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Antes escudo, Olimpíada deixa CBF exposta e pode definir futuro de Dunga

Dunga e Rinaldi conversam durante treino da seleção brasileira - Mowa Press/Lucas Figueiredo / MoWA Press
Dunga e Rinaldi conversam durante treino da seleção brasileira Imagem: Mowa Press/Lucas Figueiredo / MoWA Press

Danilo Lavieri e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Boston (EUA)

13/06/2016 06h01

A disputa da Olimpíada do Rio de Janeiro transformou o futuro de Dunga na seleção brasileira em algo completamente nebuloso. Se antes da Copa América servia como escudo do técnico para comandar a equipe com Neymar no torneio que é prioridade para a CBF, agora pode servir como motivo para demití-lo. Após o vexame da eliminação contra o Peru, ainda na fase de grupos, a entidade poderá tirar Dunga do comando para não ficar exposta com um eventual novo fracasso.

Por enquanto, a palavra de ordem na entidade, como publicou o Blog do PVC, é reflexão

O caminho que indica a troca de comando ainda antes da Olimpíada parece neste momento o mais provável devido a pressão que Dunga e sua comissão sofrerão daqui até agosto - da opinião pública e de todos que têm canal aberto com o presidente Marco Polo Del Nero. Antes mesmo de a bola rolar nos Estados Unidos, havia uma lista de insatisfeitos com o treinador, que só aumentará agora.

Tite e Jorge Sampaoli foram até procurados por pessoas ligadas à presidência da CBF, mesmo sem a autorização do coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi. É ele que, em tese, comandaria essa movimentação. 

Neste contexto, manter Dunga e correr o risco de não conquistar a medalha de ouro transferirá toda a pressão para Marco Polo Del Nero. Se hoje todos criticam o treinador, após uma eventual decisão de manutenção, o alvo passará a ser o dirigente. Neste caso, demitir o comandante seria um escudo perfeito para que o cartola fosse esquecido e pudesse ter apenas dores de cabeça para resolver seus problemas pessoais com os processos que sofre por suposta corrupção.

Em contrapartida, demitir Dunga neste momento significaria colocar todo um planejamento para a eventual conquista da medalha de ouro em segundo plano. A menos de dois meses da estreia, o novo técnico não teria nem muito tempo para mudar o que foi desenhado pelo capitão do tetra.

O comandante teve aval da diretoria para trazer jogadores olímpicos aos Estados Unidos, já tem uma pré-temporada planejada na Granja Comary a partir do dia 18 de julho e esteve em todas as reuniões até agora. Seria a sua comissão que ficaria à frente de tudo. Rogério Micale, que treinou a equipe até agora, seria apenas seu auxiliar.

Dunga já havia feito uma pré-lista de convocação dos olímpicos e já conversava com os clubes dos prováveis convocados acima de 23 anos. Não há outro nome em pauta para assumir esse time e, em caso de demissão, o mais provável seria que Micale passasse a comandar a equipe. 

A seleção brasileira deixou o estádio após a eliminação sem que seus dirigentes atendessem a imprensa. É difícil que uma decisão seja tomada com a comissão ainda nos Estados Unidos. A tendência é que reuniões no Rio de Janeiro, na sede da CBF, confirme os próximos passos da novela.