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Dívidas 'mordem' 50% de luvas da Globo e freiam investimento do Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

24/03/2016 06h00

Ainda não foi pago um centavo sequer do contrato de transmissão dos jogos do Grêmio de 2019 até 2024. Os R$ 100 milhões de luvas não serão pagos na íntegra. São R$ 70 milhões na assinatura do documento  e mais R$ 30 milhões divididos no período do contrato. E se engana quem pensa que a primeira remessa de dinheiro vai ficar disponível para novos investimentos. 

O Grêmio passa por um processo de reconstrução financeira. O clube começou, em 2015, a renegociar a maioria de suas dívidas antigas. Agora, irá garantir o pagamento de algumas que já preocupam a saúde financeira da agremiação. 
 
Na contratação de Maxi Rodríguez, por exemplo, o Tricolor recebeu R$ 11 milhões de um investidor. Irá acabar com isso agora. Ainda há uma dívida com o Al Jazira referente a Fernandinho, que também chegou com auxílio de investidores. O valor é R$ 8,1 milhões. 
 
O Tricolor fechou na última semana o parcelamento da dívida com Vanderlei Luxemburgo, demitido em 2013. Serão R$ 4 milhões para o treinador. E mesmo com a chance de efetuar depósitos mensais por cinco anos, o clube irá garantir que o pagamento seja feito com esta verba. 
 
Por fim, Kleber Gladiador ainda está na folha de pagamentos gremista. O jogador tem recebido mensalmente as parcelas pela cláusula de rescisão de contrato, ocorrido no ano passado. Ainda há aproximadamente R$ 13 milhões para destinar ao atacante que defende hoje o Coritiba. 
 
As situações de Kleber e Luxemburgo são idênticas. O Grêmio pode prolongar o pagamento, não precisa quitar a dívida agora. Mas irá garantir que a verba para isso não será gasta. Ou seja, 'bloqueará' o valor. 
 
Somando-se os valores, o Grêmio tem R$ 36 milhões empenhados. Pouco mais da metade dos R$ 70 milhões que a rede de televisão irá pagar. 
 
Em 2015 o clube divulgou, ainda, um balanço financeiro que informava déficit de R$ 31 milhões. No mesmo ano organizou os credores e propôs pagar a partir da entrada de dinheiro. Algo que acontece agora. 
 
A direção não confirma o destino do pagamento e trata o assunto como 'economia interna'. Mas não esconde que a verba para contratações seguirá restrita. 
 
O Grêmio calculava três anos para recuperar o clube financeiramente. Ainda há dois pela frente. Enquanto isso, o presidente Romildo Bolzan Júnior garante que já pagou mais de R$ 30 milhões em outras dívidas mais antigas do que as citadas.