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Promotor quer mudar Constituição para banir organizadas violentas

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

04/04/2016 12h14

Promotor do Ministério Público de São Paulo Paulo Castilho defende uma mudança na Constituição para banir as torcidas organizadas violentas. "São jovens que se reúnem não pelo futebol, mas para praticar atos criminosos", disse ele nesta segunda-feira (4), um dia depois de atos de violência praticados entre torcedores de Corinthians e Palmeiras, que deixaram um morto. 

"As torcidas organizadas precisam de um basta. No molde atual, essas organizações estão se associando para praticar crimes. Esses jovens estão levando o terror à sociedade, ao metrô, à praça pública, ao pai de família. O Estado não pode ser tão leniente, conivente, tranquilo com relação a isso", disse. "Não vou generalizar, mas algumas torcidas, como Mancha [Verde] e a Gaviões [da Fiel], não têm condição de existir", completou.

O promotor propôs inclusive uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que mude a lei máxima do país para inibir a atuação de torcedores organizados violentos. Ele também disse que seu posicionamento é respaldado pela maioria da sociedade. Uma PEC teria que ser aprovada por ampla maioria no Congresso Nacional.

"Se você fizer um plebiscito verá que a maioria esmagadora da sociedade vai ser a favor do fim das organizadas", comentou.

"Vamos perguntar para sociedade se ela ainda tolera as organizadas, se ela acha que o Estado tem que ser babá de marmanjo que se reúne para brigar. Acho que teríamos 80%, 90% de pessoas a favor do fim das organizadas", completou.

De acordo com o promotor, só uma alteração na Constituição, que permite a livre associação de pessoas, daria condições ao estado intervir diretamente em organizações que ele considera criminosas. 

Questionado sobre o perigo de alterar a Constituição e dar abertura para a criminalização de outras instituições civis que possam um dia ser consideradas perigosas, ele disse que seria preciso deixar claro na emenda ao texto que o objeto a ser atingido sejam as torcidas organizadas.

Paulo Castilho declarou que as investigações sobre os atos de domingo e sua experiência de mais de dez anos na área permitem afirmar com certeza que os atos de violência foram orquestrados pela direção das maiores organizadas de Palmeiras e Corinthians. Ele, no entanto, não apresentou provas, nem indícios sobre essa afirmação.

"São pessoas que trabalham, que individualmente você pode ter um trato pessoal. Mas em grupo se reúnem para fazer o mal, levar o terror à sociedade", argumentou o promotor.