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Como as eleições municipais interferem nos bastidores do Flamengo

O presidente Eduardo Bandeira de Mello lida com um ambiente delicado no Flamengo - Júlio César Guimarães/ UOL
O presidente Eduardo Bandeira de Mello lida com um ambiente delicado no Flamengo Imagem: Júlio César Guimarães/ UOL

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/07/2016 06h00

O Flamengo tem uma diretoria rachada. E não apenas na política interna. As eleições municipais de outubro contam com figuras influentes da Gávea nos mais variados partidos. Dois vice-presidentes de Eduardo Bandeira de Mello são filiados ao PSDB do Rio de Janeiro, cujo pré-candidato à prefeitura é o ex-secretário estadual de transportes, Carlos Roberto Osório.

Os vices de administração, Rafael Strauch, e de secretaria, Edmilson Varejão, aparecem na lista do partido. Outras lideranças do SóFLA - base do mandatário - também se filiaram ao PSDB. A intenção, porém, não é a de concorrer a cargos.

“Preenchemos a ficha para ajudar um amigo que participaria de um processo político dentro do PSDB. Inclusive, vamos nos desfiliar. Não somos candidatos e nem queremos que isso tenha relação com a política interna do clube”, afirmou Strauch.

“É direito de qualquer pessoa se filiar a um partido político e não vejo problema nesta questão”, ponderou o presidente Bandeira de Mello.

Mas as movimentações políticas costumam reverberar quando se tem um cargo na diretoria do Flamengo. Ainda mais quando o clube não vive um clima dos mais leves. O principal foco de disputa na gestão está justamente entre Rafael Strauch e integrantes do SóFLA contra o vice-presidente geral Maurício Gomes de Mattos, do grupo FAT (Flamengo Acima de Tudo).

Os dois já protagonizaram discussões acaloradas em reuniões de diretoria e a convivência é apenas protocolar. O pano de fundo da relação tumultuada é a disputa pela principal cadeira do clube em 2018. O SóFLA não abre mão de continuar no poder, o que não é aprovado por dirigentes e conselheiros com mais tempo de Gávea. As visões distintas sobre a administração do Flamengo são flagrantes.

“Já tivemos desavenças no passado, mas hoje o clima é até bom”, garantiu Strauch sobre Maurício Gomes de Mattos.

Em um clube longe da harmonia propagada pela gestão, as disputas em 2 de outubro aparecem como mais um panorama do racha político também fora do Conselho Diretor. Pelo menos cinco personagens conhecidos e de livre trânsito na Gávea serão candidatos ao cargo de vereador. O principal deles e um dos braços influentes da guerra política é o vice-presidente do Conselho de Administração, Marcos Braz. Ele tem o apoio de Gomes de Mattos e está no PSB, do pré-candidato e senador Romário.

Técnico campeão brasileiro em 2009, Andrade está no PMDB, que tenta eleger o deputado federal Pedro Paulo à prefeitura. A corrente é a mesma do sambista e sócio Dudu Nobre (PTdoB) e da técnica de ginástica Georgette Vidor (PPS) - apoiada pela ex-presidente Patricia Amorim. A cantora e conselheira Sandra de Sá conta com o respaldo do grupo Conflaria, de Jorge Rodrigues e do ex-mandatário Márcio Braga.

Candidato à presidência do Flamengo pelo grupo União Rubro-Negra na última eleição, Cacau Cotta era mais um postulante ao cargo de vereador pelo PTdoB. No entanto, o conselheiro recuou nos últimos dias e está fora da disputa. O trabalho dele e da oposição já está nas urnas da Gávea em 2018.

A rivalidade interna é o retrato de um Flamengo dividido. Se no ano passado a sede social era utilizada para as campanhas dos candidatos à presidência do clube, o que se vê atualmente é um espaço estremecido pelas desavenças e com as eleições municipais de outubro movimentando os bastidores.