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Liga Sul-Americana tem uma grande meta: entrar no comitê da Conmebol

Movimento de clubes da América do Sul não pretende organizar torneio paralelo - AFP PHOTO / Juan Mabromata
Movimento de clubes da América do Sul não pretende organizar torneio paralelo Imagem: AFP PHOTO / Juan Mabromata

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

03/02/2016 06h00

A Primeira Liga tem uma irmã que fala espanhol. Criada no começo de janeiro, a Liga Sul-Americana reúne 18 grandes clubes do continente e volta a se encontrar nesta quarta-feira (03), em Buenos Aires. Com acréscimo de times brasileiros, a organização pretende montar seu estatuto e traçar planos. O mais importante deles visa buscar vaga no comitê-executivo da Conmebol, para influenciar diretamente em cotas de TV e regulamentos de competições.

Ao contrário da Primeira Liga, que encontrou resistência na CBF e teve uma queda de braço com a Ferj, a nova entidade sul-americana já nasceu próxima da Conmebol – se aproveitando da fragilidade da entidade.

“Não é algo contra a Conmebol, mas sim em favor dos clubes. Nos encontramos com eles e iniciamos a discussão sobre uma reforma geral na relação. Fomos muito bem recebidos”, diz Juan Pedro Damiani, presidente do Peñarol e um dos organizadores da reunião de fundação da Liga.

O principal objetivo é conseguir uma vaga no comitê-executivo da Conmebol. Lá, um representante dos clubes poderá deliberar diretamente sobre contratos de direitos de transmissão e derrubar o pagamento de 10% dos ingressos à confederação.

No encontro em Buenos Aires, os clubes argentinos e uruguaios vão propor debate sobre forma de escolha de um representante e duração do mandato. A força política atribuída ao Boca Juniors junto à Conmebol será tratada com cuidado.

"A presidência da Liga é o menos importante. Todos falam do Boca, mas ele foi eliminado da última Libertadores, não foi? O vital é reunir os clubes, algo que nunca existiu", comenta o dirigente do Peñarol. "Tudo tem seu tempo, não há imposições. Temos negociações. Queremos estar mais perto de questões que nos influenciam. Não queremos tratar de Copa América e coisa assim, mas do nosso dia a dia. Nós pagamos os jogadores, os estádios... E tudo vai para TV", completa.

A relação totalmente distinta em comparação com o cenário da Primeira Liga, no Brasil, também traz a reboque outra diferença: nenhuma chance de criação de um campeonato independente. No ano passado, um grupo de empresários chegou a fazer a propor uma Champions League das Américas, mas a ideia nunca mais voltou à tona. E também não está na pauta da Liga gringa.

“Hoje, não pensamos nisso (competição independente). Temos força, somos clubes tradicionais e se não entrarmos em campo não existe Libertadores. Mas agora, não pensamos em nada disso”, afirma Damiani. "A Libertadores tem história, mas a cada dia o futebol é mais espetáculo. É preciso conversar sobre isso e sobre a participação de todos nesse cenário", acrescenta.

Brasileiros convidados

Grêmio, Internacional e São Paulo são os brasileiros já confirmados na reunião em Buenos Aires. Para o tricolor gaúcho, a ideia ainda é muito incipiente e a anistia divulgada pela Conmebol na terça-feira não foi um sinal de evolução.

"Estou indo mais para acompanhar. O que eu espero? Não tem como esperar nada. Fiquei decepcionado com a decisão da Conmebol e se a ideia é criar uma liga, é preciso deixar de lado muitas coisas. Muitos vícios antigos. Não conheço o cenário político e vou me colocar a par de tudo isso", afirmou Romildo Bolzan Jr, presidente do Grêmio. O Inter enviará seu vice-presidente jurídico, Giovani Gazen, por entender que o encontro terá caráter técnico na assinatura de estatuto ou protocolo de colaboração.

Além dos times brasileiros, a Liga Sul-Americana ganhará adesão de equipes da Venezuela e Colômbia na reunião desta quarta-feira. Ainda não há data para que a Conmebol recebe novamente o grupo, mas ela já sabe que tem uma representante da família de associações de clubes batendo na porta.