Topo

Ramires carrega orgulho eterno por 'destruir' Barça de Messi e Guardiola

Ramires comemora o golaço contra o Barça na semifinal da Liga dos Campeões - AFP PHOTO / JOSEP LAGO
Ramires comemora o golaço contra o Barça na semifinal da Liga dos Campeões Imagem: AFP PHOTO / JOSEP LAGO

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

28/06/2016 06h02

Ramires pode se orgulhar de um dia ter feito história no futebol. O volante até hoje carrega a felicidade de roubar o protagonismo de Lionel Messi e destruir o Barcelona, então melhor time do mundo, com um golaço pelo Chelsea na semifinal da Liga dos Campeões. O feito praticamente decretou o fim da era Guardiola no clube.

Já se passaram quatro anos e dois meses. Mas Ramires, que hoje defende o Jiangsu, da China, se lembra como se fosse hoje daquele 24/04/2012. Em um dia inspirado, fez um golaço de cobertura e foi o destaque do empate por 2 a 2 em pleno Camp Nou que deu vaga na final ao time inglês.

O meia brasileiro fez o golaço no momento em que a equipe tinha um a menos em campo e perdia por 2 a 0, ficando fora da  decisão. Antes, no primeiro duelo, Ramires já havia brilhado. Foi ele quem puxou o contra-ataque em velocidade e cruzou para Drogba fazer o gol da vitória.

Aquela eliminação para o Chelsea culminou, semanas depois, na saída de Pep Guardiola do time catalão, após uma era histórica de quatro anos.

Até hoje Ramires vivencia aquele momento. "É muito difícil de explicar. Demorou um pouco para a ficha cair. Depois que eu vi o tamanho da repercussão que eu fui entendendo o tamanho da importância daquele momento. Ninguém acreditava que a nossa equipe pudesse derrotar o Barcelona, ainda mais no Camp Nou, mas conseguimos. Surpreendemos o mundo, e quando isso acontece com você sendo parte importante, é muito gratificante. Vira e mexe me pego revivendo aquele momento na minha cabeça. É impossível esquecer".

"Para você ter uma ideia do que representou, a maioria das pessoas que me param nas ruas me pergunta do gol e nem lembra do título, que deveria ter uma representatividade maior". De fato, muitas pessoas têm remotas recordações da final decidida nos pênaltis contra o Bayern de Munique que garantiu não só o título inédito ao Chelsea, mas também a vaga no Mundial de Clubes. Meses mais tarde, o time inglês perderia a final para o Corinthians.

Ramires trava duelo com goleiro Victor Valdés na semifinal da Liga dos Campeões entre Barcelona e Chelsea em 2012 - AFP PHOTO / PIERRE-PHILIPPE MARCOU - AFP PHOTO / PIERRE-PHILIPPE MARCOU
Imagem: AFP PHOTO / PIERRE-PHILIPPE MARCOU

Para o jogador, aquela foi a consagração do momento mais importante da carreira. Mas ele conta que nem teve tempo de pensar no lance. Quando recebeu o lançamento de Lampard, levantou a cabeça, percebeu que o goleiro Valdés estava adiantado e tentou encobri-lo. A decisão tomada em fração de segundos acabou eternizada até para os netos que ainda estão por vir.

"Com certeza vou sentar um dia com meus filhos e netos e colocar a reprise daquela partida. O desfecho acabou sendo marcante, mas o jogo inteiro foi muito bom, com emoção do início ao fim. Quando o gol sair eu vou falar: 'olhem lá, aquele é o pai de vocês! (risos)'. Acho que eles irão se orgulhar muito, assim como eu me orgulho", afirma.

Hoje, Ramires vive uma realidade um pouco menos midiática longe do centro europeu. Ele trocou o Chelsea pelo chinês Jiangsu. Mas ele se sente feliz pela escolha que fez com um salário de nada menos que R$ 60 milhões por ano.

"Vejo muita gente falando que foi só pelo dinheiro que eu vim para China, mas isso não é verdade. Lógico que a questão financeira foi levada em conta, ainda mais por eu já ter 29 anos e possivelmente essa ter sido a minha última grande transferência. Mas o que foi determinante mesmo foi o fato de eu não estar feliz com a situação que vivia naquele momento no Chelsea. O Hiddink (Guus, técnico do Chelsea) estava me deixando como última opção na minha posição e eu não estava satisfeito com o tratamento que vinha recebendo, ainda mais tendo em vista todo meu histórico no clube. Justamente nessa hora chegou o interesse do Jiangsu, que me apresentou um projeto onde eu seria referência, e isso me motivou a mudar de ares".

Recentemente, o grupo Suning, que o levou à China, comprou quase 70% da Inter de Milão. Isso gerou especulações de uma possível transferência para o time italiano. Mas Ramires se considera realizado na carreira e não tem o sonho de voltar para a Europa.

"Sei que a Europa é o grande centro do futebol na atualidade, mas estou feliz na China, focado no meu trabalho pelo Jiangsu. Não é algo que passa pela minha cabeça no momento e nem uma obsessão, pois já tenho meu nome reconhecido em toda Europa pelo meu histórico vitorioso no Chelsea", disse ele que nega ter recebido uma proposta. "A Inter de Milão é um clube que dispensa comentários, a Itália é um país maravilhoso, mas não me foi passado nada em relação a essa possibilidade", finaliza.