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O que explica a escolha de Dunga por Kaká no lugar de Douglas Costa?

REUTERS/Paulo Whitaker
Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker

Danilo Lavieri e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

27/05/2016 06h00

Na quinta-feira (26) o técnico Dunga se viu obrigado a cortar o meia Douglas Costa, um de seus protagonistas, do elenco da seleção brasileira que disputará a Copa América de 2016 nos Estados Unidos. Para o lugar do atleta do Bayern, que teve constatada uma lesão muscular, convocou Kaká, de perfil e características diferentes, e que originalmente não atua na mesma função. O que, então, explica a escolha do treinador?

Experiente numa seleção jovem

Este grupo da seleção brasileira que já treina nos Estados Unidos conta com poucos atletas com larga experiência em competições com o time nacional. O jogador de mais bagagem é o lateral direito Daniel Alves, 33, com 89 jogos pelo Brasil. Além dele e com a ausência de Neymar, porém, são poucos os nomes que oferecem grande rodagem internacional ao time. Kaká, com 34 anos, já chega como mais experiente - 92 jogos e 29 gols pelo Brasil, marca que também o coloca como o maior goleador deste elenco.

Ainda que experiente, não é da geração 7 a 1

Para esta Copa América, Dunga fez a convocação com o menor número de jogadores que participaram do histórico 7 a 1 contra a Alemanha desde o fim da Copa do Mundo de 2014. A mudança não acontece por acaso e é intencional - o treinador e a CBF veem como benéfico o movimento de tirar do elenco do Brasil atletas que carregam a cicatriz do maior vexame da história do futebol brasileiro. Kaká, mesmo experiente, não esteve na Copa de 2014 e, portanto, não participou do 7 a 1.

Polariza atenção midiática

Anteriormente, Dunga elogiou a presença de Kaká na seleção em amistosos por ter a capacidade de dividir a atenção midiática e de marketing com Neymar, e conseguir deixar o craque e os mais jovens menos expostos aos holofotes e a eventuais críticas. Sem Neymar, a seleção, que não tinha um para-raios, agora ganha um escudo com Kaká. Além das credenciais óbvias como último melhor jogador do mundo (2007) antes de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, o meia de 34 anos joga no Orlando City, dos Estados Unidos, e é um dos jogadores mais importantes da Major League Soccer, a liga nacional dos Estados Unidos, país que recebe a Copa América deste ano. Por isso, deverá chamar ainda mais atenção.

Homem de confiança do técnico

Kaká já era um dos mais experientes e vestia a camisa 10 na Copa do Mundo de 2010, sob o comando de Dunga. Na competição, o meia que na época havia terminado sua primeira temporada no Real Madrid acabou não tendo o rendimento esperado, mas sempre contou com pleno respaldo de Dunga. Sua convocação, agora, não é uma aposta pelo futebol que ele apresenta na pouco prestigiada liga norte-americana, mas sim um voto de confiança pelo apresentado desde o início da relação entre jogador e técnico.

Líder que falta à seleção

Neymar é o capitão da seleção brasileira de Dunga, mas não disputa a Copa América por veto do Barcelona, que obrigou a CBF a escolher entre a presença do craque na competição nos Estados Unidos ou na Olimpíada do Rio de Janeiro, em agosto. Sem Neymar, o zagueiro Miranda é o capitão. Segundo Dunga, porém, é esperado que a ausência do atacante abra espaço para a criação de novos líderes que ainda não existem na seleção. Com Kaká, já é certeza que haverá uma voz de liderança dentro e fora do campo.