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Vice-presidente do Corinthians é preso por posse ilegal de arma

Bruno Thadeu e Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

22/03/2016 14h36Atualizada em 22/03/2016 23h48

O vice-presidente do Corinthians, André Luiz de Oliveira, o André Negão, foi preso por posse ilegal de arma. O flagrante aconteceu nesta terça-feira de manhã, quando policiais federais estiveram na residência do dirigente, no Tatuapé, bairro da Zona Leste de São Paulo. O dirigente prestaria depoimento para a nova etapa da Operação Lava Jato, pois é acusado de receber R$ 500 mil da Odebrecht para a construção da Arena Corinthians.

Policiais encontraram na casa de André Oliveira duas armas de fogo sem registro. Com a detenção, o dirigente não irá para Curitiba, onde daria sua versão sobre a suposta propina recebida. André Oliveira permanecerá detido em São Paulo. 

A investigação da Lava Jato identificou pagamento de propinas de uma diretoria (da Odebrecht) para pessoas ligadas ao estádio corintiano. As propinas também foram dadas a pessoas ligadas ao poder público.

Por volta das 14h30 desta terça-feira, Oliveira já tinha terminado seu depoimento sobre a investigação na Lava Jato na sede da Polícia Federal em São Paulo e começou a dar prosseguimento ao caso das armas. Será definida uma fiança e ele deve ser liberado no final da tarde. As armas eram duas pistolas 380 que estavam com o registro vencido.

Acusação - No processo apresentado pela 26ª operação da Lava Jato, o diretor de contrato da Odebrecht e responsável pela obra da Arena do Corinthians, Antônio Gavioli, figura como o responsável por solicitar os pagamentos em espécie de R$ 500 mil. A propina foi entregue para uma pessoa identificada pelo codinome "Timão”, que tem como um dos suspeitos o vice-presidente do Corinthians.

A suspeita se deve no material apreendido o repasse de quantia para o codinome que tem um telefone fixo que levou os investigadores até o endereço do cartola corintiano. "Verificou a autoridade policial que no local reside André Luiz de Oliveira", diz o despacho assinado pelo juiz Sergio Moro.

"Em relação aos estádios da Copa, temos indicativos de outras fases, inclusive de delações que estão em andamento, a produção dos procedimentos. Nesta fase, foram identificados pagamentos a uma diretoria [da Odebrecht] que cuida especificamente da Arena Corinthians. Mas não temos clareza de toda a movimentação",  afirmou o procurador do Ministério Público, Carlos Fernando Santos de Lima

Foi solicitada a prisão temporária de Antônio Gavioli. Os investigadores disseram ainda que não têm dúvida que o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que está preso, participou ativamente do esquema de pagamento de propinas.

Há um mês, o ex-presidente do Corinthians e hoje deputado federal Andrés Sanchez disse que via o Corinthians como alvo da Lava Jato. "Estão querendo incluir de qualquer jeito, por causa de minha amizade com o Lula. E eu quero que ponham. Quero que o estádio vá para Lava Jato. Investiguem. Me chamem e vou falar tudo", afirmou.

Além de vice-presidente do clube, André Oliveira é chefe de gabinete do deputado federal Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians.

Vice-presidente do Corinthians, André Oliveira é um dos principais nomes a suceder Roberto de Andrade na presidência do clube, em 2018.

Em entrevista ao blogueiro do UOL Ricardo Perrone, em 2014, André revelou que já foi bicheiro e disse que poderia ser o primeiro presidente negro de um clube no país.

“Verdade [sonho de ser presidente do Corinthians]. Do Corinthians só não, talvez do futebol mundial, tirando os países africanos. Já sou o primeiro vice-presidente negro da história de um time grande no Brasil. Parece que no Bahia teve um presidente negro, mas no eixo Rio-São Paulo nunca teve nem vice. Meus netos, brancos, poderão ter orgulho disso”.

Em nota oficial, o Corinthians promete ir em busca do que "for e justo e correto", além de colaborar com as investigações das propinas envolvendo a sua Arena.