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Com carta branca, Tite pede esclarecimentos e quer elo pra cobrar Del Nero

Tite admite risco de que o Brasil fique fora da Copa

UOL Esporte

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/06/2016 06h01

Tite se reuniu com a CBF na última terça (14), se despediu do Corinthians na quarta (15) e já nos dias seguintes dava os primeiros passos, ao lado de seus auxiliares, no novo trabalho. Antes de dizer “sim” ao chamado para comandar a seleção brasileira, no entanto, fez algumas reivindicações. Em contato com o presidente Marco Polo Del Nero, o técnico quis saber detalhes da situação da confederação e deixou pedidos na mesa do mandatário.

Primeiramente, explicou os motivos de ter assinado um manifesto recente pedindo a renúncia imediata de Del Nero e disse querer entender as explicações para tantos ataques. Depois do que ouviu, prosseguiu a conversa. Oficialmente, a cúpula da CBF faz a leitura de que o técnico gostou do que lhe foi apresentado.

“A conversa foi muito bacana, muito mesmo. O Tite tinha as opiniões dele, nós respeitamos, mas ele se surpreendeu com o que viu aqui na CBF. Viu como a coisa funciona bem. Ficou muito impressionado”, explicou o secretário-geral da confederação, Walter Feldman.

Apesar do discurso da diretoria, o técnico demonstrou não ter mudado tanto de ideia sobre Del Nero. Quando questionado na coletiva de apresentação sobre a antiga assinatura pedindo a renuncia de Del Nero e críticas à condução do futebol brasileiro, que não muda seus valores. “A maneira que tenho de contribuir é essa: manter a mesma opinião, mas evoluir a seleção brasileira. Democratização, transparência, modernização, adjetivos que permanecem como conceito em todas as áreas, seja minha área, política. É aquilo que eu penso.”

Ainda nos assuntos referentes à alta cúpula, Tite deixou claro a intenção de ter uma linha direta de contato com Del Nero, sem intermediários. Para o treinador, seria fundamental estreitar a relação e deixar o comandante ciente de todos os passos do trabalho. A proximidade do presidente com o técnico não chega a ser novidade na CBF, mas o ex-técnico do Corinthians queria evitar desencontros, ainda mais em tempos tumultuados para Marco Polo. Ele não quer que o cartola máximo da entidade desapareça e seu elo para cobranças seja somente por meio de Edu Gaspar.

O novo coordenador da seleção, Edu Gaspar, por exemplo, não será exatamente um chefe de Tite na hierarquia da confederação. Apesar de cuidar de integração com a base, logística e outras questões, terá que ceder a alguns desejos do treinador, que chega com carta branca para comandar o trabalho.

No decorrer do papo, quando falou da seleção brasileira em si, novos pedidos. Tite queria entender as polêmicas sobre convocações e definições de adversário. O treinador deixou claro que não queria interferências em listas de jogadores e perguntou se haveria possibilidade de escolher as seleções a enfrentar em amistosos. Ouviu do presidente como os jogos são organizados e que os times seriam definidos juntamente com a comissão técnica.

“Eu queria autonomia de direcionar a nós todos a busca de excelência no melhor do futebol. É isso que eu sei fazer, é essa contribuição que eu posso dar. Me reformatar e me reorganizar quanto técnico. E a maneira que eu tenho de contribuir é ter minha autonomia para desenvolver o futebol. É uma responsabilidade muito grande”, comentou o novo treinador da seleção.