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Parceiro de Gabriel Jesus já driblou ausência dos pais, dispensas e doença

Kaue está entre as esperanças do Palmeiras para a Copa SP - César Greco/Divulgação/Palmeiras
Kaue está entre as esperanças do Palmeiras para a Copa SP Imagem: César Greco/Divulgação/Palmeiras

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

04/01/2016 06h00

Quem vê a tranquilidade de Kaue diante dos goleiros adversários, não imagina o que o atacante palmeirense de 18 anos já passou. 

Até se tornar jogador observado por Marcelo Oliveira e um dos destaques dos juniores para a Copa São Paulo (estreou no domingo com dois gols que salvaram o time da derrota para o Sampaio Corrêa), o atacante canhoto que impressiona pelo drible rápido e pela finalização precisa passou por uma série de provações na vida e no clube. Ele chegou ao Palmeiras com 15 anos e rapidamente se tornou um dos maiores amigos de Gabriel Jesus, mas foi o treinador Bruno Petri um de seus principais aliados. 

Foi graças à insistência dele, então treinador do sub-17, que o Palmeiras descobriu porque Kaue não conseguia treinar e jogar com a intensidade dos demais colegas. Ele era lateral esquerdo, mas foi justamente por essa dificuldade que acabou deslocado para o ataque. 

"Ele tinha dificuldade grande para se condicionar. Pedi a todas as áreas do Palmeiras que estudassem o Kaue. A área médica fez exames e descobriram um problema de bronquite muito sério. Ele passou a usar uma bombinha e aquilo ajudou muito para que se condicionasse melhor", explica Bruno ao UOL Esporte.

A dificuldade em se estabelecer como um dos destaques no time de Gabriel Jesus, porém, mexeram com Kaue. A impaciência fez ele perder treinamentos, discutir com o treinador e, por duas ocasiões, deixar o treinamento dos juvenis. Na base do Palmeiras, a dispensa do atacante canhoto chegou a ser quase deliberada, mas parou na posição firme de Bruno Petri. Funcionários do clube atestam a participação do treinador ex-São Paulo para que o garoto permanecesse. "Você precisa educar, formar o menino", explica. 

No caso de Kaue, esse comportamento dos superiores era ainda mais importante. O garoto cresceu na periferia da zona norte de São Paulo praticamente sem contato com os pais. É criado pela avó e por um tio e, em alguns momentos de sua trajetória no Palmeiras, foi necessário tirá-lo de casa. "Ele não conseguia trabalhar, então tiramos ele desse convívio para se concentrar mais no trabalho e entender a importância disso na vida dele", conta Petri. 

Todo esse trabalho começou a dar resultado, de verdade, na temporada 2015. Enquanto Gabriel Jesus foi para os profissionais, Kaue ganhou espaço para terminar o ano como destaque ao lado do goleiro Daniel e do zagueiro Augusto. Os três estão escalados para a próxima Copa São Paulo, e Petri fala com orgulho da cria. 

"Na formação, você precisa visualizar o que pode fazer para melhorar cada jogador, e foi o que aconteceu com o Kaue. Ter pronto é bem difícil".