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Ele foi artilheiro do Brasileiro há 3 anos e hoje está "esquecido" no Japão

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

26/04/2016 06h00

Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2013 pelo Atlético-PR, Éderson encontra-se ‘esquecido’ no Japão. Assim o próprio atacante, hoje jogador do Kashiwa Reysol, classifica seu atual momento no futebol. Mas ele não parece insatisfeito. Pelo contrário. Mesmo com propostas para voltar ao Brasil, Éderson não esconde que hoje sua prioridade está fora de campo, em alcançar uma situação financeira confortável para ele e sua família, e não dentro dele.

Éderson inclusive parece até já ter se acostumado com o ‘esquecimento’ das pessoas em relação ao seu futebol. Tanto é que se mostrou surpreso com o contato do UOL Esporte para uma entrevista. “Eu fiquei bastante surpreso. O pessoal aí do Brasil não tinha mais informação minha, mas é como eu falo pra minha esposa: ‘em certos momentos a gente tem que abdicar de algumas coisas pra ter outras coisas’, e eu tive que abdicar disso, de desaparecer um pouco, para conquistar coisas para a minha família”, afirmou o atacante, ainda com 27 anos.

Depois de se destacar pelo Atlético-PR na Taça São Paulo de 2008, Éderson foi contratado pelo Ceará para jogar a Série B. Depois de passagens por ABC e novamente Ceará, ele acertou com o Atlético-PR, onde viveu o melhor momento de sua carreira. Foi o artilheiro do Brasileiro 2013 com 21 gols e ajudou o time paranaense a voltar à Libertadores. Já em 2014, resolveu aceitar a proposta do Al Wasl, dos Emirados Árabes, e desde então, não voltou mais ao Brasil.

“Fui campeão pelo ABC no Campeonato Brasileiro da Série C em 2010. Tive grandes oportunidades lá também, mas no Atlético PR foi onde eu me destaquei para o mundo. Joguei o Brasileiro e ficamos em terceiro no Brasileiro em 2013 com 64 pontos [atrás do campeão Cruzeiro e do vice Grêmio]. Também chegamos à final da Copa do Brasil em 2013 [Atlético-PR perdeu do Flamengo na final], e fui artilheiro também com quatro gols. Acho que ali foi quando eu realmente apareci para o futebol, no Brasileiro de 2013 eu marquei 21 gols”, recordou o atacante, que em seguida contou sobre a sua transferência para o exterior.

“A oportunidade para Dubai foi muito boa e eu tive a oportunidade de ter um salário melhor, e depois, para o Japão [em 2015], a proposta foi muito boa. É um contrato de três anos, eu não podia deixar passar esta oportunidade. Abdiquei um pouco de estar aparecendo na mídia pra conquistar por fora para minha família ter uma vida melhor. Infelizmente a gente sabe como o Brasil está em crise, eu tive a oportunidade para ir a outro time, mas o salário que eu recebo aqui acho que seria muito difícil um time do Brasil me pagar hoje”, disse Éderson.

“Quando eu voltei de Dubai eu tive uma proposta, não posso falar qual era o clube porque o meu empresário não permite[risos], mas era proposta de time grande, um empréstimo por um ano. Hoje tenho duas filhas, então elas precisam ter o melhor, minha família precisa ter o melhor e a educação do Japão está me surpreendendo. A minha filha está aprendendo bastante e isso aí é importante para mim também”, acrescentou o atacante.

Ainda com mais dois anos e meio de contrato com o Kashiwa Reysol, clube treinado recentemente por Milton Mendes, hoje no Santa Cruz, Éderson diz se sentir bem no time japonês. Mas também não descarta mudar de clube antes do fim do vínculo.

“Eu estava falando para o meu empresário [Marcos Casseb] hoje. Enquanto eu estiver feliz quero continuar por aqui. Mas a partir do momento que estiver incomodado, que já tenha conquistado uma tranquilidade, será o momento de voltar e procurar algo melhor”, finalizou.

Parceria com Adriano

Pouco antes de deixar o Atlético-PR, em 2014, Éderson teve a oportunidade de jogar com Adriano, contratado pelo clube paranaense para a disputa da Libertadores. Foi inclusive parceiro de ataque do Imperador, mas gostou mesmo foi do comportamento e da simplicidade do atacante – hoje no Miami United, dos Estados Unidos – fora das quatro linhas.

“Me surpreendi bastante pelo coração que o Adriano tem. É um cara bastante humilde, um cara que conquistou o que conquistou no mundo do futebol e tem aquela humidade. Infelizmente não teve uma sequência no Atlético por algum erro que cometeu, aí o Atlético teve que rescindir o seu contrato, mas pessoalmente é um cara espetacular”, disse.

“Convivi bastante com ele. Ele sempre conversava com a gente... Quando ele chegou no Atlético ficou um bom tempo no CT concentrado pra perder peso e a gente conversava com ele. Ele passava ser um cara bem tranquilo. As amizades podem ser o maior erro da pessoa, mas pessoalmente era um cara espetacular. Foi um cara que nos ajudou bastante”, completou.