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Aidar e Ataíde recebem punição máxima e são expulsos do conselho do SP

Rubens Chiri / saopaulofc.net
Imagem: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

25/04/2016 23h30

Seis meses após renunciar à presidência do São Paulo sob denúncias de corrupção, Carlos Miguel Aidar não é mais conselheiro do clube. Na noite desta segunda-feira (25), o advogado e ex-presidente recebeu pena máxima em reunião do conselho deliberativo e foi expulso do quadro de conselheiros do clube. A decisão afasta a vida política de Aidar, que presidiu o clube por três gestões (ouça também a avaliação de PVC e Mauro Beting no Tabelinha. Clique aqui).

No total, 178 conselheiros do São Paulo assinaram presença na reunião extraordinária. Entre eles, 142 votaram a favor da expulsão de Carlos Miguel Aidar; apenas 36 foram contra o parecer do comitê de ética.

O comitê de ética do São Paulo teve a incumbência de apurar nos últimos meses denúncias de desvio de dinheiro e lesão ao cofre do clube durante a última gestão Aidar, que começou em abril de 2014 e terminou de forma precoce em outubro de 2015. Na reunião desta segunda o comitê apresentou parecer sugerindo a expulsão do ex-presidente do quadro de conselheiros do clube, decisão que foi acatada pelos conselheiros presentes e então definida.

Na mesma sessão, o conselho também decidiu pela expulsão de Ataíde Gil Guerreiro, ex-presidente de futebol e atual diretor de relações institucionais do São Paulo. O ex-vice-presidente teve 120 votos a favor de sua expulsão, 56 contra e dois em branco. Ele foi denunciado pela tentativa de agressão a Aidar em 5 de outubro de 2015, pouco antes da renúncia. No parecer, o comitê de ética disse que o que Ataíde fez contra Aidar é "tentativa de homicídio".

“É lamentável o parecer da comissão de ética. Ópice Blum (presidente do comitê), querendo aparecer, querendo usar (a decisão) para se promover politicamente, dizer que o que fiz foi tentativa de homicídio contra o Carlos Miguel”, criticou Gil Guerreiro após a decisão. “É uma vergonha o parecer. Eu não tenho respeito pelo Ópice Blum. A comissão de ética fez um trabalho grande contra mim e o conselho entendeu que tenho que sair. Eu saio com a cabeça erguida porque não tem nenhum caso de desonestidade minha. Não vou recorrer, continuo como torcedor, mas agora estou fora”.

Depois da decisão, Gil Guerreiro afirmou que se demitirá do cargo de diretor de relações institucionais do São Paulo para "não atrapalhar Leco", atual presidente do clube do Morumbi.

Gil Guerreiro relembrou a agressão a Aidar e admitiu a esganadura, mas negou que tenha dado um soco no ex-presidente. “Peguei o pescoço dele, sem apertar, e falei que tinha vontade de te matar, te arrebentar”, relatou. "Eu não fiz uma agressão. Fiz uma ameaça. Hoje me arrependo. Depois de tudo que aconteceu deveria ter agredido", continuou.

O parecer do Comitê de Ética criticou a decisão de Ataíde Gil Guerreiro de divulgar para a imprensa a gravação na qual Aidar sugere repartir comissão na contratação de um jogador. O documento ainda descreveu Gil Guerreiro como “pessoal de personalidade furiosa”.

No parecer, o órgão afirmou categoricamente que a namorada de Carlos Miguel Aidar, Cinira Maturana, acompanhou, em Madri, a negociação de Rodrigo Caio com o Atlético de Madri, como relevado mais cedo pelo UOL Esporte.

Durante a leitura do parecer, José Roberto Opice Blum, presidente do comitê de ética, citou um documento que comprometeria Ataíde, datado de 29 de julho de 2015, que poderia indicar comissão repartida entre Ataíde e Cinira Maturana, namorada de Aidar, na contratação do advogado José Roberto Cortez.

Em seu discurso de defesa, Ataíde disse ter assinado o contrato, intermediado por Cinira, porque à época confiava em Aidar. O dirigente diz que atendeu pedido do ex-presidente para indicar o advogado José Roberto Cortez a outros clubes e negou que houvesse algo de ilícito na ação.