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Técnico 'ideal' pra crise financeira: ele salvou times com pouco dinheiro

Guto Ferreira renovou contrato para a próxima temporada com a Chapecoense - Reprodução
Guto Ferreira renovou contrato para a próxima temporada com a Chapecoense Imagem: Reprodução

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

26/12/2015 06h00

Um levantamento feito pelo site Por cotas de TV Justas colocou Guto Ferreira no centro do último Campeonato Brasileiro: como fazer muito com pouco dinheiro? O treinador tem a receita. 

Chapecoense e Ponte Preta, nesta ordem, são os clubes cujos pontos conquistados custaram menos na Série A 2015. Cada ponto da Ponte custou 352 mil e cada ponto da Chape custou 446 mil. Sabe quanto custou cada ponto do Flamengo? R$ 2,24 milhões. 

Na prática, significa que os dois dos times com menores cotas da Série A driblaram a disparidade das cotas de televisão e atingiram seus objetivos na competição. Guto, em 13 rodadas pela Chapecoense e 16 pela Ponte Preta, deu sua contribuição. 

"Foi uma coisa bem legal isso", explica Guto Ferreira ao UOL Esporte. "Tem todo o trabalho diretivo, mas também um trabalho de campo qualificado e colocando isso em movimento para chegar a esse nível. Minha pontuação foi bem interessante", conta a respeito dos 36 pontos que conquistou, por dois clubes diferentes, em 29 rodadas. 

O aproveitamento do treinador é de 41%, longe do último Brasileirão. Mas, para as equipes com menor cota de televisão, representa segurança de permanência na Série A. Abaixo, Guto dá a receita para o sucesso com pouca grana. 

SEM DINHEIRO É DIFÍCIL

Quem trabalha com pouco dinheiro não pode errar. Não há um trabalho preventivo. Na Ponte preta, a saída do Cajá só foi reposta na sequência. Você não podia contratar outro porque não cabia no orçamento esse salário. Não tem como fazer a adaptação do jogador que chega com o campeonato seguindo. Saiu um cara com um salário 'xis' e o que entra não vai ter o mesmo nível porque você precisa trazer um com salário mais baixo com exigência do rendimento imediato.

SEM REFORÇO É MAIS AINDA

Na Chapecoense, usamos a Copa Sul-Americana para conhecimento do grupo. Com quatro rodadas, tivemos ideia do que tínhamos em mãos e tivemos a felicidade e a percepção de encontrar um modelo de jogo que encaixasse e que se efetivou com vitória maiúscula sobre o Palmeiras. Mudamos de três volantes para dois, com mais jogadores de organização. Isso deu um nível de confiança da equipe que vinha de um primeiro turno qualificado. 

Obs.: Guto assumiu a Chapecoense a 13 rodadas do fim. 

EM TIME GRANDE É MOLEZA

Geralmente o time grande tem uma base forte, com três ou quatro opções por posição. A exigência é maior? Isso eu não concordo. Se você põe todo mundo em condição de jogo, acabou. Quem sente pressão é porque não é do ramo. Mas, quando os grandes relaxam, a gente papa (risos). Quando estão em alta e jogam no seu melhor, por mais que a gente tente, é difícil.

EM 2016, GUTO CONTINUA COM POUCA GRANA

Não recebi convites oficiais. Tudo que aconteceu até agora foi só sondagem. Ninguém chegou com proposta. Quem chegou foi a Chapecoense e dois clubes de grande gabarito, mas da segunda divisão. E eu não desprezo, não, mas a Chape em relação aos dois clubes, faz com que nesse momento eu dê prioridade. Meu projeto é no momento é na primeira divisão.

Obs.: Foi especulado em Cruzeiro, São Paulo e Fluminense. 

A CHAPECOENSE JÁ CONTRATOU SETE

Vamos buscar resultados expressivos no primeiro semestre, por isso a gente vem buscando a manutenção da base da equipe, O goleiro Danilo continua, os três principais zagueiros, tentamos renovar com Apodi e Dener, o Gil e o Cléber Santana continuam, o Camilo foi sondado mas tem contrato até o fim de 2016, o Maranhão, o Bruno Rangel e o Ananias renovaram. 

Obs.: Gimenez (lateral direito ex-Goiás), João Lucas (lateral ex-Paysandu), Josimar (volante ex-Ponte Preta), Moisés (volante ex-Avispa-JAP), Martín Alaniz (atacante ex-River Plate), Kempes e Silvinho (atacantes ex-Joinville)