ter que saber explorar isso".

Problemas

Pela descrição, os milhões investidos no atacante podem parecer uma pechincha. Entretanto, Erik teve problemas extracampo no Goiás: no meio do ano, o então treinador do clube goiano afastou o jogador por quatro partidas. Depois, já demitido, não poupou críticas. "Nesta faixa etária, é o pior que peguei na minha vida, em todos os sentidos. Como ser humano, profissionalismo, entra tudo. O pior em tudo. Olha que eu peguei muitos jogadores, até no próprio Goiás", disparou.

Profissionais que acompanharam a ascensão de Erik não concordam com as palavras do ex-comandante, mas admitem que o jovem artilheiro possui uma personalidade que requer cuidados especiais.

"Ele é de uma família muito humilde, não é tão simples de se relacionar. É muito fechado, até em relação aos companheiros. Isso causa às vezes até um mal estar, acham que ele é mascarado e que às vezes se sente mais que os outros, mas não é verdade não. É um jogador mais reservado, ele não é de tanta brincadeira mesmo. É um menino difícil, mas falar que é o pior atleta que já trabalhou, isso não", explica Marcelo Segurado, superintendente de futebol do Goiás entre 2011 e 2014.

"É mais um exemplo de talento brasileiro em potencial que ainda não saiu da casquinha do ovo. Ele precisa de um tempo para absorver essa mudança. Um garoto que sai do interior de Belém do Pará e começa a ser destaque nacional e internacional, a tendência é mesmo o garoto sofrer neste início. O Erik não está pronto, mas já representa muita coisa, então é esperar mesmo. No Brasil a gente quer tudo para ontem, principalmente no futebol. O próprio Neymar passou por este período de adaptação no Barcelona e aqui no Brasil. O Palmeiras vai ter que oferecer um período de adaptação ao Erik", diz Drubsky.

Apesar da personalidade introspectiva e dos problemas com Hélio dos Anjos, o ex-goleiro Harlei, que ocupou a superintendência de futebol do Goiás em 2015, faz questão de ressaltar que o atacante é profissional. "Ele não é baladeiro, é casado, não tem nenhum histórico de uso de bebida ou não cumprimento de horário".

Vida nova

Para os profissionais que participaram da trajetória de Erik no Goiás, a chegada a um novo clube será benéfica para a carreira do atacante, que deixará de ser a grande revelação e principal jogador do time. "Eu penso que ele, chegando no Palmeiras, irá colocar mais, vamos dizer assim, os pés no chão. Quando um jogador explode no clube que ele foi revelado geralmente ele se sente mais mesmo", acredita Marcelo Segurado.

Além disso, o Palmeiras tem jogadores experientes, que exercem lideranças positivas e são conhecidos pelo profissionalismo - são os casos de Fernando Prass, Zé Roberto e Rafael Marques. Talvez passe por eles o caminho para que Erik cumpra com a sua segunda camisa verde, no futebol paulista, tudo o que prometeu com a primeira.