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Ex-goleiro Bruno lembra 7 a 1 na prisão e revela mágoa com ex-flamenguistas

Renata Caldeira/TJMG
Imagem: Renata Caldeira/TJMG

Do UOL, em São Paulo

06/01/2016 01h09

Condenado em março de 2013 a 22 anos e três meses de prisão, o ex-goleiro Bruno projetou, nesta terça-feira (05), em entrevista à Rádio Itatiaia, volta aos gramados depois de cumprir a sua pena. Mais do que isso, revelou mágoa de ex-companheiros de Flamengo e dor pelo 7 a 1 sofrido pelo Brasil na Copa de 2014.

O caso da morte de Eliza Samudio, ordenada por ele, veio à tona em 2010 – Bruno era jogador do rubro-negro carioca, e havia conquistado o título brasileiro do ano anterior.

“Esperava ter recebido cartas de algum jogador do Flamengo daquele grupo, até por tudo que eu fiz entre nós. Tomei pancada defendendo muita gente, que agora sei que não merecia. Eles não mereciam minha amizade”, disse o ex-atleta.

O time, em 2010, tinha no elenco nomes como Vagner Love, atualmente no Corinthians, e Petkovic e Léo Moura, ídolos da torcida flamenguista.

Em setembro de 2015, por pedido próprio, Bruno foi transferido do Complexo Penitenciário Nelson Hungria para o Centro de Reintegração Social da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC), onde cumprirá o restante da pena.

“Minha carreira não vai acabar na prisão”

Espero voltar, não sei se vai ser em ano ou mais, mas vou atrás do meu objetivo. Não vou acabar com minha carreira atrás das grades. Minha mãe sempre falou: “lutar sempre, perder às vezes, mas desistir jamais”. Quando eu olho para minha mãe, minha esposa, minhas filhas, e elas sorriem para mim, isso me fortalece.

Acho que preparação é o dia a dia. Se eu falar para você que estou preparado, vou estar mentindo. Creio que estou preparado para encarar, mas não sei o que há de vir. Será pesado. Venho trabalhando psicologicamente com profissionais. Fisicamente, há as ferramentas necessárias. Espiritualmente, creio estar mais próximo de Deus.

“Eu sou Atleticano”

(Você assiste a jogos de futebol?) Depende do jogo. Se for o Atlético-MG que estiver jogando, vou acompanhar. Sou atleticano. A gente puxa até o coro para o Atlético, quando meu Galo está jogando. Bons jogos, uma final, acompanho também. Antes qualquer jogo eu assistia.

“Acho que estaria na Copa”

Seleção quase não acompanho, porque eu olho, lembrando principalmente de Copa de 2014... foi frustrante. Cada gol que o Brasil tomava, me doía porque eu sabia que tinha qualidade para estar ali.

Na Copa, estava no Regime Disciplinar Diferenciado. Lá não pegava rádio, mas o pessoal se movimentou. Copa mexe com todos. Conseguimos a liberação para ouvir. Improvisamos uma antena. Quando o rádio falava “gooool”, era da Alemanha. E isso me doía. Acho que eu estaria entre os três na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.  

Não consigo assistir jogos dos times em que eu joguei. Nem do Milan, porque eu tinha um pré-contrato assinado com o time. Eu ia para o Milan.  

“Eu perdi tudo”

Muita gente acha que eu sou um “Tio Patinhas” da vida, que tenho uma fortuna guardada lá fora. Perdi tudo. Tudo. Estou financeiramente zerado. É um recomeço da minha vida.