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'Santo das defesas' e hit na web: Geromel dobra o pai corintiano por Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

21/03/2016 06h00

GeroHummells, GeroMito e até GeroMessi. Todos apelidos que surgem na internet são atribuídos à mesma pessoa. Pedro Geromel. Vivendo grande fase, o defensor superou desconfiança e 'dobrou' pai corintiano para ficar no Grêmio. Hit na internet e 'santo das defesas', ele celebra o momento. 

Foram quatro nesta temporada. Defesas dignas de goleiro. Quando a bola já tinha passado por Grohe, Geromel evitou gols. Três em jogos fundamentais, contra San Lorenzo, LDU e Internacional. Lances que só fortaleceram a fama de 'santo', que povoa a internet. 
 
"Não são lances planejados. O ideal seria que não acontecessem", disse sobre as 'defesas'. "O pessoal é muito criativo. Recebo fotos minhas todos os dias no celular com montagens", sorriu ao citar os memes. 
 
E em tom descontraído, Geromel ainda contou que o sonho de seu pai é vê-lo no Corinthians, algo que por vontade do clube paulista já teria acontecido. Mas ele conseguiu 'dobrar' a vontade paterna para seguir no Tricolor. Confira o bate-papo exclusivo com a reportagem do UOL Esporte. 
 
O ato de fazer as 'defesas' (foram quatro na temporada) é algo treinado, planejado, você pensa onde a bola pode ir?
 
É muito da concentração e estar no lugar certo na hora certa. Nos posicionamos ali... Não tem muito planejamento, não é pré-planejado, é na hora, você vê que vai acontecer a situação... Estou normalmente na frente do Marcelo... São lances inusitados que aconteceram e eu tive a possibilidade de ajudar ele e evitar que a bola entrasse 
 
Já tinha acontecido na tua carreira?
 
(Risos) Não, tá louco... Em um mês e meio tirar quatro bolas de cima da linha...  
 
O Marcelo te cumprimenta depois, no vestiário? Ele falou que você salvou ele algumas vezes, que tem que mandar luvas para você...
 
Sempre conversamos, mas com profissionalismo... Para mim, quanto menos acontecer este tipo de lance, melhor porque a bola não passou perto da trave. O importante é estar se ajudando e ter companheirismo. Esta união é o diferencial do nosso grupo. 
 
Na internet há muitas fotos suas. Com corpo de santo, levantando taça da Libertadores... Você já viu essas fotos? 
 
Vejo todos os dias. O que me mandam de coisas no WhatsApp é demais. Eu só dou risada. Minha família, meus amigos, todos mandam. O pessoal de lá de São Paulo, meus amigos de Porto Alegre me atualizam disso. O pessoal é muito criativo. 
 
E os apelidos? Na internet tem GeroMito, GeroHummells e até GeroMessi...
 
(Gargalhada) Tá louco (risos) O pessoal, como eu disse, é muito criativo. Nas redes sociais as notícias se espalham muito rápido. Isso é muito legal.
 
A torcida do Grêmio te considera ídolo. Desde 2014 você conquistou a torcida muito rápido. O que te parece isso e como é a relação com a torcida no dia a dia? 
 
Pra mim é um prazer imenso ter o trabalho reconhecido. Ninguém me conhecia quando cheguei, zoavam com meu nome, diziam que era parecido com isso e aquio... E hoje você vê que tudo é o contrário. É pelo que fiz dentro de campo que tiveram essa recepção. Eu sempre achei torcida sempre achei muito legal, sempre fui fã da torcida do Grêmio, quando você vai jogar na Arena, vai entrando em campo vê a torcida, é uma atmosfera fenomenal... Todos gritam o teu nome, é algo inexplicável. 
 
Era assim também na Europa?
Graças a Deus, nos clubes que eu passei sempre tive uma boa relação coma torcida. O Vitória de Guimarães tem uma das torcida mais fanáticas de Portugal e foi muito legal lá, fui a transferência mais cara da história do clube. No Colôina também, fui capitão a torcida me carregou no colo. Sempre tive uma boa relação nos clubes pelos quais passei. 
 
Sua família é sócia do ex-jogador Ronaldo Nazário no Fort Lauderdale Strikers. Como é sua relação com isso, com Ronaldo, e espera jogar lá algum dia? 
 
Eu tento ficar distante disso. Converso das minha filhas, como eles estão, meus avós,... mais assuntos pessoais. Tive umas duas ou três vezes com Ronaldo, mas foi bem formal, nada pessoal. Não tenho plano (de jogar lá algum dia), não passa pela minha cabeça.
 
Muita gente da torcida, da imprensa e do próprio Grêmio questiona por que você não tem sido convocado para seleção brasileira. Você também se questiona isso?
 
Muito pelo contrário. Se por acaso o meu nome for associado à seleção brasileira, para mim já é uma honra enorme. E será pelo futebol que tenho jogado no Grêmio. Então tento manter meu foco no Grêmio, tentando sempre ajudar, deixando tudo que tenho dentro de campo. Quero é trazer a vitória para o Grêmio, que é meu clube que não tenho  palavras para descrever. Isso é o maximo para mim. Se for convocado algum dia, ficarei muito feliz, mas não é uma obsessão.
 
Teu pai é corintiano, não é? E torcedor fanático... Ele queria que tu jogasse no Corinthians? E o Corinthians tentou a tua contratação... Chegou a ter pressão dele para você jogar lá?
 
Tenho certeza que é o sonho dele. Todo jogo  ele está no camarote, tá louco (risos) Ele pede, é o sonho dele. Mas não chegamos a conversar, não tem essa cobrança. Ele ficaria muito feliz, ele e toda minha família, mas é só isso.  
 
Tu esperas um dia voltar para Europa, ou pretende encerrar a carreira no Grêmio? 
 
Acredito que é cedo para falar sobre isso. Não pensei. Mas não tenho desejo de sair do Grêmio. Estou muito feliz aqui. Joguei 11 anos lá fora e não tenho desejo de voltar para Europa.
 
Quando surgiram propostas, em algum momento você pensou em deixar o Grêmio?
 
Teve propostas que vieram para o meu empresario, mas já afradeci e não quis nem saber como eram. Disse que quero ficar aqui e qualquer conversa seria apenas para ficar. E foi consumado isso.