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Do berço de estrelas às drogas e polêmicas. O passado do reforço do Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

09/02/2016 06h00

Desembarcou em Porto Alegre às 15h30 de segunda-feira o novo reforço do Grêmio. Miller Bolaños, de 25 anos, foi logo recepcionado como se já tivesse enfileirado títulos usando azul, branco e preto. Cerca de 150 gremistas fizeram muita festa para celebrar o acordo que movimentou 5 milhões de dólares [R$ 20 milhões] com apoio de um investidor. Nem mesmo o passado controverso de um jogador que surgiu como promessa e esbarrou em mau comportamento e punição por uso de cocaína abalam a expectativa gaúcha. 

Bolaños foi descoberto no Caribe Junior pelo conhecido formador de atletas Pablo 'Papi' Perlaza. Havia sido convocado para seleção Sub-17 do Equador com 16 anos. E o que significa isso? O mesmo berço de estrelas equatorianas como Enner e Antonio Valencia, ambos no futebol inglês atualmente. 
 
Mas o destino não foi o mesmo. Bolaños foi levado para o Barcelona de Guayaquil por Perlaza, lá deu seus primeiros chutes no futebol profissional. Sempre com status de futuro craque, lá ganhou apelido de 'The Killer', o matador. Só que aos 18 anos teve tal trajetória interrompida. Seu exame antidoping atestou positivo para cocaína. Ele foi suspenso por dois anos. Mais tarde, uma liminar reduziu a pena para seis meses. 
 
Na ocasião, amigos e familiares confidenciaram que Bolaños havia, de fato, utilizado a droga. A fama de 'bad boy' só fez crescer. No Equador, falavam que o atleta andava armado e sempre escoltado por uma série de seguranças. 
 
"É precisa entrar na parte humana, tratar da doença. Se ele tem uma recaída, sua carreira no futebol termina. Estamos fazendo um trabalho especial, até com a família dele", disse o diretor de futebol o Barcelona na ocasião, Antonio Nodoa.
 
Quando voltou a jogar futebol se transferiu para a LDU. Voltou a ter bom desempenho, mas os problemas fora de campo persistiam. Faltou uma série de treinamentos e brigou com companheiros. Tanto que em 2011 foi afastado do elenco principal como punição pelo mau comportamento. Trabalhou no time B até se transferir para o Chivas, dos Estados Unidos. 
 
Longe do Equador pela primeira vez Bolaños naufragou. Marcou apenas três gols em 32 jogos. E o Chivas insistiu em sua utilização. Tanto que levou junto uma série de jogadores do Equador para que a estrela não se sentisse só. Mas a rotina de atos de indisciplina seguiu até que os dirigentes do clube perderam a paciência e resolveram emprestá-lo ao Emelec.
 
Lá retomou a carreira e a rotina de gols. Tanto que seria vendido ao Changchun Yatai, da China. O Grêmio, contudo, aproveitou-se de um pedido do técnico da seleção equatoriana, que disse que a ida à Ásia não seria boa para a participação dele pela seleção. Agora repetidamente convocado e, ao que tudo indica, com a cabeça no lugar, ele terá três anos de vínculo com o Grêmio. 
 
Números que referendam investimento
 
A direção do Grêmio diz basear a contratação, além do conhecimento do jogador em números. Desde o retorno após a punição por uso de cocaína, os números do jogador foram estes:  24 jogos e sete gols em 2009,  31 jogos e 10 gols em 2010, 30 jogos e quatro gols em 2011. todos pela LDU, 32 jogos e três gols em 2012, no Chivas-EUA, nove jogos e um gol pelo Emelec, em 2013, 48 jogos e 24 gols também pelo Emelec em 2014, 48 jogos e 36 gols pelo Emelec em 2015 e mais sete jogos e três gols pela seleção do Equador.