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Gerrard faz apelo por menos histeria e "cultura do medo" na seleção inglesa

Ex-capitão da Inglaterra, Gerrard se despediu da seleção em julho de 2014, após a Copa - EFE/EPA/PETER POWELL
Ex-capitão da Inglaterra, Gerrard se despediu da seleção em julho de 2014, após a Copa Imagem: EFE/EPA/PETER POWELL

Do UOL, em São Paulo

29/06/2016 18h42

Se a eliminação da Inglaterra diante da modesta Islândia não foi bem recebida pelos torcedores comuns, certamente também causou indigestão a atletas que se acostumaram a vestir a camisa do English Team no passado, como o meia Steven Gerrard. Hoje no Los Angeles Galaxy, dos EUA, o jogador condenou o discurso popular que critica a atual safra inglesa e apontou aquele que acredita ser o motivo para o novo fracasso na Euro.

“O pânico entra em cena, a frustração assume o controle. Você congela e para de fazer as coisas que deveria. Começa a forçar o jogo, a tomar decisões erradas nos seus passes e finalizações, deixando a ansiedade te impedir de fazer coisas simples”, opinou o ídolo do Liverpool em sua coluna no Daily Telegraph. “Ouvi algumas pessoas dizerem que isso é sinal de fragilidade mental. Talvez seja, mas essa é a consequência de uma seleção inglesa que não vence há 50 anos”, disse.

De acordo com Gerrard, a vantagem obtida pelos islandeses no placar prejudicou o psicológico dos atletas ingleses, que passaram a sofrer antecipadamente com as consequências da derrota quando ainda deveriam buscar a virada. “Nós não somos um time ou nação com cultura vencedora na Euro e na Copa do Mundo, e o impacto psicológico disso pode ser visto ao primeiro sinal de dificuldade. Não há ambiente de tranquilidade em volta da seleção. Nunca existiu, é sempre histeria. Existe uma cultura do medo que nunca é propriamente discutida”, apontou o jogador, aposentado da seleção em julho de 2014, após a Copa do Mundo do Brasil.

Curiosamente, porém, a Inglaterra saiu na frente no marcador com um gol aos quatro minutos do primeiro tempo, em cobrança de pênalti convertida por Rooney. Sigurdsson igualou a contagem apenas dois minutos depois. “Eu odeio dizer isso dessa maneira, mas a mente viaja para como vai ser a cobertura quando voltarem para casa e o nível de criticismo que encontrarão. Não é fácil impedir isso”, prosseguiu.

“Não consigo me lembrar de ter me sentido tão abatido como torcedor inglês, mas temos que agir de forma construtiva para garantir que não aconteça novamente. Precisamos ter cuidado antes de dizer que nos falta talento. É preciso desenvolvê-lo antes da próxima Copa do Mundo, e não matá-lo de vez”, aconselhou o meia. “Repito o que acredito. Esse time não perdeu para a Islândia por falta de talento. Sturridge, Rooney, Sterling, Stones, Dele Alli. Não me digam que esses jogadores de alto nível não podem levar a Inglaterra à glória no futuro”, listou.