Topo

Goleiro brasileiro estreia na seleção russa e se vê no nível dos melhores

Guilherme Marinato recebe homenagem do presidente do Lokomotiv por convocação - Arquivo pessoal
Guilherme Marinato recebe homenagem do presidente do Lokomotiv por convocação Imagem: Arquivo pessoal

Luiza Oliveira e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

26/03/2016 06h00

O amistoso entre Rússia e Lituânia, neste sábado, em Moscou, será especial para um brasileiro. O goleiro Guilherme Marinato, que joga no Lokomotiv, acaba de se naturalizar e vai fazer sua estreia pela seleção russa. Há nove anos no país, ele ainda é desconhecido no Brasil, mas se vê no mesmo nível dos melhores atletas do mundo.

“Sem dúvida, eu penso que sim, eu estou aqui há quase nove anos e sempre jogando em bom nível, todos os anos. Então eu não fico atrás do nível de goleiros brasileiros não e até mesmo no nível da Europa”, disse, ao UOL Esporte.

Guilherme optou por tirar a cidadania russa no fim do ano passado pela possibilidade de defender a seleção russa e também depois de ouvir muitos pedidos de seu clube. Assim, ele abriria vagas para outros estrangeiros, já que o limite atual são seis por equipe. Em sua primeira convocação, ele enfrenta a Lituânia, neste sábado, e a França, na próxima terça-feira, em Paris. Depois, vai se preparar para a disputa da Eurocopa e da Copa de 2018.

Ainda que Guilherme se veja entre os melhores atletas de sua posição, ele sabe que dificilmente teria uma chance na seleção brasileira. Para ele, o Leste Europeu e a Ásia ainda são locais pouco observados por Dunga.

“Dificulta sim. Como eu jogo no Lokomotiv, eu ainda não joguei uma Liga dos Campeões, a gente joga sempre a Liga Europa. O que dá mais visibilidade para os clubes aqui do Leste é uma Liga dos Campeões que você joga. Como a gente nunca jogou, isso dificultou um pouco, o nível aqui do campeonato é um pouco abaixo do campeonato dos grandes da Europa, então tem tudo isso”, disse ele, que hoje tem 30 anos.

Na visão do atleta, a história poderia ter sido diferente se ele tivesse ficado no Brasil por mais tempo e não deixado o país tão jovem. Mas ele também não se arrepende. “Se eu tivesse ficado um pouco mais de tempo no Brasil, seria mais fácil, eu teria mais chance. Naquela época quando eu vim para cá, o ano seguinte, 2008, era de Olimpíadas e eu tinha idade olímpica, inclusive eu fui até especulado. Mas aí vim para cá e os primeiros anos são sempre de adaptação. É difícil jogar, nem sequer eu ia para o banco de reservas, aí você fica para trás.”

Hoje, Guilherme está totalmente adaptado ao país e só gostaria de voltar ao Brasil para encerrar sua carreira no Atlético-PR, onde surgiu. Ele começou a carreira no PSTC de Londrina, que tinha uma parceria com o Furacão e logo teve uma chance no rubronegro. Foi sob o comando do técnico Vadão que Guilherme ganhou uma vaga no time titular em 2007.

Nesse mesmo ano ele foi parar no Lokomotiv meio por acaso. A diretoria russa estava presente em um jogo do Atlético-PR para observar o volante Erandir, mas acabou gostando do goleiro e fez uma proposta. Nem o jogador, nem o clube resistiram aos 4,5 milhões de euros oferecidos pelos gringos quase dez anos atrás.

O início de Guilherme no Lokomotiv foi complicado. Além do frio no inverno que deixava os treinos sempre mais árduos, ele teve dificuldade para entrosar com o povo russo, conhecido por ser bem fechado. Além disso, sofreu duas lesões sérias em 2008. O goleiro rompeu o ligamento cruzado do joelho e, logo que se recuperou e voltou a jogar, rompeu de novo o mesmo ligamento. Assim, perdeu o ano inteiro e só voltou em 2009 quando assumiu a titularidade e não largou mais.

Hoje, Guilherme está feliz. Gosta do país, tem amigos brasileiros que atuam no futebol de lá, é casado com a também brasileira Rafaele tem duas filhas, Maria Fernanda, de 4 anos, e a pequena Sophia de um ano e meio. Mas ele ainda pensa em voltar ao Brasil para encerrar a carreira no Atlético-PR.

“Eu cresci no Atlético-PR, inclusive eu tenho casa em Curitiba. Eu tenho sim o sonho de voltar e encerrar a carreira lá no Atlético PR, mas depende de muitas coisas. Eu estou com 30 anos e tenho mais uns cinco anos, mas também não quero encerrar a carreira lá jogando em baixo nível, isso eu não quero. Eu quero encerrar jogando em alto nível. Mas vamos ver como vai ser, a gente nunca sabe o dia de amanhã”. Por enquanto ele está focado na Copa da Rússia.