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7 a 1 de novo, mas sem Alemanha: Brasil goleia Haiti com show de Coutinho

Kim Klement/USA Today
Imagem: Kim Klement/USA Today

Danilo Lavieri e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Orlando (EUA)

08/06/2016 22h25Atualizada em 14/06/2016 13h30

O Brasil voltou a estar presente em uma partida com resultado de 7 a 1. Dessa vez, no entanto, no lado do vencedor. Contra um adversário muito mais fraco que a poderosa Alemanha, os comandados de Dunga não tiveram dificuldades para vencer o Haiti pelo sempre emblemático placar, em duelo válido pela segunda rodada da fase de grupos da Copa América.

"Finalmente! Olha só, 7 a 1", ironizou Galvão Bueno, durante a transmissão da Globo. O narrador esteve presente no fatídico confronto contra a Alemanha, pela semifinal da Copa do Mundo de 2014.

Os destaques da partida ficaram por conta de Philippe Coutinho e Gabigol. O primeiro, agora um dos principais nomes da equipe, balançou as redes três vezes. Já o jovem atacante do Santos substituiu Jonas no intervalo e deixou sua marca. Renato Augusto, duas vezes, e Lucas Lima marcaram os outros gols brasileiros – Marcelin descontou para o Haiti.

Com o resultado, o Brasil assume a liderança do Grupo B da Copa América, com quatro pontos. O Peru, segundo colocado, tem a mesma pontuação depois de empatar com o Equador, mas perde no saldo de gols: 6 a 1. 

Na próxima rodada, o Brasil terá pela frente o Peru, no domingo (12), na cidade de Foxborough. No mesmo dia, o Haiti encara o Equador.

DE RESERVA A PROTAGONISTA, COUTINHO DESENCANTA

O Brasil demorou um pouco para engrenar na partida, mas nem de perto sofreu pressão da modesta seleção do Haiti. Aos 13 minutos do primeiro tempo, teve início o que já era esperado: após receber passe de Filipe Luís, Philippe Coutinho avançou e soltou a bomba para superar Placide. 15 minutos mais tarde, o jogador do Liverpool recebeu passe de Jonas e, sem goleiro, só teve o trabalho de empurrar para o fundo das redes. O terceiro veio aos 46 minutos do segundo tempo, em um belo chute de fora da área. O duelo fez com que Coutinho chegasse a quatro golscom a camisa da seleção, em 16 partidas.

A partida, se não pode ser usada como padrão por causa da fragilidade do adversário, serviu para dar moral ao antigo reserva de Douglas Costa. Antes do torneio, Coutinho estava previsto para começar no banco de reservas, mas a lesão e o corto de Douglas Costa fez com que a chance caísse no colo do jogador do Liverpool.

GABIGOL APROVEITA A CHANCE E DEIXA SUA MARCA

Se Jonas não conseguiu aproveitar a chance contra o modesto Haiti, o mesmo não aconteceu com Gabigol. O jovem do Santos precisou de apenas 13 minutos em campo para deixar sua marca. Elias serviu o atacante, que bateu da entrada da área para superar Placide.

RENATO AUGUSTO TAMBÉM FAZ DOIS

Com uma posse de bola gigantesca contra o Haiti (62% x 38%, no intervalo), o Brasil não teve dificuldades para chegar ao terceiro tento. A fraca marcação haitiana permitiu que Renato Augusto ficasse livre para aproveitar cruzamento de Daniel Alves e cabecear para o fundo do gol, aos 34 minutos do primeiro tempo.

Faltando apenas cinco minutos para o final da partida, Renato Augusto voltou às redes. Em jogada individual, o ex-jogador do Corinthians avançou pelo meio e bateu rasteiro para superar Placide.

TESTE COM TIME SUPER OFENSIVO

Neste início de Copa América, o técnico Dunga segue testando o esquema 4-2-3-1. Durante o duelo contra o Haiti, o treinador desenhou a equipe com formação parecida à utilizada no amistoso contra o Panamá. Ao tirar Casemiro de campo, o Brasil passou a atuar com Elias e Renato Augusto de volantes, com uma linha de três formada por Willian, Lucas Lima e Coutinho, com Gabigol isolado na frente.

O resultado da mudança pôde ser visto no quinto gol do duelo, marcado por Lucas Lima. O meia apareceu dentro da área para aproveitar cruzamento de Daniel Alves e cabecear para o fundo do gol. 

DUNGA ESBRAVEJA ATÉ EM GOLEADA

Técnico Dunga orienta seleção brasileira à beira do gramado no jogo contra o Haiti - Hector Retamal/AFP Photo - Hector Retamal/AFP Photo
Imagem: Hector Retamal/AFP Photo

O primeiro tempo tranquilo não serviu para deixar Dunga mais calmo. Mesmo com 3 a 0 no placar, o treinador a todo tempo esbraveja na beira do gramado, em especial com Philippe Coutinho e Jonas, por causa de pequenos erros e falhas de posicionamento.

“(O desempenho) É muito pouco se tratando do Haiti. Se fosse uma seleção um pouquinho melhor, a gente teria dificuldades como tivemos contra o Equador”, analisou Ronaldo, na transmissão da “Globo”, durante o intervalo da partida.

QUE IMPORTA O RESULTADO? TORCIDA HAITIANA DÁ SHOW

Torcida do Haiti faz festa em jogo contra o Brasil pela Copa América Centenário - Hector Retamal/AFP Photo - Hector Retamal/AFP Photo
Imagem: Hector Retamal/AFP Photo

Ciente da dificuldade de vencer o Brasil, a torcida do Haiti aproveitou a partida para se divertir e apoiar sempre que possível. A cada bola tirada pela defesa, cada lance de perigo, os torcedores enlouqueciam nas arquibancadas.

E o maior momento de empolgação veio aos 24 minutos do segundo tempo. Nazon chutou cruzado, Alisson espalmou e a bola sobrou para Marcelin, livre, balançar as redes brasileiras.

12 ANOS DEPOIS DO JOGO DA PAZ

Jogadores da seleção brasileira acenam de dentro de tanques de guerra para os haitianos, antes do amistoso de 2004 - Reuters - Reuters
Imagem: Reuters

O duelo desta quarta-feira foi o primeiro oficial entre Brasil e Haiti. No entanto, as duas seleções já haviam se enfrentado em outras duas oportunidades, mas em amistosos. O mais famoso deles aconteceu em agosto de 2004, em meio à guerra civil que assolava o país.

Comandados por Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, a equipe, então campeã mundial, parou o país. No caminho entre o aeroporto e o estádio, os jogadores foram dentro de carros blindados de combate, enquanto acenavam para uma multidão nas ruas. Em campo, vitória fácil do Brasil: 6 a 0, com três gols de Ronaldinho Gaúcho, dois de Roger e um de Nilmar.

OPINIÃO DOS BLOGUEIROS

PVC: “O Brasil jogou como precisava. Se era para golear, goleou. Obrigação, mas faz tanto tempo que o Brasil não cumpre sua parte que pelo menos esse ânimo foi possível ter”.

Juca Kfouri: “Vingamos a derrota para a Alemanha! Agora, falando sério: Contra o Haiti, até eu”.

André Rocha: “O tento único do Haiti só serviu para construir a fina ironia. O veículo e sua voz oficial que sempre procuram brechas para vender o ufanismo como produto tentaram criar um clima de empolgação. Só faltou dizer ‘Estamos vingados!’”

FICHA TÉCNICA
BRASIL 7 X 1 HAITI

Competição: Copa América Centenário
Local: Estádio Citrus Bowl, em Orlando, na Flórida (Estados Unidos)
Data: 8 de junho de 2016
Árbitro: Mark Geiger (Estados Unidos)
Assistentes: Joseph Fletcher (Canadá) e Charles Morgante (Estados Unidos)
Público: 28.241
Cartões amarelos: Casemiro (Brasil); Goreux (Haiti)

GOLS:
BRASIL: Phillippe Coutinho (13’/1ºT; 28’/1ºT; 46’/2ºT), Renato Augusto (34’/1ºT; 40’/2ºT), Gabigol (13’/2ºT), Lucas Lima (21'/2ºT)
HAITI: Marcelin (24’/2ºT)

BRASIL: Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Gil e Filipe Luís; Casemiro (Lucas Lima), Elias (Walace), Renato Augusto, Philippe Coutinho e Willian; Jonas (Gabigol). Técnico: Dunga

HAITI: Placide; Alcénat (Maurice), Goreux, Genevois, Jérôme e Jaggy; Jean Alexandre (Hilaire), Lafrance, Marcelin e Jeff Louis; Belfort (Nazon). Técnico: Patrice Neveu