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Apelidado de Blackenbauer, zagueiro diz que faltou cabeça para vingar no SP

João Filipe defendeu o time do São Paulo por dois anos, entre 2011 e 2013 - Rodrigo Paiva/UOL
João Filipe defendeu o time do São Paulo por dois anos, entre 2011 e 2013 Imagem: Rodrigo Paiva/UOL

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

16/04/2016 06h00

Ser comparado com o alemão Franz Beckenbauer, um dos maiores zagueiros da história, não é para qualquer um. Mas foi o que aconteceu com João Filipe, apelidado carinhosamente de Blackenbauer pelo técnico Adilson Batista – e futuramente por torcedores – na época em que os dois defendiam as cores do São Paulo, em 2011. Hoje no Avaí, o defensor de 27 anos recorda a curiosidade e a passagem de pouco sucesso pelo clube paulista.

“Eu sou muito grato ao Adílson Batista. Ele me ajudou bastante no São Paulo. Eu vinha num momento bom, fiz um Brasileiro muito bom e veio este apelido de Blackenbauer [risos]. O Adílson me apelidou assim porque eu saía bem com a bola. Eu estava em um momento maravilhoso, e agradeço muito ao Adílson por isso que acontece na minha vida, pela oportunidade que ele me deu no São Paulo”, disse João Filipe em entrevista ao UOL Esporte.

Já Adilson Batista dividiu a ‘responsabilidade’ do apelido com Milton Cruz, ex-auxiliar do São Paulo. “Ah, fui eu e o Milton. O João Filipe saía muito igual ao Luiz Pereira, Beckenbauer... Ele tinha boa saída e eu já o conhecia do Figueirense. Ele já atuou de lateral, agora recentemente no Avaí jogou de volante, no Botafogo também saía bastante, então a gente brincava lá, chamava de Luiz Pereira falsificado, Beckenbauer falsificado... Ele dava risada”, brincou.

A história de João Filipe no São Paulo começou em agosto de 2011, quando o time do Morumbi estava atrás de zagueiro e já tinha Adilson Batista no comando. João Filipe estava no Botafogo, quando recebeu a proposta tricolor. E começou bem no clube do Morumbi, até Adílson sair.

“Eu estava no Botafogo, e antes, quando eu estava no Figueirense, o Milton Cruz ia ver muitos jogos do Figueirense, às vezes vinha aqui no Orlando Scarpelli para ver os jogos. Logo em seguida eu fui para o Botafogo e o Milton viu meu potencial. E o São Paulo estava precisando de zagueiro, os zagueiros estavam machucados, e o Milton fez a minha contratação junto com o Adílson”, recorda João Filipe, para depois contar detalhes de sua queda no São Paulo.

“Eu fiquei de agosto de 2011 até agosto de 2013 no São Paulo, dois anos. No meu primeiro ano eu fui muito bem, foi um ano avassalador. Depois de três, quatro jogos, o São Paulo comprou os meus direitos porque eu pertencia ao Botafogo. Eu joguei todo o restante do Brasileiro em 2011, aí tiveram algumas coisas que a gente não conseguiu entender”, lamenta o zagueiro.

“O Adílson saiu [em outubro de 2011], chegou outro treinador [Emerson Leão], e eu continuei jogando, mas não deu muito certo. Tiveram contratações, essas coisas assim. Aconteceram erros meus também de extra campo, mas passou. Não foi culpa de ninguém, foi mais culpa minha. Eu era muito novo em 2011, se eu estivesse mais preparado para uma situação como aquela ali, pela grandeza que era, eu acredito que seria diferente e eu estaria lá até hoje. Seria diferente, mas eu não culpo ninguém, só a mim”, acrescenta ‘Blackenbauer’.

Apesar de não ter vivido um bom momento com a camisa do São Paul depois da saída de Adílson, João Filipe garante não se arrepender de nada. E faria tudo igual novamente.

“Eu não mudaria nada, não. Naquela época eu não soube aproveitar muito as oportunidades. Eu sei que no início, quando cheguei no São Paulo, como eu falei... Eu fui muito bem, tanto que o São Paulo chegou a me comprar. Mas no São Paulo, antes de fazer algo, eu tinha que pensar duas vezes, porque ali qualquer erro era muito mais grave do que em outras equipes”, analisa.

“Naquela época eu estava com 22 anos. Hoje eu sou um atleta formado, mais experiente”, diz o jogador, que hoje tem os direitos ligados ao Tombense e está emprestado ao Avaí.

Quem é o ‘original’?

Logo após receber o apelido, João Filipe relembra que procurou lances do ‘zagueiro original’ para saber mais detalhes sobre a sua carreira. Ele conta ainda que seu pai o ajudou a entender quem de fato era o famoso zagueiro alemão Franz Beckenbauer.

“Quando aconteceu esse episódio eu conversei com o meu pai e procurei algumas coisas do Beckenbauer. Ele foi uma referência mundial no futebol. Meu pai me explicou muitas coisas sobre ele. Eu estava com 21 anos, mas procurei e vi que a história dele no futebol mundial foi muito bonita e legal. Eu fiquei muito feliz por uma comparação dessas na minha carreira. Pena que foi por pouco tempo que trabalhei com o Adílson, apenas três meses”, completa.