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Mais treino, menos marketing. O que muda na pré-temporada caseira do Grêmio

Jogadores do Grêmio treinam sob forte sol em pré-temporada do clube  - Lucas Uebel/Grêmio
Jogadores do Grêmio treinam sob forte sol em pré-temporada do clube Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

14/01/2016 06h00

Ao contrário do que normalmente faz, o Grêmio optou por realizar a pré-temporada em Porto Alegre em 2016. A serra gaúcha, que normalmente abriga o Tricolor neste período, apresentou uma série de propostas, mas por opção da comissão técnica a determinação foi ficar em casa e usar a estrutura do CT Luiz Carvalho. E o que muda com tal determinação? Distância da torcida e do marketing e uma melhor condição de trabalho são as alterações mais fortes na rotina gremista.

Seja em Bento Gonçalves, Gramado, Canela ou cidades como Lajeado que também apresentou proposta para ter a pré-temporada do Grêmio, o Tricolor encontrava campos bons, mas não da mesma forma dos que possui no CT Luiz Carvalho. Recebe autorização para usar sozinho as melhores academias da região, mas não possui à disposição os mesmos equipamentos de avaliação que tem nas salas do Centro de Treinamento. E ainda enfrenta a distância entre um ponto e outro. 
 
No ano passado, por exemplo, era necessário deslocamento de ônibus que demorava aproximadamente 20 minutos da academia utilizada pelos atletas até o campo de treinamentos. Este tempo perdido desagrada a comissão técnica atual. Nas atividades de pré-temporada, os grupos de trabalho saem da musculação para o campo, sem descanso. O período de ônibus atrapalharia melhores resultados. 
 
O controle de alimentação e descanso dos atletas segue o mesmo. Os jogadores estão em Porto Alegre, mas sob regime de concentração. Enquanto não estão treinando, permanecem no hotel que já serve de base em véspera de jogos na capital gaúcha. 
 
Mas a torcida perde contato com o elenco. A pré-temporada, além de preparar o grupo para os jogos do ano, também era o momento de interação de aficionados e jogadores. Principalmente em cidades que não recebem os atletas com frequência, os torcedores acompanhavam cada treino, vibravam com gols em trabalhos de conclusão, podiam pedir autógrafos, aproximarem-se dos jogadores, conviver com ídolos que por vezes parecem distantes. Isso não acontece em Porto Alegre. 
 
Sem arquibancadas e com a presença de torcedores proibida, o CT Luiz Carvalho impede qualquer momento de interação. Na apresentação do grupo, por exemplo, os cerca de 50 aficionados que esperaram em frente ao CT com bandeiras e faixas não puderam sequer se aproximar dos jogadores. Na serra, a chegada já era evento grandioso com carreata e recepção calorosa dos fãs. 
 
Outro ponto que perde com a permanência em Porto Alegre é o marketing. Não há evento consular, não tem jantar de autógrafos dos jogadores, não há expansão da marca em mercados importantes do interior gaúcho. 'Em casa', a única atividade ficará por conta do amistoso do próximo dia 23, provavelmente diante do Danubio, do Uruguai. 
 
O Grêmio manteve o expediente e vendeu os 'naming rights' da pré-temporada. Mas a marca acaba menos vista pois não há ninguém além dos funcionários do clube e da imprensa acompanhando cada atividade. Tentando 'driblar' este suposto distanciamento, o departamento de comunicação tem transmitido todos os treinamentos através do canal do clube no Youtube.  O Grêmio planeja, ainda, um treino aberto para contemplar os aficionados, mas ainda não há garantia disso. 
 
A ideia é esquecer tudo que ocorre fora de campo e focar apenas na preparação. Longe de tudo, quem sabe o Tricolor consiga romper o jejum de títulos que já dura desde 2010.