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Palmeiras corre o risco de perder estádio por 2 jogos em reta decisiva

Clube pode ficar sem o Allianz por mais duas vezes neste Campeonato Brasileiro - Diego Salgado/UOL
Clube pode ficar sem o Allianz por mais duas vezes neste Campeonato Brasileiro Imagem: Diego Salgado/UOL

Diego Salgado e José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo

03/07/2016 06h01

As grandes apresentações e eventos de alta magnitude afastaram o Palmeiras em algumas ocasiões do Allianz Parque nos últimos meses. Por contrato, o clube precisa procurar um novo lugar para jogar. Diante de um segundo semestre movimentado na arena, o clube de Palestra Itália precisará novamente deixar o local neste Campeonato Brasileiro - e justamente na reta decisiva da competição nacional.

Segundo levantamento do UOL Esporte, a partida contra o Cruzeiro (30ª rodada, 12 de outubro) está comprometida de ocorrer no Allianz Parque em virtude de um evento agendado para o estádio. Ainda existe a chance de o confronto com o Sport (32ª rodada, 23 de outubro) também sair da arena.

O jogo contra o Cruzeiro está marcado para a data da primeira apresentação do tenor italiano Andrea Boccelli na local. Contra os mineiros, sequer a antecipação da partida seria o suficiente para manter o duelo no Allianz Parque. Pelo menos cinco dias são necessários para montagem e desmontagem da estrutura.

Apenas três dias depois da apresentação do tenor, a banda Aerosmith realizará um show no local. Não há jogos do clube como mandante perto dessa data.

A WTorre, porém, comunicou a necessidade de o clube encontrar outro palco para a partida contra o Sport, marcada para o dia 23. Um grande evento, ainda não anunciado por produtores e construtora, foi reservado para próximo da data. O jogo, então, sairia da arena no caso de a estrutura do show ser grande, como a da banda Coldplay, que se apresentou no Allianz em abril passado.

"Nada é combinado em cima da hora. Muitos eventos são fechados antes de a CBF divulgar o calendário. Tentamos negociar quando ocorre a coincidência", destacou Eliane Sobral, diretora de comunicação e reações institucionais da WTorre. "Não é um prazer para a WTorre ver o Palmeiras fora do Allianz Parque", sentenciou.

De acordo com apuração da reportagem, o Palmeiras foi comunicado ainda em março deste ano sobre as duas partidas do mês de outubro; antes mesmo de a tabela do Campeonato Brasileiro ser definida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Procurado, o clube não se pronunciou sobre o fato.

Ainda neste segundo semestre, a WTorre possui mais seis eventos confirmados para o Allianz Parque. No próximo final de semana, um show gospel ocorrerá no estádio. O Palmeiras se movimentou e conseguiu transferir o clássico contra o Santos para terça-feira, data na qual a arena estará devidamente liberada para receber jogos.

Segundo levantamento do UOL Esporte, mais dois grandes shows terão o Allianz Parque como palco. Em 1º de novembro, a cantora Mariah Carey se apresentará no local; até a cantora anunciou o show. Os dias 12 e 13 de novembro estão reservados para outras apresentações musicais, ainda não divulgadas pela organização.

O Allianz Parque se tornou um alicerce do Palmeiras para a ótima campanha neste início de Campeonato Brasileiro. São seis jogos e seis vitórias, um aproveitamento de 100% para o líder da competição. A ideia de atuar longe do estádio irrita o torcedor, ciente de que o elenco comandado por Cuca tornou a arena um palco hostil contra adversários.

Nesta Série A, o jogo contra o Grêmio, válido pela quinta rodada da competição, foi realizado no Estádio do Pacaembu, em virtude da apresentação da banda britânica Coldplay.

O clássico contra o São Paulo, em 7 de setembro, também seria transferido para outra localidade. Neste caso, o Palmeiras deu sorte: um grande show reservado para a data acabou cancelado pelos promotores.

Por contrato, a WTorre comunica o clube antecipadamente e pode explorar os eventos em qualquer data, mesmo em dias de jogos.

"Há um modelo de negócio que precisa ser preservado"

Apesar da irritação do palmeirense em relação às vezes na qual o clube deixou de mandar jogos na arena, o contrato entre Palmeiras e WTorre, assinado ainda na gestão Luiz Gonzaga Belluzzo, tem sido cumprido. A construtora trata de se defender das críticas e toma por base o aspecto legal.

"Há um modelo de negócio que precisa ser preservado. Em junho houve um recorde de eventos na arena", contou Eliane, que garante o fim das rusgas com o clube neste momento.

"Segue como tem sido. Foi um caso pontual. Conseguimos ter a compreensão do Palmeiras. O clube não se opôs a nada", afirmou a diretora, antes de prever melhorias nesta relação de eventos e jogos - o gramado geralmente perde qualidade depois de grandes apresentações musicais no Allianz Parque.

"Foi aprendizado no primeiro ano. Plantou-se outro tipo de grama. Foi necessária essa mudança", explicou Eliane, ciente de que ainda o palco das partidas do Palmeiras se encontra com falhas. "Fizemos o viveiro para substituir as partes prejudicadas. O viveiro ainda não cumpre seu papel por causa das chuvas e do frio. Muitas variáveis são imponderáveis", encerrou.