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Lava Jato leva vice-presidente do Corinthians para depor à polícia federal

Do UOL, em São Paulo

22/03/2016 11h56Atualizada em 04/08/2020 20h34

André Luiz Oliveira, conhecido como André Negão, foi levado para depor à Polícia Federal na 26ª fase da Operação Lava Jato. Vice-presidente do Corinthians e braço direito de Andrés Sanchez, ex-presidente do clube, André teria recebido R$ 500 mil de empresas ligadas à Odebrecht para a construção da Arena Corinthians.

O dirigente do Corinthians teve condução coercitiva autorizada pelo juiz Sérgio Moro.

Policiais federais estiveram na residência do vice-presidente corintiano, no Tatuapé. André Oliveira foi conduzido à Polícia Federal na terça-feira de manhã para depor de forma coercitiva sobre os pagamentos coordenados pela Odebrecht.

Trecho de documento que aponta pagamento de propina a uma pessoa de codinome "Timão". Investigadores informam que essa pessoa seria André Luiz de Oliveira, vice-presidente do Corinthians - Reprodução - Reprodução
Trecho de documento que aponta pagamento de propina a uma pessoa de codinome 'Timão'. Investigadores informam que essa pessoa seria André Luiz de Oliveira, vice-presidente do Corinthians
Imagem: Reprodução

A investigação identificou pagamento de propinas de uma diretoria (da Odebrecht) para pessoas ligadas ao estádio corintiano. As propinas também foram dadas a pessoas ligadas ao poder público.

No processo apresentado pela Lava Jato, o diretor de contrato da Odebrecht e responsável pela obra da Arena do Corinthians, Antônio Gavioli, figura como o responsável por solicitar os pagamentos em espécie de R$ 500 mil. A propina foi entregue para uma pessoa identificada pelo codinome "Timão", que seria o vice-presidente do Corinthians.

"Em relação aos estádios da Copa, temos indicativos de outras fases, inclusive de delações que estão em andamento, a produção dos procedimentos. Nesta fase, foram identificados pagamentos a uma diretoria [da Odebrecht] que cuida especificamente da Arena Corinthians", afirmou o procurador do Ministério Público, Carlos Fernando Santos de Lima. "Mas não temos clareza de toda a movimentação."

Foi solicitada a prisão temporária de Antônio Gavioli.

A ida de André Negão à polícia faz parte de uma investigação sobre propinas da construtora Odebrecht dentro do Brasil. O processo envolve várias obras, como a construção da Arena Corinthians, estádio que sediou a abertura da Copa do Mundo de 2014.

O material apreendido na 23ª fase da Operação Lava Jato incluiu planilhas de pagamento de propina da Odebrecht. Essa etapa da investigação culminou com a prisão de João Santana, marqueteiro do PT, que recebeu pelo menos US$ 3 milhões da construtora em uma conta na Suíça.

Carlos Fernando Santos de Lima, procurador do Ministério Público Federal, disse que a Arena Corinthians está entre as obras feitas pela Odebrecht que teriam sido feitas mediante um esquema de propinas.

Sediada em Itaquera, zona leste de São Paulo, a Arena Corinthians foi construída para a Copa do Mundo de 2014 e custou cerca de R$ 1,2 bilhão. O rastro sobre propina envolvendo a obra do estádio ainda está em estágio inicial, assim como a lista dos destinatários de pagamentos.

Procurado pelo UOL Esporte, o dirigente do Corinthians não atendeu as ligações até o fechamento deste texto. O departamento jurídico alvinegro disse que desconhece qualquer ação da Polícia Federal em relação ao clube.

Planos para a presidência do Corinthians

Além de vice-presidente do clube, André Oliveira é chefe de gabinete do deputado federal Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians.

Vice-presidente do Corinthians, André Oliveira é um dos principais nomes a suceder Roberto de Andrade na presidência do clube, em 2018.

Em entrevista ao blogueiro do UOL Ricardo Perrone, em 2014, André revelou que já foi bicheiro e disse que poderia ser o primeiro presidente negro de um clube no país.

"Verdade [sonho de ser presidente do Corinthians]. Do Corinthians só não, talvez do futebol mundial, tirando os países africanos. Já sou o primeiro vice-presidente negro da história de um time grande no Brasil. Parece que no Bahia teve um presidente negro, mas no eixo Rio-São Paulo nunca teve nem vice. Meus netos, brancos, poderão ter orgulho disso".