Topo

Menos receita e longe da torcida: Rio-2016 deixa times cariocas sem 'casa'

Renan Rodrigues/UOL
Imagem: Renan Rodrigues/UOL

Bernardo Gentile e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/01/2016 06h00

O ano de 2016 será especial para a cidade do Rio de Janeiro, com a realização dos Jogos Olímpicos. O mesmo, no entanto, não se pode dizer para o futebol carioca. Por conta da Rio-2016, os grandes clubes da cidade perderão as duas principais casas para a temporada: Maracanã e Engenhão.

Palco das cerimônias de abertura e encerramento, finais do futel e competições de atletismo, as duas arenas ficarão indisponíveis para os jogos de Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco durante a maior parte de 2016.

Junto a perda dos estádios, os clubes terão problemas na área financeira. Com grandes capacidades, ambos representavam grande fonte de arrecadação nas últimas temporadas – especialmente em 2015, quando ficou aberto em tempo integral.

O primeiro prejudicado será o Botafogo, que entregará o Engenhão à Prefeitura do Rio e ao Comitê Olímpico Internacional já neste início de janeiro. O estádio, que teve água e luz cortados por falta de pagamento, deixará de ser a casa alvinegra.

Sem seu principal local de treinos e jogos, o clube de General Severiano tenta recuperar um antigo espaço para não gastar com custos de outros locais. A ideia da diretoria é utilizara o reformado estádio de Caio Martins para jogos de menor porte. Após uma tentativa mal sucedida de ampliação para 18 mil lugares, o local terá capacidade para 6 mil torcedores.

Em jogos maiores do Estadual, da Copa do Brasil e do Brasileiro, a ideia é utilizar o estádio do Tupi, em Juiz de Fora (MG), onde o clube possui boa torcida.

No Fluminense, sem maiores alternativas, o clube deverá recorrer a soluções estaduais para o Carioca. Estádio de Macaé e Volta Redonda deve receber o Tricolor. Para os jogos da Liga Sul-Minas-Rio, a diretoria também estuda o bem avaliado estádio de Cariacica (ES).

No Flamengo, que sofrerá o maior baque financeiro inicial, a solução deverá ser a mesma para o Estadual. Em jogos maiores, no entanto, o time deve rodar o país atuando em estádios que receberam a Copa do Mundo.

"Perder o Maracanã e o Engenhão é desagradável, mas não representa necessariamente perda de bilheteria. Ao contrário, normalmente conseguimos receita superior jogando fora do Rio. A receita de bilheteria do carioca normalmente é ínfima. Qualquer amistoso rende mais", explicou o presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, que já negocia a realização de dois jogos no Nordeste para este mês de janeiro - contra Ceará (21) e Santa Cruz (24) - e projeta uma receita de mais de R$ 2 milhões.

O clube ainda avalia as opções de reformas e ampliações em estádios na Ilha do Governador e em Campo Grande para não ficar longe da torcida carioca. "Os projetos alternativos de estádios ainda estão sendo tratados. Podem ser concretizados ou não", explicou Bandeira.

No Vasco, o prejuízo será menor, visto que o clube tem seu estádio. Em jogos maiores, no entanto, o clube deixará de faturar nas partidas que poderiam ser realizadas no Maracanã – como em 2015. Na última temporada, o clube lotou o principal estádio do Rio em diversas oportunidades e comemorou o fim do jejum de 12 anos de títulos estaduais no local que será fechado no primeiro semestre de 2016.?

Com um mês de preparação dentro de campo e com tempo para negociações, os times cariocas, ainda sem casa, iniciam sua temporada em 31 de janeiro.