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Preparador destaca Prass exemplar e diz como prefere ganhar a Libertadores

Prass em ação na final da Copa do Brasil, durante a decisão por pênaltis - Miguel Schincariol/AFP
Prass em ação na final da Copa do Brasil, durante a decisão por pênaltis Imagem: Miguel Schincariol/AFP

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

03/02/2016 06h00

Oscar Rodríguez já levantou o troféu da Libertadores uma vez, assim como o Palmeiras. A partir do próximo dia 16, o preparador de goleiros alviverde e o clube paulista darão início à luta pelo bicampeonato continental. Entre eles estará um dos maiores ídolos do time: o arqueiro Fernando Prass.

O camisa 1 já trabalha com Oscar desde setembro de 2014, quando o preparador chegou ao Palmeiras. Desde então, a dupla virou sinônimo de bons resultados. Somente no ano passado, o time alviverde disputou quatro decisões por pênaltis. Nelas, Prass conseguiu fazer quatro defesas em 19 chutes, com três vitórias.

Os bons resultados rendem até uma certa comparação a Marcos, que também brilhou nesse fundamento. Para Oscar, Prass chegou à condição por meio da obstinação. "Ele é um atleta exemplar. Um atleta que se cobra muito e busca cada vez mais no dia a dia. O momento dele também é fruto desse querer mais", afirmou em entrevista ao UOL Esporte.

Logo no começo deste ano, o Palmeiras pôde ter uma prévia da Libertadores ao disputar um torneio no Uruguai. Na final, Prass defendeu dois pênaltis na decisão, após empate por 0 a 0 no tempo normal. Apesar disso, o time alviverde perdeu o título.

"Na Libertadores espero resolver nos 90 minutos. É um campeonato diferente, é aguerrido. Tive a oportunidade de disputar em cinco oportunidades e tento passar para eles essa experiência adquirida nesses anos. Agora vou buscar essa nova conquista aqui", disse Oscar, finalista com o Cruzeiro em 2009 e com o Santos em 2011, quando foi campeão.
 

Pressão no clube da escola de goleiros

Preparador de goleiro Oscar Rodríguez - Cesar Greco/Ag Palmeiras - Cesar Greco/Ag Palmeiras
Oscar chegou ao Palmeiras no fim de 2014
Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras

O Palmeiras mostrou ao longo das décadas a capacidade de revelar grandes goleiros. Essa história começou com Oberdan Cattani e ganhou força com a dupla Valdir Joaquim de Moraes e Leão. A partir da década de 1990, Marcos tornou-se mais um exemplo dessa tradição.
 
Nos últimos anos, entretanto, o clube passou a contratar mais atletas para a posição. Desde 2013, Prass, Jailson, Aranha e Vagner foram contratados pela diretoria. As revelações da base, com isso, passaram a ter menos chances. Fábio, por exemplo, passou por um momento difícil na reta final do Brasileirão 2014, quando Prass se recuperava de contusão. Antes, Bruno viveu algo parecido. 
 
"A pressão existe, sim. Mas acredito que seja uma pressão saudável. Todo mundo sonha em atuar no Palmeiras. Todo mundo quer estar no Palmeiras. É um clube mundialmente conhecido. Então a pressão se torna boa. Parou de revelar talvez por essa pressão. É normal um clube do tamanho do Palmeiras criar alternativas", ressaltou.
 
Para Oscar, é normal existir pressão quando um grande jogador decide encerrar a carreira. A ideia é transformá-la em algo positivo. "Sempre há uma pressão grande quando um ídolo para. O Marcos é único, é inigualável, assim como foi o Oberdan, Valdir. Jogar no Palmeiras é um sonho de muitos. A gente espera que essa pressão venha em benefício do atleta e do clube", frisou.
 
O preparador ressaltou ainda a responsabilidade que tem no clube. "O Palmeiras é famoso por sua escola de goleiros. Estar aqui é uma satisfação imensa. E espero dar sequência para formar novos valores", disse.
 

Juntos na rotina do clube. E nas conquistas

A relação entre os dois é intensa no dia a dia da Academia de Futebol. A cada defesa do goleiro nos treinos, por exemplo, o preparador elogia e incentiva o goleiro. Nos bastidores, o discurso é diferente. Oscar admite que precisa pedir para Prass se doar menos.

"Ele tem muita concentração e profissionalismo, tem isso de querer mais. Ele busca muita informação. A gente regula o Prass inclusive para menos", admitiu Oscar, que ainda vê espaço para o goleiro ir além. "Ele pode melhorar o rendimento", disse.
 
Durante a decisão contra o Santos, Oscar revela que chegou a conversar com o goleiro antes das cobranças. O preparador, porém, não passou instruções. Segundo ele, Prass já havia absorvido todas as informações levantadas pela comissão técnica.
 
"Foi uma conversa apreensiva. Mas nós tínhamos treinado muito, com muitas informações do departamento de tecnologia. Falamos que era preciso ter tranquilidade, de fazer com que ele acreditasse. E ele acreditou naquele momento. A gente municia ele com informações, mas aquele momento é dele. Não acredito na última instrução. A decisão final foi ele", finalizou.