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Aposentado por invalidez, Cafezinho conta como começou briga com Romário

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

06/05/2016 06h00

Entre as diversas polêmicas acumuladas pelo craque Romário ao longo da carreira de jogador de futebol, uma delas envolve Cafezinho. Ex-lateral-direito, chegou a defender o Vasco da Gama em 1997, mesmo ano em que ficou famoso ao brigar com o “Baixinho” quando ainda atuava pelo Madureira. A troca de chutes entre os jogadores veio depois de uma goleada de 7 a 0 do Flamengo, em jogo do Campeonato Carioca que terminou com pancadaria.

“Foi cabeça quente... Eu já tinha tomado um cartão amarelo numa entrada no Sávio, e depois deste amarelo teve uma jogada no fundo, lá na bandeirinha, aí eu matei a jogada do Romário e nós discutimos. Fomos discutindo até o meio de campo, aí ele deu um chute em mim e eu fui para cima dele e começou o tumulto”, recorda Cafezinho em entrevista ao UOL Esporte.

Com a cabeça mais fria, Romário e Cafezinho fizeram as pazes menos de uma semana depois, quando Flamengo e Madureira se encontraram em um treino.

“Foi aquela xingação total, eu xingava o Romário e no meio de campo eu empurrei ele. Quando eu empurrei ele deu um chute em mim e aí começou a briga, depois da briga a gente fez as pazes depois de uma semana o Madureira foi treinar no Bosque e o Flamengo também foi, lá na praia. A imprensa já estava lá mesmo e a gente fez as pazes ali mesmo”, lembra.

“O meu menino na época o João Henrique tinha nove anos e pediu para o Romário não bater mais no meu ‘painho’, aquela história né? E nos desculpamos neste dia na praia, eu pedi desculpas a ele e ele pra mim, mas ficou tudo ok e depois de quase dois anos eu me encontrei com o Romário de novo no Vasco da Gama e conversamos um pouquinho”, acrescenta.

E não foi só Romário e Cafezinho que participaram da briga. Até o técnico Junior, ex-lateral e hoje comentarista, entrou na confusão e acabou agredindo o próprio jogador do Madureira.

“O Junior entrou na briga também, ele deu um soco em mim, né? Mas o murro não pegou em mim, não, pegou no policial, graças a Deus [risos]”, brinca Cafezinho, hoje com 50 anos.

A briga com Romário ficou para trás, e hoje o Baixinho é ídolo de Cafezinho, não só pelo que fez dentro de campo, mas também pelo que vem fazendo no cenário político do Brasil.

“Como jogador de futebol, Romário é meu ídolo, é um ídolo que eu tinha e tenho até hoje, sempre gostei dele quando jogava na seleção. Contra mim não, né? Era difícil marcar ele [risos]. Mas quando ele foi para a seleção, na Copa de 94, aquele ataque foi um dos melhores, até hoje não vai ter ataque como era aquele, com o Bebeto”, declara Cafezinho.

“E como senador ele é o cara que está fazendo as coisas certas. Eu vejo pela televisão que ele procura dar o máximo como senador e corre atrás dessa roubaria que está acontecendo aqui no Brasil. Então ele está sendo um cara como ele foi no futebol, e com certeza eu queria ver o Romário como presidente da República. Ele é um cara transparente, fala das coisas da CBF, o que está errado. Seria uma honra se ele fosse presidente”, elogiou.

Ainda em relação a Romário, Cafezinho não esconde a vontade de reencontrar o Baixinho ou ao menos falar com ele por telefone. ‘Seria o maior prazer da minha vida’, garante.

“Eu já mandei uma mensagem para ele pelo Facebook, mas pra falar com ele pessoalmente eu não falei, não. Lógico que seria um prazer falar com ele, falar com o Romário hoje seria o maior prazer da minha vida, seria realizar um outro sonho”, diz.

Aposentadoria

Cafezinho foi aposentado por invalidez, em 2005. Ele levou um carrinho de um jogador adversário quando defendia seu time, o Bom Jesus, de Alagoas, no campeonato local. Ele quebrou a região da perna e joelho e diz que até hoje sofre para andar. "A perna ficou mole. Fiz duas cirurgias e não me recuperei. Nem pelada jogo mais", explicou. Cafezinho hoje segue os passos de Romário e, de maneira bem mais discreta, faz um trabalho ligado à política do Brasil na cidade de Maceió, onde vive.

“Hoje eu sou aposentado e o dinheirinho dá para comer, e o resto a gente corre atrás. Eu faço aqui um trabalho para um vereador, o Kelmann [Vieira, PMDB], ele é delegado também e eu faço uns negócios para ele. Graças a Deus eu não pago aluguel, se tivesse que pagar aluguel a minha aposentadoria não dava, não. Eu recebo um salário e meio por mês, é muito pouco”, finaliza Cafezinho.