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Capitão do Leicester, inglês e "tatuador": zagueiro sensação lidera Jamaica

Eleito melhor zagueiro da Inglaterra, Morgan escolheu Jamaica para defender - Darren Staples/Reuters
Eleito melhor zagueiro da Inglaterra, Morgan escolheu Jamaica para defender Imagem: Darren Staples/Reuters

Danilo Lavieri e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

01/06/2016 12h00

O fato parece desconhecido até para gente importante do futebol: Wes Morgan, 32, inglês, capitão do Leicester, campeão nacional e eleito um dos dois melhores zagueiros da Inglaterra, defende a seleção da Jamaica e vai liderar os Reggae Boyz, como são conhecidos, na campanha da Copa América de 2016, nos Estados Unidos.

Hoje tratado como um dos melhores zagueiros do mundo, Morgan explodiu tarde para o futebol de elite, anos depois de ser tratado como um jogador de segundo escalão na Inglaterra. Isso talvez explique como o folclórico técnico Harry Redknapp, que treinou cinco clubes na Premier League, tenha afirmado há dois meses que era uma pena que Morgan não estivesse na convocação da Inglaterra para a Eurocopa de 2016.

Morgan não está porque não poderia. Em 2013, desprezado pela seleção inglesa, ele aceitou o convite da Federação de Futebol da Jamaica para se naturalizar e jogar pelo país. Neto de jamaicanos, o atleta nascido em Nottingham, na Inglaterra, afirmou à época em comunicado do Leicester:

"Sempre foi uma ambição minha e algo que sabia que poderia ser uma possibilidade. A Jamaica me ofereceu a chance e pensei comigo mesmo: por que não?", relatou.

Em três anos, tudo mudou para Morgan. O Leicester foi campeão da segunda divisão inglesa, lutou contra o rebaixamento no primeiro ano na Premier League, e por fim realizou um dos feitos mais memoráveis da história do futebol ao conquistar o título da liga considerada a mais difícil do planeta. Morgan foi de esquecido pela seleção a melhor zagueiro inglês, com auge aos 32 anos de idade. Sorte da Jamaica.

Hoje zagueiro sensação no futebol europeu, Morgan investe em uma rede de estúdios de tatuagem. O Blue Ink, inaugurado em Leicester, é de propriedade do zagueiro e está prestes a ganhar a quarta filial na Inglaterra. Morgan frequenta o estúdio e tem alguns companheiros como clientes: Christian Fuchs, Marcin Wasilewski e Jeffrey Schlupp, campeões ingleses pelo Leicester, fizeram tatuagens no Blue Ink.

Ter Wes Morgan na Copa América é uma peculiaridade desta edição do torneio. Normalmente, a competição é realizada apenas entre equipes da América do Sul. A edição de 2016, chamada Copa América Centenário, celebra os 100 anos da primeira vez que a Copa América foi disputada, e contempla países da América Central e da América do Norte, como os Estados Unidos, que entram como cabeça de chave no Grupo A por serem país-sede.

O sucesso no Leicester ao longo dos últimos três anos se refletiu no desempenho de Morgan pela seleção jamaicana. Hoje Morgan é tratado como protagonista e é o único dos 23 convocados que ainda não se apresentou ao grupo que faz treinos preparatórios na Florida. Segundo informa a seleção jamaicana, o zagueiro, com regalias, chegará aos Estados Unidos na quinta-feira e se apresentará diretamente em Chicago, cidade onde a Jamaica estreia na Copa América contra a Venezuela, no domingo. O grupo C ainda conta com México e Uruguai.